Na primeira reunião de 2024, realizada no fim de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Taxa Selic para 11,25% ao ano, mantendo o ritmo de queda de 0,5 ponto percentual por reunião. Essa postura já era adotada desde agosto, quando a taxa básica de juros do Brasil estava em 13,75%, maior taxa dos últimos sete anos.
No Dica de Bolso, o jornalista Arthur Lessa explica como essa dinâmica influencia na economia "da vida real". A iniciativa é uma realização da Som Maior Comunicação em parceria entre o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
A primeira coisa que você pode estar se perguntando é:
O que a Taxa Selic tem a ver com a minha vida, com o meu dinheiro, com minhas contas?
Tem tudo a ver!
O Selic, que é o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, é por onde são negociados os títulos públicos federais e, por isso, são a base das instituições financeiras para a definição das taxas de juros que oferecerão aos clientes. A relação é simples e segue o parâmetro de risco/retorno:
Exagerando um pouco, é como estar entre duas opções: emprestar o dinheiro para uma empresa e correr o risco de ela não ter dinheiro para pagar ou emprestar para o Governo que, se não tiver dinheiro, imprime e paga.
Para um banco, financeira ou investidor aceitar abrir mão daquele dinheiro e da segurança que o Tesouro Selic oferece, o rendimento das outras alternativas tem que ser maior a ponto de compensar o risco adicional.
Sendo assim, a Selic caindo reduz o rendimento do dinheiro parado. Com isso, reduz também a exigência do banco, que passará a oferecer empréstimos com juros mais baixos. Em outras palavras, o dinheiro fica mais barato.
O que muda para as empresas
Com o dinheiro mais barato na praça, as empresas que têm dívidas conseguem reduzir as despesas financeiras, o que diminui o custo de produção ou prestação de serviços. Como consequência, possibilita a redução do preço final ao consumidor.
Ainda sobre dívidas, outro efeito bastante sensível nos tempos atuais são as parcelas de operações patrocinadas pelo Governo, como o Pronampe, que tem os juros calculados por taxas baixas somadas à variação da Selic.
Se, no fim de 2020, com a Selic a 2%, esses juros giravam em torno de 8% ao ano, há um ano, com a Selic a 13,75%, as parcelas aumentavam em um ano praticamente 20%.
Outro ponto muito importante: será visível, no decorrer do ano, a retomada de investimentos. Voltando à lógica apresentada antes, com os juros altos, era mais atraente deixar o dinheiro parado do que investir.
Simplificando em números, imagine que você tenha R$ 200 mil reais no caixa para comprar insumos que vão render R$ 220 mil. São 10% de lucro. Num cenário de Selic a 12%, você ganha mais deixando o dinheiro parado numa aplicação. Num cenário de Selic a 5%, você se dará melhor comprando os insumos.
E, como a economia gira, mais investimentos geram mais demanda, que geram mais emprego, que gera mais consumo, que gera mais demanda,... e por aí vai.