Ele foi o primeiro treinador de Guga, e hoje, aos 70 anos, continua na ativa. Ralf Lauterjung contribuiu para a formação do maior nome do tênis no Brasil, e mora em Criciúma há cinco anos. Natural de Blumenau, trabalhou por oito anos em Florianópolis, sendo instrutor de Gustavo Kuerten. Na época que trabalhou com o ex-atleta, o talento dele ainda não havia aparecido.
“Era muito novo, nessa idade não tinha como. O diferencial de um tenista aparece entre os 16 e 17 anos”, explicou Lauterjung.
A relação com a família Kuerten é antiga e dura até hoje. O pai de Guga morreu nos braços do treinador, após um atacante fulminante antes de uma partida. Para o técnico, apoio é fundamental para o sucesso de um atleta.
“Todo mundo que ajudou um pouquinho tem orgulho. Uma pessoa sozinha não faz nada. É necessário ter uma equipe por trás, junto com a família”.
O técnico acredita que a imagem de Guga não foi explorada da maneira correta, e que o sucesso do tenista poderia ter rendido muitos outros frutos para o esporte no Brasil.
“A passagem do Guga foi muito rápida e ninguém segurou esse auge dele. Ele vencia e em vez de ir desfilar em caminhão de bombeiro ia surfar no Havaí. A partir do momento que uma pessoa se torna pública, tem seus compromissos. Ele é uma pessoa tímida, e faltou assessoria de imprensa”, afirmou.
Lauterjung acredita que o futebol dominou os outros esportes, que são cada vez menos praticados. Segundo ele, até existem investimentos, mas são esforços separados, dificultando o aparecimento de resultados.
“Hoje o maior concorrente é o celular. É mais fácil o pai dar um bom aparelho do que mandar praticar esporte. As crianças não brincam mais, não sabem o que é um bilboquê, ou chutar uma bola na rua”, finalizou.