Um fato inusitado aconteceu ontem, no Bairro São Luiz, em Criciúma: um Pinguim-de-Magalhães foi abandonado nas proximidades de uma clínica veterinária (veja o vídeo), a quase 30 quilômetros da praia mais próxima. De acordo com o médico Renan Della Vedova, que atende no Hospital Veterinário Criciúma, vizinho ao local do abandono, dois populares trouxeram o animal, ainda cedo, para perto do estabelecimento. “Trouxeram na mão, lá do Bairro Renascer, ainda nas primeiras horas da manhã”, colocou.
A Polícia Militar foi acionada para os procedimentos técnicos necessários em casos similares. “Quando animais são encontrados nessas condições, devem passar por uma reabilitação, para ver se podem voltar ao meio ambiente”, explicou o cabo da Polícia Ambiental de Maracajá Cristiano Teixeira.
O animal não aparenta problemas de saúde. “Provavelmente parou para descansar em algum ponto do litoral Sul”, comentou o veterinário. Casos como esse são comuns na região. “Uma vez atendemos uma ocorrência na qual uma senhora colocou um pinguim dentro de uma geladeira até chegarmos”, relembrou Renan.
Os cuidados necessários
A orientação é para que não haja interferências humanas na rotina do animal. “Está errado, o ser humano não deve interferir, de forma alguma, na vida dos animais que aparecem na praia. Se forem morrer, vão até a praia para isso, se estiverem cansados, vão para renovar as energias e voltar ao mar”, alertou o cabo Teixeira, que reitera a necessidade de que a população entenda que tudo faz parte do ciclo da natureza. “Se morre na praia, de morte natural, servirá de alimento para outros animais, é natural”, complementou.
No caso do pinguim do Bairro São Luiz, o animal provavelmente será encaminhado diretamente ao mar, se não apresentar problemas graves de saúde. “O processo todo já está errado. Quem o trouxe até Criciúma, já comete um crime ambiental, sem contar todo o estresse do animal nessa situação”, acrescentou o PM.
Mais sobre os Pinguins-de-Magalhães
Os Pinguins-de-Magalhães seguem na reta final de seu processo de migração, das zonas costeiras do Chile, Argentina e Ilhas Malvinas, até o litoral brasileiro. Agora, retornam ao seu habitat natural, de onde saíram, em julho, para procurar comida. Em especial, o peixe Anchoíta. Entretanto, durante o processo migratório, alguns animais podem se afastar do grupo e das correntes marítimas e aparecer na praia, seja por falta de experiência migratória ou ainda cansaço.
O único ponto de reabilitação de Santa Catarina, para casos de aparições do animal como esta de ontem, fica em Florianópolis. “Então, ele será encaminhado para uma triagem, ver se está tudo certo, se deve ir pra reabilitação ou encaminhamos para o mar”, avaliou o veterinário que atendeu o pinguim em Criciúma.
Na semana passada, houve outra ocorrência na região, envolvendo um pinguim localizado na quinta-feira na praia do Ypuã, em Laguna. O animal foi flagrado pela médica veterinária Natália Búrigo. “Ele estava bem, em bom estado. Apareceu sozinho e está aqui pela praia”, disse Natália, no dia. A Polícia Ambiental foi acionada, mas informou que esse tipo de caso era para protetores de animais providenciarem a condução adequada do animal para o mar.