Após 11 meses consecutivos de saldo positivo na geração de empregos formais, a mesorregião Sul catarinense fechou 2024 com 9.747 vagas com carteira assinada acrescentadas. O resultado só não foi maior pela variação negativa registrada normalmente em dezembro, devido à sazonalidade, e por outros fatores que reduziram o ritmo do mercado de trabalho. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o primeiro semestre terminou com a região obtendo o melhor desempenho para o período dos últimos três anos.
Entretanto, houve uma desaceleração no segundo semestre. "No meio do ano, o Banco Central interrompeu o ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic), iniciado no ano anterior, diante de um cenário de incerteza macroeconômica. A partir desse ponto, a taxa voltou a subir, refletindo preocupações com a trajetória fiscal e o comportamento da inflação", aponta o economista Leonardo Alonso Rodrigues, que junto ao também economista Alison Fiuza elabora o Boletim do Emprego Formal, pela Associação Empresarial de Criciúma (Acic). "Esse movimento teve impactos significativos na economia da região Sul. O fator central dessa deterioração foi o desequilíbrio fiscal, que ampliou as incertezas sobre a condução da política econômica. No final do ano de 2024, a situação se agravou ainda mais com a forte valorização do dólar, pressionando custos de produção e reduzindo o poder de compra das famílias, o que comprometeu ainda mais o dinamismo da economia local.", acrescenta Fiuza.
Em reunião realizada nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros em um ponto percentual, para 13,25%, com perspectivas de novos aumentos pela frente.
Região Carbonífera
Os especialistas observam que a influência da economia brasileira nos números do Sul do Estado foi maior do que para outras regiões. "Se analisarmos Santa Catarina como um todo, o crescimento foi maior do que no Sul", cita Rodrigues. Essa variação pode ser observada até mesmo dentro da mesorregião.
Enquanto o Sul catarinense teve no acumulado de janeiro a dezembro de 2024 o menor resultado para o período dos últimos quatro anos, a Região Carbonífera somou 4.220 novos empregos formais no acumulado do ano, desempenho melhor do que o obtido no mesmo período do ano anterior (3.983). Assim, a Região Carbonífera terminou dezembro com estoque de 156.893 empregos formais, participação de 48,46% no estoque de 323.734 empregos contabilizados pela mesorregião Sul catarinense.
Setores
No Sul, os setores que mais se destacaram na geração de empregos formais no ano passado foram serviços e comércio. O primeiro, com 5.117 vagas adicionadas e o segundo, com 2.522. Mas todos os setores registraram saldo positivo no acumulado do ano. Na Região Carbonífera, a liderança também ficou com o setor de serviços, com 2.083 novos postos de trabalho acrescentados. A seguir, vem a indústria, com 1.163. O único grupamento econômico a ter geração líquida negativa na Amrec foi a agropecuária (-15).
Rede de Talentos tem média mensal de 3,4 mil vagas cadastradas
A movimentação do mercado de trabalho formal também pode ser observada na Rede de Talentos, plataforma disponibilizada pela Associação Empresarial de Criciúma (Acic) a fim de aproximar empregadores e trabalhadores. Em 2024, a média mensal de vagas cadastradas foi superior a 3.444, superando a média de 2.953 registrada no ano anterior.
Foram ao todo 41.330 empregos ofertados ao longo do ano, frente a 35.440 em 2023, oportunidades abertas por empresas de Criciúma e de outras regiões, associadas e não-associadas da Acic. Em 2024, profissionais em busca da inserção ou recolocação no mercado de trabalho cadastraram 14.689 currículos na plataforma, que recebeu 1.220.673 de acessos no acumulado do ano.