Em algumas sessões da Câmara no ano passado, o vereador Zairo Casagrande (PDT) apontou ressalvas sobre os valores investidos na revitalização do sistema de iluminação pública em Criciúma. Esse é o epicentro da investigação da Operação Blackout, desfechada pelo Ministério Público (MPSC) e com diligências realizadas pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta quinta-feira, 2, na prefeitura e em outros cinco locais. Foram apreendidos celulares de sete integrantes do governo municipal, computador de um secretário e documentos. A promotora Caroline Eller, responsável pelas investigações, vai se pronunciar à tarde por meio de nota.
"Busquei o MP questionando a última licitação, na qual gastaram R$ 7 milhões para comprar 4,8 mil lâmpadas. É o dobro do que se cobra no mercado", dizia Zairo ao portal 4oito em julho de 2019. "Com esses valores, custaria R$ 1,4 mil cada lâmpada. Houve outro contrato em que cada lâmpada custava mais de R$ 1,6 mil. Com tudo o que estão gastando com iluminação pública, daria para iluminar todas as cidades de Criciúma a Passo de Torres", referiu nesta quinta, ao tomar conhecimento da operação do Gaeco e MPSC.
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"Está super mega faturado", diz vereador
Quando da abordagem do tema em julho passado, há quase um ano, Zairo lembrava que um kit com braço, fotocélula e lâmpada de 50w custam R$ 600 ou, no máximo, R$ 700, caso sejam usadas lâmpadas de 100w. "Está super mega faturado", afirmava. Na ocasião, a secretária municipal de Infraestrutura, Planejamento e Mobilidade Urbana, Kátia Smielevski, explicava que o valor total do contrato foi de R$ 7,3 milhões para a troca de 4,3 mil pontos de iluminação. "Cada unidade tem um custo variável entre R$ 995 e R$ 2,4 mil. O valor citado pelo vereador é apenas de lâmpadas. Mas também há o custo de instalação, braço da iluminação, cabos, conexões, ferramentas e placas de identificação", citava.
O vereador conta que esteve observando parte das trocas de lâmpadas que a prefeitura, mediante o novo contrato, já executou pela cidade. "Comecei a observar, eles trocavam a lâmpada e dois fios que vem do poste. No Comerciário, pelo menos, onde eu vi, foi só isso. A estrutura não se mexe, é a mesma. Guarda-se a lâmpada velha, de vapor de sódio ou de mercúrio, produto de qualidade, 99% dessas lâmpadas retiradas estavam funcionando, daí guardam o reator, a lâmpada, tiram coisas boas, com R$ 600 dá para fazer isso, com materiais aqui da região e sem a necessidade de equipe terceirizada, usando a mão de obra da Cosip", refere Casagrande. "E não há uma calamidade pública que faça requerer a necessidade de fazer tão rápido o serviço. Pode ser feito gradualmente, conforme a demanda e a agenda da Cosip", completa.
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Prefeitura enumerou vantagens
A prefeitura destaca, nos últimos meses, os investimentos feitos. Nos últimos meses do ano passado, nos primeiros 670 pontos de iluminação pública com as novas lâmpadas de LED instaladas, a redução na conta da Cosip teria alcançando 14%. “Esse percentual vai aumentar nos próximos meses. A iluminação com luminárias de LED tem uma garantia de 10 anos e o consumo é menor do que o gerado por lâmpadas tradicionais. É um investimento significativo que tem uma durabilidade maior”, destacava, em matéria de novembro de 2019 no 4oito, o prefeito Clésio Salvaro.
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A estimativa do município é alcançar uma economia de 40% com o novo sistema de iluminação. Serão contempladas mais de 200 ruas, totalizando 94 quilômetros. “Utilizamos 12 tipos de luminárias específicas para diversas vias, considerando a pavimentação e a largura. O custo da substituição varia, já que analisamos se é necessário trocar a parte elétrica e fazer outros serviços. O valor também inclui o transporte e a remoção das lâmpadas antigas”, explicava, também em novembro passado, a secretária Kátia.