O número reduzido de habitantes dos municípios, em relação ao cadastro da população atendida pelos postos de saúde, preocupa a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec). O prefeito de Forquilhinha e presidente da associação, José Cláudio Gonçalves, disse que a falta de mão de obra e planejamento financeiro por parte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para realizar o Censo 2022 afetou as cidades.
“Foi a falta de recenseador em todo o Brasil, por emprego temporário de apenas três a seis meses e faixa salarial abaixo do mercado. Com vagas existentes na Região Carbonífera, as pessoas preferem um emprego permanente do que o temporário”, explica o presidente da Amrec.
Segundo Gilmar da Silva Coelho, coordenador da área do Censo em Criciúma, de 450 vagas para toda região da Amrec, apenas 200 foram efetuadas. O corte no orçamento do IBGE de mais de R$ 1 bilhão também está afetando a aplicação do Censo 2022.
“Em 100% dos domicílios não vai ser feito. É um ano atípico e os cortes estão impactando a operação, esperamos que nos domicílios ocupados, possamos entrevistar cerca de 95%”, relata o coordenador.
Coelho também comenta sobre os primeiros números divulgados pelo instituto. “O número que saiu foi uma prévia porque o Censo ainda não acabou. O IBGE é obrigado a emitir todo ano com o TCU. Estamos verificando com os recenseadores, esse número pode mudar se encontrar alguma falha, mas nada muito grande”, disse.
A média de pessoas recusando o recenseador aumentou de 1% para 2%. Em 1,8% dos domicílios, o morador não respondeu pela internet com o e-ticket. Quem ainda não fez o cadastro do Censo 2022, pode ligar de forma gratuita para o Disque Censo 137 das 8h até 21h30, todos os dias.
Lembrando que nesta segunda-feira (9) houve uma reunião entre prefeitos da Amrec e servidores do IBGE para discutir os primeiros resultados de 2022. De acordo com o presidente da associação, a falta de comunicação por parte do IBGE com a população para esclarecer a importância do recenseador afetou a metodologia.
“Faltou política de informação, o IBGE deveria ter investido em mão de obra. Em ano eleitoral, deveriam explicar a importância do recenseador. Agora, os municípios estão sofrendo com isso”, disse Gonçalves.
As consequências dos números reduzidos
Uma das preocupações do presidente é com o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é calculado pelos dados populacionais de 2022. Já foi publicada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a Decisão Normativa 201/2022 que estipula FPM para 2023.
“Houve decréscimo de 10% em relação a 2022, município que recebeu R$ 1 milhão em 2022 está recebendo R$ 900 mil. Forquilhinha aumentou 12,5% estamos recebendo um pouco a mais, tem município que está perdendo, não é Criciúma, R$ 200 mil”, explicou o presidente.
Forquilhinha não foi tão afetada apesar de o número de habitantes ser menor do que o que estava registrado por agentes de saúde. Mas, segundo o presidente, quem perde é a região. “Perde recurso, perde poder político, saímos mais prejudicados que outras regiões de Santa Catarina. Esse problema é em todo o Brasil. A partir de amanhã vai ver a ‘choraçada’ da ‘prefeitada’ pelo Brasil afora”, ressalta Gonçalves.