O primeiro ouro olímpico da história do surfe acabou no pescoço de um brasileiro. Ítalo Ferreira fez as melhores manobras e subiu no lugar mais alto do pódio dos jogos de Tóquio. Além dele, o multi campeão, Gabriel Medina ficou na quarta posição.
O desempenho do Brasil na estreia do esporte em Jogos Olímpicos orgulha o país e anima aqueles que gostam de “pegar onda”. Aliás, o surfe é muito mais que “pegar onda”. Com litoral extenso, o Sul de Santa Catarina é um celeiro de surfistas que sonham alto, agora, ainda mais alto com a medalha que vem do outro lado do mundo. “As Olimpíadas superaram as expectativas. Foi legal ver o surfe entrar nos jogos e o Brasil estrear com o pé direito”, comenta o ex-presidente da Associação Sul Catarinense de Surfe (Ascas) e fundador da Salt Water, Rafael Aguiar.
Aguiar surfa desde 1998 e presencia a evolução do esporte desde então. "Vimos o esporte com mais praticantes. Surfo desde 1998 e a quantidade aumentou. Temos acesso ao surfe view, que é uma tecnologia para os surfistas, e vimos que não importa o dia da semana, por exemplo, a Praia do Rosa tem 40, 50 praticantes por dia. Isso falando somente de uma praia. Nas regiões onde o mar tem condições próprias para a prática, sempre têm atletas treinando, ou na hora de lazer. Quem se programa consegue se dedicar. Está só aumentando desde que o Gabriel Medina foi o primeiro campeão, em 2014 e agora com o Ítalo Ferreira, conquistando o ouro olímpico, acreditamos que isso vai melhorar ainda mais”, enfatiza.
O presidente da Ascas, Ricardo Martins, também acredita que as Olimpíadas ajudarão a difundir o esporte. “As olimpíadas ajudam a difundir o esporte e faz ter uma estrutura melhor para conseguir determinar quais os desafios que o surfista profissional vai ter e gerar um plano de carreira”, salienta.
Como exemplo de um surfe catarinense forte, Martins cita Teco Padaratz. “Ele é uma lenda e fez tudo com apoio da iniciativa privada, sem nada do público”, comenta.
Atuação e dedicação
A Ascas atua a partir de Laguna com direção ao Sul de Santa Catarina e após um 2020 atípico devido à pandemia, conseguiu autorização para realizar a última etapa do Circuito, válido pelo ranking da temporada do ano passado, que aconteceu no último fim de semana.
Com a intenção de promover novos talentos, o presidente da associação, Ricardo Martins, é criar uma escolinha. “A Ascas tem 42 anos, uma das mais antigas do estado e estava inoperante nos últimos anos, pegamos este e este é o primeiro circuito da primeira gestão, que foi um sucesso desde o início da etapa. Estamos resgatando o surfe de nossa região. A intenção é montar estrutura com escolinha e formar novos atletas para representar a nossa região em todo o estado”, diz.
Rafael Aguiar diz haver mais de sete milhões de praticantes de surfe no Brasil. No mundo são mais de 35 milhões. “O detalhe é que existe uma pergunta que é o que define se uma pessoa é surfista ou não. É só ter uma prancha? Ir quantas vezes vai para o mar? Saber uma manobra torna uma pessoa surfista? São perguntas que surgem à medida que o esporte vai evoluindo. Aprender a surfar, falando por mim, é uma coisa que vem de dentro. Comecei a ir para a praia, os mais velhos a darem dicas. Temos uma temporada de surfe na região que inicia no fim da primavera e vai até o outono. Para quem está começando, não vai comprar roupa de borracha, então o verão e o outono são as melhores épocas, pois não vai precisar investir muito, apenas uma prancha resolve, hoje a água e água do mar fica mais quente. No inverno já é mais difícil, por isso é complicado manter uma escolinha de surf na nossa região”, explica.