Uma praga tem deixado os produtores de arroz da região preocupados. A sogata, também conhecida como cigarrinha-do-arroz, foi percebida por rizicultores no Extremo Sul de Santa Catarina nas lavouras durante a safra atual. A preocupação se justifica pelos surtos ocorridos de 2018 a 2021.
Segundo o agrônomo da Cooperja e gestor do Departamento Técnico da Cooperja, Jordanis Hoffmann, a presença deste inseto se intensificou nas últimas semanas, ainda que pontualmente, mas em uma frequência maior que em outras safras.
"É um inseto pequeno, três a quatro milímetro. Não é uma praga nova no arroz. No entanto, pensando em Brasil, é bem mais recente, e em especial em lavouras catarinenses. O registro do surto maior foi ao norte do estado, no município de Garuva, na safra 2018 e 2019. Hoje, há notificação da presença dela em todas as áreas de produção de arroz em Santa Catarina”, explica Hoffmann.
Segundo ele, o inseto migra levado por correntes de vento. “A proliferação é muito rápida e em quantidade", detalha.
O agrônomo explica que, em uma mesma safra, pode haver até três gerações de sogata, o que mostra a rapidez com que o ciclo de reprodução do inseto ocorre. A presença da praga diminui a produtividade das lavouras.
A sogata provoca dano direto com a sucção da seiva, nas folhas, caules e na própria panícula. A lavoura, inicialmente, fica com aspecto amarelo, e em seguida ocorre o secamento das folhas, o que prejudica a fotossíntese e a produção dos grãos.
Medidas de controle
A batalha contra a sogata demanda uma abordagem meticulosa e integrada. O primeiro passo essencial na mitigação dos danos causados por esta praga é o monitoramento contínuo das plantações. Esta vigilância permite a detecção precoce da presença da sogata, viabilizando ações a tempo para conter a proliferação.
Um pilar fundamental no controle da sogata é o fortalecimento do controle biológico. A natureza oferece seus próprios mecanismos de regulação das populações de pragas, através de predadores e patógenos naturais. Por isso, a recomendação é evitar a aplicação de fungicidas e inseticidas que não sejam estritamente necessários, para não prejudicar esses aliados naturais. O uso seletivo de inseticidas microbiológicos, com destaque para os baseados em Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, pode ajudar, segundo a Cooperja.
Além das estratégias biológicas, práticas culturais e sanitárias desempenham um papel crucial. A eliminação dos restos culturais pós-colheita é uma medida de higiene essencial, que remove possíveis abrigos e fontes de alimento para a praga. Evitar o replantio imediato de arroz em áreas recentemente infestadas - conhecido como cultivo de soca - é outra recomendação, porque ajuda a quebrar o ciclo de vida da sogata e reduzir suas chances de sobrevivência entre as safras.
A manutenção das áreas circundantes, através do manejo adequado de vegetação espontânea em bordaduras, valas e taipas, é outra estratégia eficaz. A roçada frequente dessas áreas limita os refúgios e as fontes de alimentação alternativas para a sogata, dificultando a dispersão e a reprodução.