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Prontos para irem mais longe

Destaques em suas modalidades, atletas da região mostram que o futuro do esporte regional pode render bons frutos e alegrias para as suas cidades

Por Lucas Renan Domingos Criciúma, SC, 24/08/2018 - 08:00

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A dedicação, o esforço e a busca constante pela evolução são características necessárias de qualquer pessoa que deseja se destacar na profissão que opta por seguir na vida. Quando essa escolha cai dentro do esporte, todos esses fatores são elevados a um alto nível. Para conseguir quebrar as barreiras do anonimato, vencer os adversários e se destacar nas modalidades é preciso uma entrega redobrada, principalmente quando o estilo de esporte escolhido possui pouco investimento, muitas vezes conseguido com muita luta.

Não é à toa que optar em construir uma carreira como atleta, muitas das vezes é um sentimento puro de paixão pelo o que se faz. As dificuldades, sejam elas pessoais, físicas ou econômicas, correm lado a lado no cenário esportivo e, se o desejo é alcançar voos mais altos e pisar no topo do pódio de competições locais, estaduais, nacionais ou até internacionais, a receita é o empenho constante nas atividades para atingir o tão sonhado objetivo.

É essa aplicação que tem feito atletas de diferentes modalidades da região a trilharem caminhos que jamais imaginavam na busca por títulos. Nas fundações, secretarias e diretorias de esportes das cidades é que surgem esses talentos. Na região, alguns atletas têm despontado em suas modalidades. Casos como o de Kathiê Librelato, Larissa Lúcio e Gabriel Antunes mostram que os municípios têm colhido grandes frutos e ainda tem muito a comemorar em um futuro não tão distante.

De um projeto social à candidata a um título inédito para o Brasil

Nos últimos tempos, os veículos de imprensa da região Sul de Santa Catarina têm se acostumando a noticiar títulos de um esporte que exige extrema concentração, o xadrez. A culpa disso é da içarense Kathiê Librelato. Desde que conheceu o jogo no projeto Xadrez na Escola, em 2012, a jovem, de apenas 20 anos – na época com 14 - vem acumulando troféus e medalhas.

Fotos: Daniel Búrigo/A Tribuna

Com apenas dois meses movendo peões, bispos, cavalos, torres, dama e rei, nome dado às peças utilizados no esporte, ela conquistou sua primeira medalha, uma prata nos Jogos Escolares de Santa Catarina (Jesc). “Desde o começo o desempenho da Kathiê chamou muito a atenção. Logo no início ela demonstrou uma facilidade em assimilar os conceitos táticos e estratégicos da modalidade”, lembra o técnico da equipe de xadrez de Içara, Claudionor Pirola.

A primeira conquista seria o pontapé para uma série de outras que Kathiê estava para trazer para a sua cidade. Foi dela a primeira medalha de Içara em Joguinhos Abertos de Santa Catarina, um bronze, e a primeira conquista feminina do município nos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), um ouro em 2014.

“Eu não conhecia nada do xadrez. Lembro que quando comecei, eu cheguei em casa e fui brincar com a minha irmã e combinamos de mexer somente os peões”, diz Kathiê.

A possibilidade de um título inédito

Se em 2012 a enxadrista não sabia nada do esporte, hoje ela sabe e conhece muito. As façanhas da içarense não pararam nas medalhas dos campeonatos estaduais. Ela foi mais longe. Kathiê acumula duas participações como representante do Brasil nas Olimpíadas de Xadrez. Somente as cinco atletas com o melhor rating médio – método estatístico utilizado para se calcular a força relativa entre jogadores de xadrez – em um período de dois anos são os escolhidos. Entre as cinco, ela é a mais nova.

Em junho deste ano ela alcançou a prata no Panamericano de Xadrez, em Guayaquil, no Equador e em maio de 2018 conseguiu o título do Sul-Americano Sub-20 Feminino, na cidade de Luque, no Paraguai.

“Com o título do Sul-Americano eu fui outorgada com a titulação da Confederação Internacional de Xadrez de Mestre Internacional Feminina (WMI). Até hoje no Brasil, somente nove enxadristas alcançaram essa titulação”, conta Kathiê.

Recebido o WMI a foco agora é em subir mais um degrau nas titulações. Na história do xadrez do Brasil, nenhum jogador alcançou a titulação máxima de Grande Mestre Feminino (WGM). “A Kathiê já deu o primeiro passo e tem grandes de chances de ser a primeira brasileira ou uma das primeiras a ter recebido o GWM”, acredita o Pirola.

Horas de treino e muitos estudos

Para ser esse destaque no esporte, em épocas do ano com poucas competições, a atleta chega a treinar seis horas diárias na busca pelo aperfeiçoamento. Porém, a prática não resolve sozinha e precisa ser aliada de muita teoria. “Eu leio muitos livros. Estudo as táticas dos grandes mestres para conseguir melhorar meu desempenho”, afirma Kathiê.

Hoje cursando Educação Física, a içarense não sabe medir a importância do esporte em sua vida. Mas tem a esperança de ajudar a modalidade a fazer a diferença na vida de outras pessoas. “Viver somente como atleta de xadrez é difícil. Por isso venho me dedicando a ser enxadrista e professora. O esporte tem uma área muito aberta para a pesquisa. Ele auxilia muito na educação. Quero pesquisar o xadrez sobre quais benefícios ele pode trazer para crianças de diferentes faixas etárias”, concluiu.

Correndo atrás das Olimpíadas de 2024

Em outro município da região Sul de Santa Catarina, mais especificamente em Nova Veneza, o destaque do esporte não são os tabuleiros do xadrez, mas as pistas de atletismo. No município, um nome conhecido regionalmente, tem feito de Larissa Lúcio, de 15 anos, uma das promessas do esporte. Trata-se do técnico de atletismo Roberto Bortolotto.

