O time mais longevo de Santa Catarina na Série A conheceu a sua primeira queda de divisão. Erros na montagem do elenco e problemas financeiros foram cruciais para a Chapecoense decepcionar a torcida e fazer uma campanha digna de lanterna da competição – os 32 pontos conquistados pelo Verdão do Oeste foram os mesmos que o Tigre alcançou em 2014, quando foi último colocado na Série A. A lanterna só não veio porque o Avaí fez a pior campanha de um catarinense em toda a história dos pontos corridos.
O ano começou para a Chape com quatro competições no calendário: Catarinense, Copa do Brasil, Copa Sul-americana e Brasileirão. Só conseguiu o objetivo inicial na Copa do Brasil, ao alcançar a quarta rodada e cair para o Corinthians, em dois confrontos disputados: ganhou por 1 a 0 em Chapecó e perdeu por 2 a 0 na Arena Corinthians. Seguindo a série de reportagens sobre o ano ineficiente dos catarinenses no futebol, o 4oito agora faz um resumo da temporada da Chapecoense. Contribuiu com a matéria o repórter da Rádio Oeste Capital, Mateus Montemezzo.
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Vice
“A Chapecoense lamentou a não ter conseguido a campanha para jogar a final em casa e isso pesou diante do Avaí”, comenta Montemezzo, sobre mais um vice-campeonato da Chapecoense no Campeonato Catarinense.
Sendo um dos dois representantes do futebol catarinense na Série A, a expectativa era do hepta no estadual. Porém, com a campanha insuficiente na primeira fase, 32 pontos, teve a missão de decidir o título - após deixar para trás o Figueirense na semifinal – na Ressacada, contra seu rival de divisão: o Avaí.
O técnico Claudinei Oliveira, que livrou a Chapecoense do rebaixamento na Série A na temporada passada, não chegou até o fim do estadual. O time já havia perdido Wellington Paulista, liberado para atuar no Fortaleza. A eliminação precoce na Copa Sul-americana foi determinante para a troca de comando: Claudinei foi demitido ao perder para o Joinville em casa, mesmo vindo de uma sequência de três vitórias consecutivas no Catarinense.
A Chapecoense chegou na final do Catarinense com Ney Franco no comando e Gum, Márcio Araujo e Elicarlos como jogadores mais experientes. Nem assim conseguiu bater o Avaí na Ressacada, apesar de ter levado a decisão para os pênaltis. Com a derrota no Estadual, Ney Franco já começava o Brasileirão pressionado…
Zona de rebaixamento
Foi do começo ao fim que a Chapecoense figurou na zona de rebaixamento. Com contratações de jogadores que não deram certo e troca de treinadores, o Verdão fez sua pior campanha na história do Brasileirão. Ney Franco deixou o clube na 11ª rodada, com apenas oito pontos conquistados e o 18º lugar na tabela de classificação.=
“O Newton Drummond (que foi demitido em junho), o Chumbinho, errou muito em contratações. Todas que vieram para ser soluções acabaram decepcionando: Maurício Ramos, Camilo, Arthur Gomes, que poderiam ter rendido muito mais e acabaram não rendendo. Um grupo velho, sem explosão e velocidade”, avalia Montemezzo. Quem deu certo foi o atacante Everaldo, da base do Grêmio, que chegou a figurar entre os artilheiros da Série A nesta temporada. O atacante terminou o Brasileirão com 13 gols e valorizado no mercado nacional.
Sem Ney Franco, o auxiliar Emerson Cris comandou a chape até o encerramento do primeiro turno, quando foi anunciado Marquinhos Santos, que havia conquistado o acesso na Série C pelo Juventude. O contrato era até o final do Nacional. Em 19 rodadas no comando do Verão, Marquinhos conseguiu apenas quatro vitórias, sendo a última na despedida da Arena Condá em 2019: 3 a 0 sobre o CSA. Em comum acordo, ele deixou a Chape antes da última rodada contra o Vasco, no empate em 1 a 1, novamente com o auxiliar Emerson Cris.
O resultado foi o retorno à Série B, após seis participações consecutivas na elite do futebol brasileiro. Junto com o Cruzeiro, a Chapecoense conheceu um rebaixamento de divisão nacional pela primeira vez em sua história.
Além do rebaixamento, outro fator desconhecido até então pela Chapecoense: a desordem financeira. “Um erro financeiro muito grande, de a partir de maio ter dificuldade em pagar direito de imagem dos jogadores e, nos últimos três meses, dificuldades de pagar a CLT, o salário dos jogadores. Também não teve pagamento de bicho para os jogadores, prática comum”, acrescenta Mateus Montemezzo.
Nas copas
Pelo quinto ano consecutivo, a Chapecoense disputou uma competição continental. Na Sul-americana, cujo título conquistou em 2016, ano da tragédia aérea, no entanto, não obteve bom desempenho. O adversário na primeira fase era o desconhecido Unión La Calera, do Chile.
“O Unión disputava pela primeira vez a competição. A Chapecoense era favorita e jogou mal ainda sob o comando do Claudinei Oliveira os dois jogos e acabou sendo eliminada em Chapecó”, lembra Montemezzo. Foram dois empates: 0 x 0 fora e 1 x 1 em casa, gol marcado por Everaldo. A eliminação deu-se pelo critério de gol qualificado.
A Copa do Brasil foi a única “glória” da Chapecoense no ano. Passando pelo Criciúma com duas vitórias na terceira rodada, o time, ainda comandado por Claudinei Oliveira, teve pela frente o Corinthians na quarta rodada – e deu sustos no campeão paulista.
A vitória por 1 a 0 em casa, gol marcado por Aylon, revelado pelo Internacional, não foi suficiente para segurar a pressão na Arena Corinthians. No jogo de volta, com gols de Boselli e Mateus Vital, a Chape foi eliminada. Segundo Montemezzo, a Copa foi a única competição do ano em que a Chape cumpriu a missão na temporada. “Caiu para um grande do futebol brasileiro, o que era imaginado”.