Um dos exemplares em destaque na 14ª Feira do Livro, que se encerra neste domingo, 20, em Criciúma, é o livro Diante das Mon tanhas, do escritor criciumense Joselito Pizzetti. É a primeira obra do autor, lançada no ano passado, depois de mais de dois anos de elaboração, entre construção de enredo, personagens, revisão e impressão.
O livro fala sobre uma pequena cidade no interior da Espanha, fundada por agricultores e com conceitos sociais bastante rígidos e conservadores, ditados por um grupo de pessoas influentes. Tudo muda quando chega um homem com novas ideias, que acaba se apaixonando por uma moradora insatisfeita e revoluciona os costumes locais.
Na avaliação do autor, o enredo tem a ver com as mudanças radicais pelas quais o mundo tem passado nos últimos anos. “Nos dias de hoje, tudo está em mutação e em desenvolvimento, eu acho que para melhor. Falando da minha obra, você tem um grupo de pessoas que queria a cidade ao gosto deles, o que impedia o crescimento e a felicidade das outras pessoas. O mundo está em uma evolução nunca vista antes, isso não pode ser contido: o que digo: nenhuma sociedade pode ficar à mercê de um grupo de pessoas”, explicou Joselito sobre a mensagem que pretendeu passar com o livro.
A literatura acompanha Joselito há muito tempo, mas é a primeira vez que ele arrisca o lançamento de um romance. No caminho, descobriu as dificuldades que um artista brasileiro pode passar. “Eu descobri quer o mais difícil é publicar um livro. O mercado editorial no Brasil está em revolução, a menos que seja um autor consagrado, que já tem uma edição que publique a obra, você tem que penar. Eu tive sorte e duas editoras de São Paulo quiseram editar o meu livro”, aponta Joselito. O livro foi publicado pela editora Scortecci.
Influências pessoais
Como é comum na literatura, o livro traz indiretamente influências da vida de Joselito. Um dos cenários, por exemplo, é chamado de Camping Centenário. Joselito explicou o que pode ter do Sul catarinense na obra.
"Sempre tem alguma coisa de Criciúma, quem escreve, escreve com as suas referências. Não foi nada intencional. A nossa história é de agricultores; conservadorismo, pode ter, em menor e maior grau, toda cidade tem. Alguns leitores se identificaram com o ambiente, especialmente nas cidades ao redor, pois a obra exalta muito a natureza, os leitores diziam ‘ah, você homenageou a minha cidade, porque lá tem uma cachoeira idêntica’, mas não foi nada intencional", destacou o autor. “Não poderíamos desenvolver um enredo se não naquilo que a gente viveu, pensou e acredita", concluiu.
Desvalorização da Arte
Um dos pontos apontados por Joselito é a dificuldade que o artista brasileiro sofre; o que não aconteceu com ele, pelo fato de ter outras atividades e a literatura ser desenvolvida nos tempos livres.
“A arte como um todo no nosso país sofre, ela não é valorizada. É difícil ser artista no Brasil, porque a arte ainda não é um valor para a sociedade brasileira. Só que ela é muito importante para a construção de uma sociedade, toda a forma de arte ensina muito. Qualquer sociedade desenvolvida tem um espaço para a arte muito grande", apontou.
O livro Diante das Montanahas está à venda na Feira do Livro na Master Duel, também na internet e na livraria Fátima.