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Provável queda do Tigre: a 5ª em 15 anos

Só um verdadeiro milagre evita novo rebaixamento do Criciúma; Nassif comenta desempenho pífio na temporada

Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 21/11/2019 - 15:04 Atualizado em 22/11/2019 - 07:17

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O Criciúma está virtualmente rebaixado para a Série C, após uma temporada de sucessivos fracassos dentro do Heriberto Hülse. Apenas uma união de divindades, capaz de operar um gigantesco milagre, salva o Tigre da degola. Um ano alarmante para o torcedor carvoeiro, mais uma vez com o desgosto de um descenso de divisão. A provável queda será a quinta do Tigre nos últimos 15 anos.

Um clube campeão da Copa do Brasil, que disputou quartas de final de Copa Libertadores e tem 13 participações na Série A do Campeonato Brasileiro, além de 24 na Série B, poderá jogar pela quarta vez na história uma Série C em 2020, seis anos depois de disputar pela última vez a Série A.

Nestes 15 anos, o Tigre foi rebaixado duas vezes da Série A para a Série B e duas vezes da Série B para a Série C.

O primeiro rebaixamento da saga foi em 2004, quando o Criciúma do camisa 10 Douglas foi rebaixado na última rodada do Brasileirão, em um empate em 3 a 3 contra o Coritiba no Majestoso. No ano seguinte, 2005, o clube foi um dos seis rebaixados para a Série C, no último ano antes dos pontos corridos serem instaurados na segunda divisão nacional.

A saga de rebaixamentos continuou após o Tigre retornar para a Série B, com o título da Série C em 2006. Em 2008, nova queda para a terceirona, com uma derrota para Ponte Preta no Moisés Lucarelli. Depois de patinar na Série C em 2009, o Tigre retornou para a Série B em 2010 e em 2012 subiu para a Série A.

A glória precedeu uma nova época de sofrimentos. Depois de escapar da queda para a Série B na última rodada em 2013, o Criciúma fez uma campanha sofrível em 2014, com 28% de aproveitamento, sendo o lanterna da Série A. Agora, reflexo ou não deste rebaixamento, o Tigre está praticamente rebaixado para a Série C, com apenas 7 vitórias em 37 jogos e 32,4% de aproveitamento na Série B 2019.

O Portal 4oito faz um breve raio-x das temporadas negativas do Criciúma e traz uma análise do comentarista João Nassif sobre os últimos anos no Heriberto Hülse, que culminaram com a pífia temporada de 2019, em que o Tigre teve dificuldades já no Campeonato Catarinense.

2004

Com o jovem Douglas com a camisa 10, o Tigre chegou a liderar o Brasileirão, entre a 7ª e a 10ª rodada. Porém, ao final de 46 rodadas – na época o campeonato tinha 24 equipes -, o Criciúma teve queda brusca de desempenho e chegou no último jogo precisando vencer o Coritiba, em casa, para escapar da degola.

O Criciúma até saiu na frente, com gol de Vágner Carioca. Porém, o Coxa empatou com o zagueiro Miranda, aquele mesmo, da Seleção Brasileira. Vágner Carioca colocou novamente o Tigre na frente no marcador, fazendo 2 a 1. Mas o time de Lori Sandri não resistiu, cedeu a virada aos paranaenses e conseguiu o insuficiente empate aos 46 da segunda etapa, com gol de Saulo.

Com 50 pontos, 36% de aproveitamento, o Criciúma foi rebaixado na 21ª posição, ficando atrás apenas um ponto do Botafogo, 20º colocado e primeira equipe fora da zona. Caíram junto com o Tigre o Grêmio, lanterna, Vitória e Guarani.

Na época, Douglas tinha 22 anos

2005

Vindo da Série A, esperava-se algo positivo do Tigre no ano, o que não aconteceu. Em uma campanha pífia, o Criciúma terminou a primeira fase da competição na vice-lanterna, seis pontos atrás do Sport, primeiro time fora da zona de rebaixamento.

Foram apenas 19 pontos conquistados em 21 partidas, com 6 vitórias e um aproveitamento de 30,15% Na despedida do Majestoso no ano, uma derrota por 2 a 1 para o CRB, com gol de Zé Carlos para os alagoanos, que mais tarde viria para o Tigre e marcaria 67 gols em 109 jogos com a camisa Tricolor.

Caíram junto com o Criciúma o Caxias, lanterna, União Barbarense, Anapolina, Vitória, que assim como o Tigre vinha da primeira divisão, e Bahia. Neste ano, a Série B teve como campeão o Grêmio, em partida conhecida como a Batalha dos Aflitos: com sete jogadores em campo, o Tricolor gaúcho venceu o Náutico, na última rodada do quadrangular final.

