A partir do próximo sábado (2), a tarifa do gás natural para a indústria de Santa Catarina será elevada em 41,05%. Segundo o presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Otmar Müller, enquanto não houver concorrência, o preço não vai baixar e, quem paga por isso, é o consumidor. “Haverá prejuízo, porque as empresas não tem como absorver esse custo”, frisa.
Müller destacou a desvalorização cambial brasileira. “Existe uma série de fatores, mas todos redundam na permanência do monopólio da Petrobras nesse negócio. Ela é a única que consegue fornecer gás”, enfatiza o presidente da Câmara de Energia. “É um abuso do poder”, acrescenta.
“Hoje já existem outros produtores e, pela lei que foi aprovada em 2020, se o mercado ficar livre existe gente que tem gás, como a Bolívia, que poderia vender diretamente para a SC Gás, porém os gasodutos pertencem a Petrobras, então, esses outros fornecedores não tem como trazer o gás até aqui”, explica.
A informação foi confirmada nesta terça-feira (28), durante uma reunião da Câmara de Assuntos de Energia. Para Müller, o anúncio não foi nenhuma surpresa. “A gente já previa isso e, nesse tempo, nós procuramos alternativas de atuar contra. Houve até uma liminar na Justiça, fruto de uma ação judicial emitida pelo Governo do Estado, que retardou esse reajuste, mas não há um novo julgamento de mérito”, conta.
Impactos e consequências
Para ele, as consequências são a diminuição das vendas e do consumo e a retração da economia. Em 2021, o aumento foi de 81%; em janeiro deste ano, 19%; e, agora, mais 41%. O impacto reflete no preço do gás veicular, residencial e comercial. “O índice é um pouco diferente, o veicular é até maior do que 41%”, finalizou.
“[...] Decorreu de um aumento dos preços nos novos contratos que a Petrobras conseguiu nos enfiar goela a baixo já no final do ano passado”, completa o presidente. Ele ainda acrescenta que a elevação da tarifa prejudica a competitividade da indústria catarinense. “Em alguns setores, como o de vidros, porcelana e revestimentos cerâmicos, a participação do gás natural nos custos de produção se elevará de 30% para 38%”, ponta.
“O fato lastimável nisso, é que para São Paulo eles não aplicaram esse reajuste. A nossa condição de competitividade fica muito prejudicada, especialmente, porque o principal mercado consumidor dos nossos produtos é a região sudeste, então ficamos muito prejudicados em relação aos fabricantes de São Paulo”, manifesta, referindo-se à manutenção da base de preços para o estado paulista.