Em parceria com a Epagri, a Penitenciária Feminina de Criciúma iniciou uma oficina de compostagem, criada pelas detentas em troca de remissão de pena. O objetivo da ação é promover ensinamentos, visando o cuidado com o meio ambiente, para que no futuro o composto possa ser utilizado nas hortas na unidade e, consequentemente, reforçada a importância da alimentação natural e saudável.
Conforme a diretora da Penitenciária Feminina de Criciúma, Vanessa Colares de Bittencourt, a parceria se deu em razão de uma demanda por sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente, e vai de encontro a política de incentivo à educação seguida pelo sistema penitenciário catarinense. “A ideia é que essas internas aprendam e, quando terminarem de cumprir suas penas, possam aplicar o que foi ensinado, servindo como propagadoras de conhecimento. Queremos transformar a unidade em um local ecossustentável, porque essa oficina de compostagem é apenas a primeira fase do projeto”, explica.
De forma geral, segundo a engenheira agrônoma da Epagri, Lidiane Camargo, que está implantando a ação na penitenciária, a compostagem é definida como um processo biológico em que os microrganismos transformam a matéria orgânica em um material semelhante ao solo, chamado de composto.
“O que difere a compostagem do processo natural de apodrecimento dos resíduos orgânicos é a técnica utilizada, que nada mais é do que dispor camadas de resíduos orgânicos verdes e frescos, intercaladas com materiais secos e acastanhados. Enquanto os primeiros são ricos em nitrogênio, elemento responsável pela constituição dos seres vivos, os outros fornecem energia, por meio do carbono. A intenção é usar toda sobra de alimentos, sementes e cascas da cozinha, juntamente com restos de grama e folhas do pátio, para formar estas camadas e o composto a ser utilizado nas hortas”, argumenta.
Etapas seguintes
Na sequência deverão ser criadas tais hortas para que, no espaço, possam ser plantados temperos e chás, além das verduras. “Nosso objetivo é mudar completamente a percepção de tudo, na tentativa de diminuir o uso de medicações convencionais pelas presas, os substituindo por algo mais natural. Vai refletir de várias formas, inclusive em uma alimentação mais saudável”, completa Vanessa.
Por fim, a última etapa visa a criação de um orquidário no entorno da penitenciária. “É um projeto sem fins lucrativos, para a unidade se autogerir e trabalhar os resíduos que ela mesma produz. Com isso, a detenta que trabalhar nessa oficina vai conseguir remir dias de sua respectiva pena”, finaliza a diretora.