2008

Depois de lutar para subir à Série A e não cair para C, tudo isso na mesma temporada em 2007, o Criciúma mais uma vez decepcionou o torcedor na Série B. O time que tinha Zulu como camisa 9 chegou à última rodada da Série B precisando vencer a Ponte Preta para escapar da degola.

Porém, já aos 19 minutos do primeiro tempo o Tigre tomou o primeiro gol, de Ricardo Conceição. Na segunda etapa, os paulistas ampliaram a vantagem com Marcelo Soares. O Criciúma descontou com Zulu os 40 do segundo tempo, mas já era tarde. Marcelo Soares ainda fez o terceiro gol para a Macaca.

Mesmo se vencesse a partida, o Tigre seria rebaixado, pois os resultados paralelos não ajudaram. Foram 41 pontos conquistados em 38 jogos, 11 vitórias e 35% de aproveitamento, ficando na 18ª posição, quatro atrás do Fortaleza, 16º. Caíram junto com o Tigre o CRB, Gama e Marília.

Neste ano, o Corinthians fez a melhor campanha da história dos pontos corridos na Série B, com 85 pontos e 74% de aproveitamento. O centroavante Túlio Maravilha foi o artilheiro da competição, com 24 gols.

2014

Um elenco que tinha Iago Maidana, Fábio Ferreira, Cléber Santana, Lucca, Gustagol e Roger Guedes. Nomes emergentes e outros, de certa forma, consagrados na Série A do Campeonato Brasileiro. A mescla não foi suficiente para o Tigre manter-se na elite do futebol brasileiro. A campanha em 2014 foi trágica, com apenas 30 pontos e a lanterna isolada no Brasileirão.

O rebaixamento veio na 36ª rodada, em São Luís do Maranhão. O adversário era o Flamengo e, virtualmente rebaixado, o Tigre precisava vencer para não cair matematicamente.

A vitória não veio. O time de Luizinho Vieira saiu atrás no placar, com gol do centroavante Elton aos 37 do primeiro tempo. Cléber Santana empatou a partida aos 20 da segunda etapa, insuficiente para tentar uma reação. Pela quarta vez em dez anos, o Tigre se reencontrava com o rebaixamento.

O que explica o desempenho de 2019?

Comenta-se na crônica esportiva: o Criciúma tem estrutura física, paga em dia e apostou em jogadores de nome na Série B. Por que, então, está virtualmente rebaixado? Quem tenta explicar o pífio desempenho do Tigre na temporada é o comentarista do Timaço da Rádio Som Maior, João Nassif.

“A temporada 2019 foi a cereja do bolo de um processo de desintegração do Criciúma, que já vem há algum tempo. A gestão Jaime Dal Farra iniciou um processo degenerativo. É um presidente centralizador e que não tem a mínima condição de tocar o futebol. Não adianta, como fez nesse ano, trazer Maringá, Gilson Kleina, reconhecidos numa Série A de campeonato Brasileiro, se não os der autonomia pra trabalhar. O Maringá não teve recursos pra fazer contratações de peso que pudessem dar ao Criciúma um estágio diferente. Falta de recursos, degringolada de departamentos - médico, psicólogo, fisioterapia, nutricionistas -, tudo isso acabou definhando e o reflexo é direto no futebol dentro de campo. Os jogadores tem mínima parcela de culpa, sim, mas eles estavam sem perspectiva de que pudessem ter um respaldo maior por parte da direção”.

Para Nassif, rebaixamento começou há muitas temporadas

E o futuro?

A provável queda acende no torcedor a expectativa de disputar títulos em 2020, o que o clube não vinha conseguindo fazer nem na Série B, nem no Campeonato Catarinense. E aí, Nassif?

“Tantas e tantas temporadas, o Criciúma correndo contra o rebaixamento inclusive no Catarinense. Não se faz futebol sem um planejamento efetivo, consciente e acima de tudo de capacidade para tocar o futebol. O Criciúma não teve essa prerrogativa, por isso sofre esse rebaixamento. Os erros não foram de agora, vêm se acumulando e uma hora não teve mais para onde correr, para onde escapar. Uma situação constrangedora e acima de tudo, para o torcedor, aflitiva. O torcedor confiava no time, prestigiou, empurrou, encheu o estádio em busca de resultados que os jogadores não conseguiram. O Criciúma vai padecer por mais dois anos e se não houver uma mudança radical a partir de agora, que eu não acredito que tenha, o Criciúma vai ter muitas dificuldades. Primeiro para retornar à Série B do Campeonato Brasileiro e segundo correndo o risco de parar numa Série D”

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