O clima esquentou no último debate de rádio em Santa Catarina envolvendo os candidatos ao Governo do Estado. Durante pouco mais de uma hora, Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD) debateram no estúdio da Rádio Som Maior. Houve momentos propositivos mas o que chamou a atenção foi a elevação do tom, com os dois candidatos indo ao ataque. Ouça abaixo a análise do jornalista Adelor Lessa, mediador do debate.
Moisés começou lembrando dos apoios que tem recebido em Criciúma, mencionando "até o prefeito" sem no entanto citar o nome de Clésio Salvaro (PSDB). Logo na primeira resposta, Merisio afirmo que sua candidatura não era um improvisor, batendo numa tecla na qual persistiu ao longo do debate.
Houve duas perguntas da produção. A primeira se embasou nos resultados do Fórum Criciúma do Amanhã, da Som Maior e Unesc, colocando aos candidatos desafios sobre o desenvolvimento regional. Merisio começou elencando o necessário apoio à indústria carbonífera enquanto vocação regional. Moisés foi na mesma linha, enaltecendo o quanto o segmento gera empregos no Sul.
A Lei de Responsabilidade Fiscal foi destacada na segunda pergunda da produção, citando levantamento do jornal Folha de São Paulo que aponta Santa Catarina rumo aos 80% de comprometimento por gastos com pessoal. "Quanto mais o Estado arrecada, mais se afasta do limite prudencial", defendeu Moisés. Ele citou ainda enxugamento da máquina pública. "Fui o primeiro candidato a citar extinção das ADRs". Em resposta, Merisio disse que "o grande problema da folha são inativos", e ele aproveitou para bater no adversário, recordando que o candidato do PSL é aposentado estadual com vencimento de R$ 26 mil.
No segundo bloco, a sabatina dos jornalistas de Som Maior e A Tribuna. Indagado sobre Educação, Merisio anunciou Lucia Dallagnelo como sua secretária e prometeu "equipe qualificada e especialistas planejando". Quer oferecer mais autonomia a diretores de escolas e tecnologia em sala de aula. Em seguida, Comandante Moisés foi indagado sobre investimentos na Saúde no Sul de Santa Catarina. O candidato do PSL citou a despolitização da gestão e "com alinhamento com o presidente Bolsonaro, rever a tabela SUS". Mencionou o Saúde 2030 como o seu plano.
Comandante Moisés respondeu pergunta sobre necessidade ou não de implantar pedágios nas estradas estaduais. Disse que "o Estado tem total condição de fazer manutenção de rodovias", e citou que com R$ 200 milhões o governo consegue fazer boa manutenção preventiva, e que terá esses recursos com os cortes de gastos que promoverá. "O oeste está abandonado. A velha política não serve mais. A novidade é trabalhar com propostas novas", disse, aproveitando para atacar o adversário, que é do oeste.
Gelson Merisio respondeu pergunta sobre repasse de recursos ao Judiciário e outros, se é possível rever. "Em 2015 eu apresentei projeto para congelar", recordou. Lembrou que é possível, já que enquanto presidente da Alesc devolveu mais de R$ 300 milhões ao caixa geral. "Se nela sobrou há folga nos demais poderes o que equalizaria com orçamento responsável e com competência e diálogo".
No terceiro bloco, Merisio iniciou voltando ao tema de investimentos em rodovias e provocando Comandante Moisés, lembrando que ele teria demonstrado posturas divergentes sobre o tema em debates anteriores. "Temos que ter clareza. Qual a sua previsão de hoje? Pois muda a cada debate", criticou. Moisés respondeu que não vê necessidade na concessão. "Existem outras formas de concessão que não oneram o cidadão". Merisio respondeu atacando, dizendo que Moisés não tem projeto a respeito pois é um "improviso". "Muda de posição e mostra de quem não tem convicção, enrolação sem resposta nem consistência". Na tréplica, Moisés disse que "enrolação é com o senhor que poderia ter enxugado máquina e não fez. O eleitor está cansado".
