Foram longos dias difíceis de trabalho. Ou de viagens. A primeira fase da Copa do Brasil trouxe um verdadeiro desafio de logísitca para o Tigre: de Marília para Varginha, de Varginha para Cariacica. Ao todo, para enfrentar o Marília, o elenco e comissão técnica percorreram 960 quilômetros e sobrevoaram 1.185, em um total de 22 horas de viagem para chegar até o hotel em Vitória, separada por uma ponte de Cariacica.
Esse trabalho de conseguir hotel - primeiro em Varginha e depois em Cariacica -, comprar e trocar passagens, e cuidar de alimentação e deslocamento de atletas é feito pelo supervisor de futebol do clube, Tiago Neoti. Acostumado a um trabalho nas sombras, longe dos holofotes, essa maratona do Tigre, organizada por ele, rendeu elogios públicos do técnico Hemerson Maria.
"O Tiago fez um excelente trabalho, até parabenizei-o porque está sendo um jogador diferencial da nossa equipe nessa viagem. Muita alternância, a cada momento de local e horário de jogo. Hotel, transporte de ônibus e avião, o Tiago deu um banho", disse o técnico Hemerson Maria.
As dificuldades começaram antes mesmo de sair de Criciúma. Menos de uma semana antes do confronto, marcado inicialmente para a quarta-feira, 17, às 16h no estádio Bento de Abreu, em Marília, Oeste Paulista, o clube recebeu a notícia de que o futebol seria suspenso em São Paulo.
Assim, na sexta-feira da semana passada, a partida foi realocada pela CBF para Varginha, no Sul de Minas Gerais. "A gente teve que redesenhar a logística", conta Neoti. Para Marília, o Tigre pegaria um vôo a Londrina e faria o restante do trajeto, cerca de 300 quilômetros, de ônibus.
Para Varginha, o grupo de jogadores foi didivido em dois: 20 atletas e três integrantes da comissão técnica saíram na segunda-feira desta semana para Navegantes. Lá, pegaram um avião até Congonhas, em São Paulo; o restante da delegação, oito membros de comissão, foi até Jaguaruna e encontrou com o primeiro grupo em São Paulo.
Da capital paulista um trajeto de quatro horas de ônibus para Varginha, Sul de Minas, com chegada no começo da madrugada de terça-feira. Na tarde de terça, o grupo fez um treino em Elói Mendes, cidade próxima, quando recebeu a notícia de que os jogos seriam suspensos também em Minas Gerais.
"Essa foi uma das (viagens) mais difíceis, porque teve mudança de jogo, conseguir voo e hotel", aponta o supervisor. "(Foi semelhante) Na primeira liga em 2017 a gente tinha três cidades como possível destino, Brasília, Juiz de Fora e Rio de Janeiro, a dois dias do jogo a gente não sabia para onde ia. Essa (pela Copa do Brasil) foi difícil porque estava com a logística pronta, de Marília para Varginha e depois para Vitória. Certeza que foi uma das mais difíceis que já tive que fazer", relata Neoti.
Tiago Neoti é funcionário do Criciúma desde 2011. Em 2014 começou a fazer a logística para a equipe profissional do Tigre, função que exerce sozinho desde 2015. Nesta maratona pela Copa do Brasil, o desafio é fazer com que os jogadores sintam o mínimo possível as duas viagens, com trajetos de ônibus e avião.
"A gente procura a melhor opção de vôo, o melhor ônibus disponível no mercado e o melhor hotel, para ele sentir o menos possível e não afetar o rendimento em campo. No vôo a gente sempre seleciona um tempo menor de deslocamento, chegada mais rápida na cidade, chegar dois ou três dias antes da partida para estar adaptado à cidade e descansado. Hotel sempre procuramos a melhor alimentação e quarto", detalha Neoti.
De Varginha, novo trajeto de quatro horas de ônibus para Campinas, às 10h de quarta-feira. No Viracopos, finalmente o percurso final, até o aeroporto de Vitória. O Tigre chegou ao hotel por volta das 20h de quarta, em um total de 22 horas de deslocamentos. Aos elogios de Hemerson Maria, Tiago Neoti não esconde a satisfação.
"É muito gratificante receber o elogio desse excelente profissional, com a bagagem e prestígio que tem no mercado. Mostra que estamos no caminho certo, pelo melhor do Criciúma", diz o supervisor.
Marília foi de ônibus
Em situação financeira complicada, o Marília fez o trajeto de Varginha a Cariacica de ônibus. A CBF oferece aos clubes passagens de avião para apenas 23 jogadores. Assim como o Tigre, o Mac tem 31 membros na delegação. Todos percorreram 785 quilômetros de ônibus, em quase 14 horas de viagem, chegando ao município Capixaba ao meio-dia da quarta-feira.
Segundo Tiago Neoti, supervisor do Tigre, um clube profissional não consegue fazer uma viagem com apenas 23 pessoas. "É inviável viajar com 23 pessoas no futebol profissional. A gente compra o excedente e tem a limitação de só uma companhia", explicou o supervisor.
O Tigre arcou com o excedente, o Mac não. Outra limitação imposta pela CBF, além da alimentação e hospedagem também para apenas 23 pessoas, é a parceria com uma companhia aérea, a "oficial do Brasileirão". "Como temos um acesso bom com a CBF e a agência, conseguimos às vezes uma exceção (de companhia aérea). Nesse caso conseguimos", conclui Neoti.