Até o fim de 2024, Santa Catarina terá a a tarifa mais baixa nas regiões Sul e Sudeste. A previsão é do presidente da SCGás, Otmar Müller. Segundo ele, os preços estiveram mais altos que outras regiões do país nos últimos dois anos, mas já houve uma redução de 8,4% a partir de 1º de janeiro que devolveu a competitividade do insumo para a indústria catarinense.
“Esse problema do gás mais caro do Brasil já foi superado. Durante 2023, houve sucessivas reduções, culminando com uma redução agora, a partir de 1º de janeiro de 2024, de 8,7%. Com isso, hoje nós somos o segundo gás mais barato entre as regiões Sul e Sudeste. Somente São Paulo está com uma diferença de 1,2% mais barata que Santa Catarina”, afirmou Müller.
O gestor concedeu entrevista ao programa Adelor Lessa, da rádio Som Maior, na manhã desta quinta-feira (15). Ouça abaixo, na íntegra (o texto continua a seguir):
De acordo com Müller, a alta do gás entre 2022 e 2023 foi impulsionada pelo cenário internacional do insumo. “Esse problema já foi superado e temos expectativa de, até o final de 2024, nós estarmos com a tarifa inclusive mais baixa que a de São Paulo”, projeta.
Além do impacto do contexto global, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são historicamente prejudicados por estarem no fim da linha de distribuição do gás natural, o que aumenta os custos de transporte. “Nós estamos militando junto ao Governo Federal, junto à Agência Nacional de Petróleo e Gás, para rever essa política de preços do Gasbol (gasoduto Bolívia-Brasil) e tirar essa desvantagem que nós no Sul temos em relação a São Paulo”, expôs.
No Nordeste, segundo ele, as tarifas são mais baixas porque há exploração local de gás natural. “E esse gás é mais barato. Então, hoje, no Nordeste, tem-se gases mais baratos do que no Sul e no Sudeste”, explicou o presidente da SCGás.
O insumo consumido pelos catarinenses tem origem, majoritariamente, no Rio de Janeiro, e não mais na Bolívia, como era antigamente. Atualmente, o país vizinho é responsável por menos que 20% da produção do gás que chega ao Brasil.
“A gente continua dependendo do monopólio da Petrobras e existe aí uma questão até de paridade com preços internacionais. O gás ainda continua atrelado, corrigido mensalmente, em função das variações do dólar e do petróleo no mercado mundial. Então ainda falta um avanço na criação do mercado livre de gás”, detalhou Müller.
Importância para a região
O gás natural é determinante na competitividade da indústria catarinense, em especial nos setores que o têm como um dos principais custos. É o caso da indústria cerâmica, especialmente atingida porque, além da alta do gás nos últimos anos, enfrenta uma baixa no mercado da construção civil.
Conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), o setor projetava uma produção total de 751 milhões de metros quadrados de revestimentos cerâmicos no Brasil em 2023, uma redução de 19% em relação a 2022, quando foram produzidos 927 milhões de metros quadrados.
Gás natural veicular (GNV)
De acordo com ele, a redução de 8,7% válida a partir de 1º de janeiro também se aplicou ao gás natural veicular, fornecido nos postos de combustíveis. “O que a gente percebe, em diferentes regiões do Estado e também em diferentes postos, é que ainda não repassaram para os consumidores essa redução. Mas hoje já existe uma vantagem média da ordem de 30% mais barato do gás veicular em relação à gasolina”, afirmou.