Quem acompanha a carreira do treinador, sabe que em um passado não muito distante foi ele um dos grandes responsáveis, ao lado de Sandro Araújo, em colocar o nome de Criciúma e Santa Catarina nas Olimpíadas de Pequim, em 2008 e Londres em 2012. Ambos ajudaram a velocista cearense Ana Cláudia Lemos, mas que foi descoberta em Criciúma, a chegar ao alto nível de rendimento.

Hoje, Araújo é o presidente da Fundação Municipal de Esportes (FME) de Criciúma. E Bortolotto continua sua caminhada a caçar talentos do atletismo. A nova aposta do técnico para que a região volte a figurar nas Olimpíadas é Larissa. “Com 11 anos de idade ela participava dos Jogos Escolares Venezianos e ganhava de atletas de 14 anos”, comenta.

“Eu vi que o corpo dela tinha as características de uma atleta de alto nível. Esguia, quadril estreito e canelas finas”, detalha o treinador. E ele estava certo. No currículo, Larissa já soma ouro nos Campeonatos Escolares Brasileiros, nos Jesc, no Jasc até 19 anos, todas medalhas conquistadas na modalidade de 800 metros.

Larissa nas Olimpíadas de 2024? É possível

E a atleta está disposta a conquistar novos sonhos e trilhar o desejo de Bortolotto para que ela chegue às Olimpíadas de 2024. A carga de treinos é intensa “Segunda, quarta e sexta venho para a pista, terças e quintas faço academia”, revela Larissa. De competições internacionais ela já entende.

No início do ano representou o Brasil na Gymnasiade, competição realizada no Marrakech, no Marrocos e em julho nos Jogos Desportivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) São Tomé e Príncipe 2018, na África. “Vejo meu futuro dentro do esporte como estou fazendo hoje, sempre em busca de melhorar. Quero chegar às Olimpíadas, alcançar bons tempos para me preparar em grandes competições em busca de mais conquistas.

 Formar cidadãos

Mas, o treinador não deixa a principal objetivo do atletismo de lado. Segundo Bortolotto, antes de formar campeões, a o esporte busca formar grandes cidadãos. “A estimativa para fazer um campeão é uma em um milhão. Lógico que a gente torce por um destaque, mas prefiro formar 100 pessoas de bem”, destaca.

Fotos: Daniel Búrigo/A Tribuna 

E Larissa é a prova de que, a dedicação de um atleta é fundamental, mas o comprometimento é o que se sobressai. “O esporte me ajuda muito. O primeiro é a minha saúde e o segundo é com meus estudos. Temos que saber aliar as coisas. Tanto a vida de atleta como a vida pessoal. Não adianta ser bom em um só. O atletismo me ensina isso”, avalia.

Nove anos dando exemplo de superação

Da perceria entre o Bairro da Juventudo FME de Criciúma e a Sociedade Recreativa Mampituba, Criciúma pode ter grandes surpresas no Tênis de Mesa. Aluno do Bairro, Gabriel Antunes tem ganhado espaço no esporte no país. Nascido com uma deficiência física, se apaixonou pelas raquetes ainda quando tinha apenas quatro anos. Via a irmã mais velha jogar e começou a praticar. Hoje, é mais uma das esperanças esportivas para Santa Catarina.

Hoje com 13 anos, o mesatenista vem se destacando nos últimos dois anos. Sua conquista mais recente e mais importante foi campeão de tênis de mesa da Paralimpíada Escolar Brasileira 2017, nas categorias individual, em equipe e dupla. Além de três medalhas de ouro, o atleta ainda trouxe para casa um troféu de competidor destaque.

Onde Antunes pode chegar nem mesmo Alexandre Ghizi, um de seus técnicos, sabe estipular. “Não tem limite para um atleta como ele. O Gabriel tem muito potencial. Ele está participando de um programa da Seleção Brasileira para jovens talentos. Agora em setembro ele vai de novo. E pode ir muito mais longe”, analisa Ghizi.

Ultrapassar os limites

Como o esporte exige equilíbrio devido aos sequenciais momentos de deslocamentos, ao escolher o esporte Antunes já sabia que terias desafio. A falta de metade do braço no início prejudicava um pouco o desempenho, mas nada que o pequeno mesatenista não tirasse de letra. “Eu demorei mesmo foi para conseguir segurar a bolinha no braço”, brinca.

E é justamente essa autoestima aliados aos intensos treinos que tem feito o menino figurar com um futuro brilhante pela frente. “Ele treina todos os dias da semana e em dois dias ainda treina à noite. Não reclama de nada. Faz tudo que precisa ser feito. Com certeza ele tem tudo para trilhar um grande caminho”, dispara a também técnica de Antunes Narita Goulart.

“Não tenho porque parar”

Questionado sobre os próximos passos, o mesatenista tem uma única certeza. “Nunca me passou pela cabeça parar de treinar. Não tenho porque parar. Quero um dia ser campeão mundial. Espero que eu consiga”, complementa.

Fotos: Daniel Búrigo/A Tribuna 

Gabriel Antunes, Larissa Lúcio e Kathiê Librelato são alguns dos exemplos de grandes atletas regionais. Assim como eles, outros esportistas de diferentes modalidades podem fazer da região um destaque em seus esportes. Apesar da dificuldade de conseguir apoios e patrocinadores, que só vêm com um grande esforço, são esses enxadristas, corredores, mesatenistas, jogadores de vôlei, basquete, handebol e tantos outros atletas que mostram como o esporte pode fazer a diferença para uma pessoa, uma equipe, uma cidade, um país, desde que sejam valorizados.

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