Notícia atualizada às 11h50
O prefeito de Urussanga, Gustavo Cancellier (PP), os vereadores Thiago Mutini (PP) e Elson Roberto Ramos (o Beto Cabeludo, Republicanos) e um ex-servidor comissionado foram presos preventivamente na manhã desta terça-feira (16) em uma operação da Polícia Civil, por meio da 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (2ª DECOR/DEIC).
A investigação é um desdobramento da operação "Terra Nostra", deflagrada em março, que apura um possível superfaturamento na compra de terrenos por parte da Prefeitura. A perícia realizada pela Polícia Científica confirmou essa suspeita. A partir disso, a Polícia Civil passou a investigar os crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, o uso indevido da renda pública e contratação direta fora do que a lei permite.
Nesta terça, além dos quatro mandados de prisão preventiva, foram cumpridos nove de busca e apreensão, sequestro de valores e afastamento de servidores da função pública. Os valores envolvidos e os nomes dos servidores não foram divulgados.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por meio da desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer.
De acordo com a Polícia Civil, as penas dos crimes investigados, se somadas, podem chegar a 33 anos de reclusão.
Contexto político
Thiago Mutini é vereador da base de apoio e foi chefe de gabinete de Cancellier. Beto Cabeludo era oposicionista até o início de 2023 e, desde então, também passou a apoiar o prefeito no Legislativo. Ele deixou o MDB e anunciou a filiação ao Republicanos neste mês.
Na última reunião da Câmara, na última terça-feira (9), o presidente do Legislativo, vereador Luan Varnier (MDB), afirmou na tribuna que Beto é um dos donos de um terreno comprado pela prefeitura com indícios de superfaturamento. Segundo ele, seria uma "compra de apoio político".
Na mesma reunião, Beto justificou a mudança de partido por não concordar com "alguns atos praticados pelo partido que tem dono, onde duas ou três pessoas mandam e decidem”.
O que dizem os alvos da operação
A defesa do prefeito Gustavo Cancellier informou, por meio de nota, que ainda não teve acesso ao processo criminal, que está sob sigilo. Assinado pelo advogado Jefferson Monteiro, o comunicado nega o superfaturamento nos imóveis comprados pela Prefeitura, tema central da investigação.
Gustavo Cancellier também é presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec). A entidade não tem relação com os fatos investigados. Em nota, a Amrec disse que soube da prisão pela imprensa e que não foi notificada.
A Câmara de Urussanga, por meio de nota assinada pelo presidente, Luan Varnier, informou que não foi comunicada oficialmente e nem teve acesso aos autos da operação. "A Câmara se compromete em zelar pela transparência e a continuidade do bom trabalho e aguarda a manifestação dos órgãos judiciais para a tomada das decisões com o objetivo de reestabelecer a moralidade no Município", finalizou a nota.
A Prefeitura de Urussanga não havia se manifestado oficialmente até a última atualização desta matéria, assim como os alvos demais da operação.