Paratletas de todo o estado que estavam na região de Blumenau desde o início da semana para a disputa dos Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc) tiveram que retornar às suas cidades depois que a Fesporte cancelou as competições de atletismo e bocha paralímpica. O motivo foi a falta de árbitros para as competições.
A Fesporte informou que uma nova data será marcada para a modalidade e que está “em tratativas” para a manutenção dos calendários de competições. Braço do Governo do Estado no esporte, alega que a Fundação reclamou da Federação Catarinense de Atletismo (FCA) exigia antecipação dos pagamentos à arbitragem, o que seria ilegal, segundo a Fesporte.
A FCA, por outro lado, diz que a Fesporte não oferece remuneração e condições dignas aos árbitros, que precisam arcar com os custos de deslocamento e alimentação antes de receberem quaisquer valores. A maior parte dos árbitros da Federação não quis se submeter outra vez a essas condições.
Atletas com deficiência e familiares, que se planejaram há meses para a principal competição inclusiva de Santa Catarina, saíram frustrados com o desfecho e tiveram que retornar às suas cidades.
Em entrevista ao programa Adelor Lessa, o líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), deputado estadual Ivan Naatz (PL) fez duras críticas ao presidente da Fesporte, o coronel do Exército, Freibergue Nascimento.
“Eu fico muito preocupado quando colocam generais, coroneis para comandar ações públicas, porque muitas pessoas acham que estão dentro do quartel e podem fazer o que quiser e não estão adeptos a conversar”, disse Naatz.
Para o deputado estadual, os mandos militares não funcionam no serviço público. “[Serviço público] é baseado pela conversa, diálogo, tem servidores efetivos, comissionados, prestadores de serviço, contratos, tem que ter conhecimento disso”, complementou.
Segundo Naatz, a Fesporte tem sido um problema por ter sido usada de forma política e depois como forma de financiamento de campanha. “Tem muita gente lá dentro que ainda é daquele tempo, muito servidor remando contra, muita gente que se alimentou há muito tempo da Fesporte e hoje as torneiras foram fechadas”, criticou.
Escute a entrevista completa com Ivan Naatz:
O que diz a Fesporte?
Também no programa Adelor Lessa desta sexta-feira (31), o presidente da Fesporte, Freibergue Nascimento, disse que recebeu um documento do presidente da Federação Catarinense de Atletismo na última segunda-feira (27) dizendo que não havia reunido os árbitros necessários para a competição.
“Já tínhamos conversado amigavelmente e ele tinha entendido que apenas uma das reivindicações não poderia ser aceita de imediato porque há uma ilegalidade em aceitar. Então assim, eu fiquei meio surpreso e o que eu fiz? Busquei meios alternativos”, disse Nascimento.
As alternativas, segundo o presidente, foram chamar árbitros de outros estados. “Na terça-feira enviei dois ônibus para Porto Alegre trazer 30 árbitros para cá, Blumenau, e lideranças negativas da Federação ligaram persuadindo para que não viessem, inviabilizando a competição”, explicou o presidente da Fesporte.
Para Nascimento, o objetivo da Federação Catarinense de Atletismo foi boicotar o Parajasc. “Independente da aceitação das propostas feitas, ou seja, é um movimento para ter uma relevância no contexto estadual”, comentou. “Espero sinceramente que a Federação saia desse casulo e deixe de lado as questões ideológicas ou políticas e pensem no paratleta e nas famílias que estão envolvidas. Pelo que estou sentindo, eles não vão trabalhar enquanto a gente não ceder tudo”, completou.
Ouça a entrevista completa com o presidente da Fesporte: