A jornada de ascensão do Esporte Clube Próspera na temporada do ano passado é marcada por uma série de fatores. Da atuação responsável e eficaz dentro das quatro linhas, passando pelo comando da beira do gramado em jogos e treinos até o desempenho da equipe administrativa e executiva - tudo isso, de alguma forma, acabou influenciando no retorno do clube à elite do futebol catarinense.
Para além do gramado, o diretor-executivo do Time da Raça, Nei Rama, vem se consolidando como peça chave na reestruturação do clube. A palavra “reestruturação”, aliás, é uma marca definitiva em sua carreira e vem sendo uma de suas principais características em praticamente todas as suas passagens por clubes de futebol.
No Próspera, a situação não vem sendo diferente. Presente no clube desde 2020, Nei vem trabalhando tanto com as categorias de base quanto com o elenco do time criciumense, de olho no mercado e visando jogadores de muito potencial.
Sua história com o futebol começou enquanto adolescente, aos 15 anos, nas categorias de base do Caxias do Rio Grande do Sul. Por lá, teve contato com o atual técnico da Seleção Brasileira, Tite, e também com o treinador da equipe canarinha campeã da Copa do Mundo de 2002, Felipão.
A carreira como jogador profissional terminou aos 23 anos, quando migrou para o futebol de salão. Aos 32, recebeu o convite para reorganizar o Brasil de Farroupilha, quando iniciou por definitivo sua carreira como treinador. Desde então, foram passagens vitoriosas em times como Fluminense, Hercílio Luz, Juventude e, agora, o Próspera - todos marcados pela visão no futuro e projetos de reorganização.
A reportagem do Portal 4oito realizou recentemente uma entrevista com Nei. O diretor-executivo falou das vitórias conquistadas ao longo da carreira e, também, do projeto que vem sendo construído no Time da Raça.
Projetavam o acesso já neste primeiro ano de trabalho?
“Já estávamos projetando. Quando assumi em setembro, vi nas palavras do presidente que o acesso seria fundamental, visto que faríamos um trabalho muito forte na base e esse era o momento certo, porque de 10 clubes classificavam-se três. Sabíamos que era uma competição de nove jogos mais dois, e muitas vezes vimos o t ime jogar feio, mas fizemos um feio objetivo e algumas partidas muito boas, o que nos deu tranquilidade para brigar pelo título”.
Como projeta o Próspera para este ano?
“Vejo que o caminho do Próspera é esse, estar e se manter na Série C e brigar por uma vaga na Série D. Já no segundo semestre, mais fortalecido, buscar o título da Copinha e buscar uma vaga na Copa do Brasil. Aí sim teremos um calendário muito bonito: Série A do Catarinense, Série D do Brasileiro e Copa do Brasil. É possível? É. É um sonho? É. Mas vamos trabalhar. Sempre trabalhei na minha vida, então se é possível vamos em busca daquilo”.
Como avalia o elenco do Próspera?
“Posso avaliar os jogadores como qualidade, dentro do possível do Próspera. A direção me deu um orçamento e eu respeito muito o orçamento do clube para aquilo que estamos se determinando, o que pensamos e o modelo de time que faremos. Não só o Sueliton, mas como a permanência do Roberto, Galiardo, Jean Natal, e Gullithi, jogadores âncoras. Mais uma oito contratações de jogadores que conheço pelo Brasil lá fora e até mesmo de SC, jovens que tanto vão ajudar na parte técnica, dentro de campo. A montagem está dentro daquilo que determinamos”.
Como é esse trabalho com a base?
“Nos clubes onde trabalho faço a direção executiva estendida. É muito fácil sentar na mesa a trabalhar só no profissional, coisa que a maioria faz. Não tenho essa subdivisão, como me contrataram como diretor executivo de futebol, executo o futebol desde o profissional, com jogadores como o Roberto de 42 anos, até o Emanuel de 15. Em cada segmento, eu tenho a pretensão do profissional e da base”.
Qual o perfil dos jogadores que buscaram no mercado?
“Buscamos no mercado, primeiro, para compensar a deficiência que se tinha. O Sueliton, por exemplo, pelo nome que tem, pela conduta que exerce e pelo profissional que ele é. Sabemos da dificuldade por estar um tempo sem atuar, mas é a mesma coisa que fiz com o Athos no ano passado, eu treinando vou ter um pouco mais de tempo, mas o que me dava era muito potencial. Os perfis das outras contratações foram jogadores jovens, potenciais futuros para nos ajudar na permanência na A”.
Qual será a Característica do time para a Série A?
“Um dos diferenciais do Paulo Baier é estudar muito o adversário e, muitas vezes, a torcida quer algo muito brilhante. Mas como estamos internamente aqui, sabemos do dia-a-dia, muitas vezes verão que jogamos de maneira mais feia, mas buscando um gol ou com algumas alternâncias. O Catarinense precisa de qualidade, mais posse de bola, técnica e toque de bola. A velocidade muda, isso estamos muito espertos para isso com o fisiologista, terapeuta e preparação física, para estarmos todos aptos para o primeiro jogo”.
Como é a relação com o Paulo Baier?
“Tive a felicidade de fazer os últimos jogos do Paulo no Juventude. Ele veio me ajudar e me ajudou muito em 2015 e 2016. Já sabia das condições físicas dele, mas 50 minutos do Paulo na partida fizeram a diferença. Como pessoa ele é fantástico, e a confiabilidade que tenho nele e ele em mim é ótima. Quando temos divergências, divergimos, mas é uma constante troca de ideias. Às vezes tenho que cobrar alguma coisa dele, e ele me cobra muito a estrutura de trabalho, mas é um trabalho olho no olho, com a verdade na mesa”.