O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, esteve nesta segunda-feira, 30, em Santa Catarina, a convite da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert). Ele participou do Momento Brasil, evento promovido pela entidade para fomentar a discussão dos temas mais relevantes para a sociedade brasileira. A palestra foi realizada na sede do Poder Judiciário catarinense, em Florianópolis.
Em sua manifestação, o ex-juiz, que se notabilizou pelo combate à corrupção, principalmente ao julgar processos da Operação Lava Jato, considerou que a tradição da impunidade foi mudada no país. "Temos que reconhecer que nós temos uma tradição da impunidade da grande corrupção. A Lava Jato com suas virtudes e eventuais erros mudou esse padrão da impunidade. As pessoas antes tidas como inimputáveis pelo poder político e econômico responderam por seus crimes perante às cortes de Justiça", afirmou.
Para o ministério que assumiu, Moro disse ter levado o compromisso de consolidar avanços contra a corrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. "Desde o início, com base nesses compromissos a ideia foi ter esse foco. Vamos trabalhar excessivamente nesses três problemas que atormentam o brasileiro. São inaceitáveis, ao menos no nível em que chegaram", observou.
O ministro Sérgio Moro destacou dados como a redução em 20% nos assassinatos neste ano, em comparação com 2018, as apreensões recordes de drogas, 67 toneladas de cocaína só pela Polícia Federal, a maior integração das forças policiais e o reforço do trabalho nas fronteiras para evitar a entrada de armas e drogas. Ele acredita que a aprovação do pacote anticrime pelo Congresso Nacional deve ser prioridade. "Encaminhamos ao Congresso no início do ano, o Congresso deu o foco na Previdência, de fato uma reforma fundamental. A meu ver é o momento de começarmos a discutir o pacote anticrime. O Governo Federal na quinta vai lançar a campanha publicitária do pacote, há muito o que fazer, mas não podemos ignorar a importância das mudanças legislativas. 60 mil homicídios por ano não é um número normal nem aceitável. A mensagem mais forte é a que pode vir do governo e do Parlamento com aprovação de leis rigorosas em relação a essa criminalidade", apontou.
Sérgio Moro sugeriu que a Acaert lidere a campanha regional ao pacote anticrime. "Fiquei com inveja do apoio da Acaert para a reforma da Previdência e rogo, se possível, que o nosso pacote anticrime possa gozar de igual apoio pela Acaert e pela comunidade empresarial", destacou.
Ética e cidadania, tolerância e respeito foram valores destacados pelo presidente da Acaert, Marcelo Petrelli, que advertiu que não se deve facilitar a vida de quem aposta na impunidade. "Tenho defendido ao longo dos anos em que estive à frente da Acaert que a imprensa não pode pecar pela omissão. Precisamos ter coragem para tomar posições, defender o que é certo e só assim contribuir para transformar o Brasil", disse.