Levantamento divulgado pelo IBGE neste mês indica a importância do maracujá no extremo sul catarinense. Dois municípios da Amesc aparecem como os maiores produtores da fruta e a qualidade do maracujá catarinense é considerada a melhor do país.
Por esses e outros motivos, muitos produtores da região encontram no maracujá a forma de subsistência. "O estado ocupa hoje a posição de terceiro maior produtor do país e a fruta é considerada a melhor", explica Reginaldo Ghenette, engenheiro agrônomo da Epagri. São pelo menos 1,7 mil hectares de plantação de maracujá na região, ocupados por 850 famílias, o que gera uma receita de 50 milhões de reais.
O maracujá começou a ser produzido no extremo sul em Jacinto Machado na década de 90, mas foi em São João do Sul e Sombrio que ganhou maior destaque. Os municípios são o quinto e o oitavo maiores produtores do país. "É uma cultura que exige muita mão de obra. Cada família tem em média de 2 a 3 hectares. Para atingir alta produtividade, a polimização em cada flor é feita manualmente, o que garante mais frutos por planta e a exepcional qualidade da fruta catarinense", destaca Reginaldo.
Epagri se destaca
Através de pesquisas para melhorar a produtividade, a Epagri desponta como uma importante aliada dos produtores regionais. "Tem uma muda grande, feita em estufa, que tá revolucionando a plantação de maracujá. A gente consegue atingir algo que não era sempre que conseguia, que é colher em dezembro. A gente enfrenta problemas por não conhecer técnicas, não ter assistência. Agora a Epagri nos últimos anos vem desenvolvendo um trabalho muito bom, de seleção de muda, de plantas, genética melhor que produz mais e em melhor qualidade", elogia o produtor e revendedor de maracujá, Marcelo Bendo.
A parceria entre órgãos privados, Epagri, Cidasc, prefeitura, produtores e atacadistas é apontada por Marcelo como o fator que desencadeou o sucesso do maracujá na região. Reginaldo salienta que a produção da fruta é a terceira cultura mais importante da Amesc, atrás apenas do arroz irrigado e do fumo.
Ainda assim, muitas famílias largaram o fumo para entrar no maracujá.
A troca de cultura
Foi o caminho trilhado por Marcelo. A cultura do maracujá começou com seu pai na década de 90, quando o maracujá chegou a Sombrio, onde a família tem os 9 hectares que produzem aproximadamente 280 toneladas da fruta por ano.
"Meu pai foi o primeiro produtor de Sombrio. Faz 25 anos que a gente tá na região com o maracujá, temos uma história, uma trajetória, sem nunca parar, nunca sair. Passamos por tempestade, furacão, granizo, vento, preço baixo e preço bom. Já pegamos de tudo", relembra Marcelo
Antes do maracujá, a propriedade da família era voltada ao fumo, mas por dar muito trabalho, houve a troca. O que não gerou nenhum arrependimento.
Plantações abençoadas?
A principal fonte de renda da família Bendo traz alegria a Marcelo. "O maracujá eu posso dizer que foi abençoado. Ele mudou a vida de muitas famílias na vida rural; é a principal fonte de renda de muitos produtores, se adaptou muito bem à região", decreta Marcelo.
Em São João do Sul foram colhidas 17,5 mil toneladas de maracujá, enquanto em Sombrio são 12,7 mil toneladas no ano passado. Os maracujás da região são vendidos especialmente para o sudeste do país, com destaque para São Paulo e Minas Gerais.