Em seguida, Moisés indagou Merisio sobre governabilidade, perguntando como ele fará para tocar a gestão com 15 partidos aliados. Na resposta, Merisio elevou o tom, afirmando que já está apresentando um secretariado técnico. "Eu não sou da velha política, ela está com o senhor, Jorge Bornhausen, Eduardo Moreira, Julio Garcia, qual a reação do Bolsonaro com apoio do Temer, Jucá, Moreira Franco? Você com apoio de todo mundo de graça? O PMDB não apoia de graça, vem esperando participação no governo. Eu anunciei extinção dos cargos. E você?", Na réplica, Moisés afirmou que tem "aliança com o eleitor". Merisio na tréplica citou o presidenciável Jair Bolsonaro. "Parece que ser político é crime. Não é não", bateu.
Na pergunta seguinte, Moisés citou a extinção das ADRs e indagou Merisio sobre a falta de ações para corte na máquina pública. O candidato do PSD lembrou que o ex-governador Raimundo Colombo tinha aliança com o MDB que não permitia corte de cargos. Ele citou relações de Moisés com o MDB, e Moisés respondeu que Merisio votou contra cortes em ADRs durante o governo Colombo. O pessedista terminou batendo que o adversário não conhece gestão o suficiente para saber que deputado não corta cargos.
Merisio perguntou sobre Educação, provocando na pergunta. "Educação não se faz com improviso. De que forma está estruturando um planejamento mínimo de um governo de improviso?". Em resposta, Moisés disse que as respostas para a Educação estão na própria Educação, ouvindo os técnicos. Elencou ainda a necessidade de fomento ao ensino em tempo integral. Merisio criticou o plano de governo do PSL para o setor. Moisés respondeu dizendo que "há muito mais gente estudando SC que o senhor, e traz resultados mais isentos e técnicos".
No bloco seguinte, Merisio começou pergutando sobre o apoio do MDB a Moisés. O candidato do PSL respondeu que isso "parece fake news" e que não existe qualquer compromisso com o MDB ou outros partidos. Merisio insistiu na falta de experiência e do adversário e nas relações dele com lideranças do MDB como os deputados Ronaldo Benedet e Ada de Luca. Moisés retrucou. "O senhor é mal informado e faz falsas acusações".
Moisés perguntou sobre combate à corrupção. Merisio defendeu correção rápida quando há flagrantes. Moisés retrucou afirmando que o candidato do PSD, na Alesc, chancelou gastos de mais de R$ 40 milhões em diárias. "Fiz muito, promovi mudanças, por isso fui eleito presidente da Alesc três vezes por unanimidade, fui o deputado estadual mais votado duas vezes", respondeu Merisio.
Na sequência, Moises indagou sobre agricultura, Merisio mencionou a força da sua região, o oeste, e também do sul, lembrando a necessidade de melhorar rodovias para beneficiar o setor e qualificar a capacidade de armazenagem. Ele prometeu, ainda, ouvir os agricultores e fomentar o cooperativismo. Moisés rebateu citando que "o oeste está abandonado", provocando o candidato do PSD sobre a sua região. "Você deve ter ido ao oeste de GPS", cutucou Merisio.
Ao perguntar sobre Educação, Merisio citou recente declaração de deputada estadual eleita pelo PSL. "Ela disse que professor só pensa em dinheiro". Em resposta, Moisés disse desconhecer a declaração e que em seu governo "deputado será deputado", diferentemente do que faz a velha política representada por Merisio. Em resposta, o candidato do PSD elencou os seus secretários já nomeados enfatizando não haver políticos em seu primeiro escalão. "Com relação à citação ela disse que o professor só pensa em dinheiro, e isso deveria ser desmentido por quem quer valorizar o professor", insistiu. Moisés retrucou que Merisio "é um grande seguidor" e justificou ser praticante de pesca esportiva, fato citado mais cedo pelo concorrente.
Relembre momentos do debate no Minuto a Minuto. Ouça o debate na íntegra no podcast abaixo.
Confira a repercussão completa nesta quarta-feira no Jornal A Tribuna.