Há alguns anos, os motoristas de aplicativos surgiram para facilitar a vida de pessoas que precisam se deslocar e para aqueles que desejavam melhorar a renda.
Porém, com o aumento do preço da gasolina, passar o dia ou a noite cruzando a cidade não tem sido muito vantajoso. Na semana passada, a Petrobras anunciou novo reajuste no preço da gasolina, o segundo em menos de um mês e pagar em torno de R$ 6,50 no litro, está tornando o trabalho difícil, aponta o presidente da associação de Motoristas de Aplicativo de Criciúma e Região (AMAPP), Luciano Silveira. “A situação está bastante complicada com o aumento do combustível. Os motoristas de aplicativos trabalham com ganhos e eu sempre falo para eles, com a experiência que tenho, que todos que querem trabalhar com isso tem que, ou compram um carro muito econômico ou passar para o GNV, porque, fora este aumento absurdo da gasolina, a gente, para ganhar alguma coisa teria que ser no gás”, diz.
Silveira afirma ainda que muitos motoristas estão desistindo dos aplicativos. “Com estas dificuldades ocasionadas pelo aumento da gasolina, tivemos muitos motoristas que desistiram da plataforma. Foram muitos. Em Criciúma, calculamos que haja 2 mil, 2,5 mil motoristas trabalhando, mas com a elevação do preço do combustível, tem uma avalanche de motoristas desistindo, porque eles não conseguem se manter atuando”, conta.
Para dar exemplo, o presidente da AMAPP utiliza o Uber que, como ele chama, é a mãe de todos os aplicativos desta atividade. “O mínimo de uma corrida do Uber, por exemplo, é R$ 4,50. Mas para você ganhar este valor, tem que se deslocar até o passageiro e rodar no mínimo três quilômetros com o passageiro. Vamos supor que o deslocamento é de mais três quilômetros. Seria em média de seis a sete quilômetros. O carro que não for econômico, vai gastar dez quilômetros por litro de gasolina, então fica inviável. Praticamente você está consumindo quase um litro de gasolina para ganhar R$ 4,50, então não tem mais lucro”, relata.
Ele apresenta mais números para demonstrar a situação. “Hoje, trabalhando na gasolina, é 70% para posto, 30% para os motoristas, fora a taxa do aplicativo. É isso que os motoristas ganham rodando com gasolina, atualmente. Antes, quando a gasolina custava em torno de R$ 4, era meio a meio. No GNV se ganha R$ 200 limpo, vai gastar R$ 60 no posto. Muda bastante”, cita.
Conselhos
Luciano Silveira ainda dá conselhos para quem quer ser motorista de aplicativo. “Se você for tirar R$ 2 mil, R$ 1,5 mil, será que compensa? Não seria melhor ir em busca de um trabalho fichado, com todos os seus direitos? Pelo menos neste trabalho, você tem horário para cumprir, 13º salário, férias. No aplicativo não tem isso. Aconselho quem quer ser motorista de aplicativo a comprar um carro sedan, 1.4, 1.6, 1.8 e colocar no GNV para que tenha retorno”, fala.
Preocupação
Muitas são as situações que chegam a Silveira que, como responsável pela associação, busca solucionar e contribuir com os colegas. “A gente fica preocupado, porque como presidente da associação, chega muita dificuldade até a gente. Motoristas com problemas, necessidades, mal informados, com todo o tipo de problema. Estamos à disposição para ajudar a todos no que está ao nosso alcance. Mas neste caso agora, do aumento da gasolina, não é mais viável um motorista aderir ao aplicativo com carro a gasolina”, ressalta Silveira, acrescentando que a AMAPP possui em torno de 90 associados hoje. “A taxa de inscrição e a mensalidade são de R$ 35. É um ponto de apoio para os motoristas, temos estacionamento, lavação, cozinha, sala de estar, banheiros e parcerias para descontos e aliviar um pouco a carga dos motoristas. Quem tiver interesse em se associar pode entrar em contato pelo (48) 99834-8136”, finaliza.