Quando se fala nos jogos mais importantes da história do Criciúma, sempre vêm às mentes da torcida as finais, os jogos de acesso e a jornada na Libertadores. Mas, tão importantes quanto os dias de glória, são os de luta. Em 2009, uma heroica vitória fora de casa por 1 a 0 sobre o Marcílio Dias se tornaria um ponto da virada na história do Tigre como instituição.
Um pouco de contexto: naquele ano, o Tigre voltava à Série C com a aspiração de subir. Pressionado financeiramente, o clube precisava do acesso. Um rebaixamento para a então recém-criada Série D seria um desastre capaz de inviabilizar qualquer futuro para o Criciúma.
A realidade que se impôs na competição foi bem diferente daquela prevista por quem imaginava um acesso à Série B como o de 2006. Um empate em 1 a 1 na estreia contra o Marília resultou no único ponto obtido pelo Criciúma no turno da fase de grupos. Nos jogos seguintes, o time comandado por Roberto Fernandes perdeu duas seguidas no Rio Grande do Sul, contra Caxias e Brasil de Pelotas.
No turno, derrota por 4 a 1
Na quarta rodada, no Heriberto Hülse, o Criciúma perdeu de virada para o Marcílio Dias por 4 a 1, amargando a lanterna. A situação era tão sombria que o autor do gol do Tigre, Cléverson, simplesmente sumiu e não deu mais notícias ao clube. Ele retornou dias depois para assinar a rescisão.
O técnico Roberto Fernandes também não resistiu e foi demitido. Itamar Schulle foi contratado para o returno. O último colocado de cada grupo seria rebaixado à Série D. Até aquele momento, era o Criciúma quem estava na lanterna, com poucas perspectivas de reverter a situação.
Com o calendário invertido no returno, o Tigre voltava a campo novamente contra o Marcílio Dias, dessa vez no Gigantão das Avenidas, em Itajaí. Era preciso vencer para passar o Marinheiro na tabela.
Pedro Paulo e Glaydson foram heróis
O jogo foi duro e os donos da casa pressionaram. O Criciúma raramente se aventurava ofensivamente. O goleiro Pedro Paulo, cria da base, foi um dos heróis. Houve quatro expulsões na partida. Pelo Tigre, o volante Luis André e o centroavante Zulu foram para o chuveiro mais cedo.
Aos 41 do segundo tempo, porém, a história mudou. O volante Glaydson, um dos poucos destaques positivos do Criciúma na competição, recebeu a bola no campo de ataque diante de uma defesa aberta, avançou em direção à área e finalizou na saída do goleiro Márcio Kessler para fazer o 1 a 0 que tirava o Criciúma da lanterna. Ainda que esquecido - tente encontrar um vídeo desse lance na internet - foi um dos gols mais decisivos da história do clube. O moral aumentou para a sequência da competição.
No jogo seguinte, novamente Glaydson foi decisivo ao fazer um belo gol de falta aos 45 do segundo tempo, decretando a segunda vitória do Tigre na competição. Por 3 a 2, o Criciúma vencia o Brasil de Pelotas e praticamente eliminava as chances de rebaixamento. Na véspera, o Marcílio Dias perdia por 3 a 2 para o Marília e ficava quatro pontos atrás do Criciúma.
A vice-lanterna no grupo D foi comemorada como um título. Não fossem as escassas vitórias nos dias de luta, talvez os de glória nunca chegassem.