A condenação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva pelos desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) continua gerando repercussão. A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PR), informou em nota oficial que o partido não vai “aceitar passivamente que a democracia e a vontade da maioria sejam mais uma vez desrespeitadas”. Hoje pela manhã, Gleisi concedeu entrevista ao Programa Adelor Lessa.
“É importante dizer que não foi a condenação do Lula, condenaram um projeto. Se fosse uma condenação com base em provas Lula não seria condenado, por isso não aceitamos essa sentença. Vamos lutar contra ela. Lula continua nosso candidato. A candidatura do Presidente Lula não se define da Justiça Federal, mas na Eleitoral. Isso se define em agosto, até lá muita água vai rolar. Portanto, Lula continua sendo candidato”, destacou Gleisi.
No dia seguinte a condenação do ex-presidente, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmaram a cassação do possível registro da candidatura de Lula era inevitável.
“Nenhum ministro colocou o nome, declarações em off não podem ser respeitadas. Temos agora a possibilidade do Supremo Tribunal rever a decisão da inelegibilidade. E tem os recursos que o presidente Lula vai apresentar. Esse processo é cheio de problemas. Não tem provas sobre crime. É um processo com problemas de restrição a defesa, com pessoas que não podiam dar a sentença. Isso tudo tem que ser considerado. Lula não é do PT é candidato de uma grande parcela da população, por isso temos que protege-lo”, afirmou Gleisi.
Gleisi falou também sobre a polêmica frase em que afirmou que para Lula ser preso "vai ter que prender muita gente, mais do que isso, vai ter que matar gente" disse que foi apenas uma força de expressão. “O que eu quero dizer é que é uma situação que não vai ser aceta com facilidade. Primeiro que eu acredito que ela não aconteça, porque o Supremo Tribunal Federal que é guardião da constituição não vai cometer uma violência desta com o ex-presidente Lula”, explicou.
A presidente do Partido dos trabalhadores, comparou a situação de Lula com a do presidente Michel Temer e do senador Aécio Neves. “Por que prender Lula se Temer e Aécio Neves estão soltos e gozando de suas prerrogativas? Qual crime que presidente Lula cometeu? Receber apartamento? Ele não recebeu. Não é do presidente Lula. Qual o favor que ele fez? O juiz diz que não precisa ser específico. Isso é um absurdo. O Brasil está sendo criticado por essa sentença. Todos os veículos criticam a sentença. Não se pode cometer uma injustiça dessa contra um inocente e, por isso, vamos resistir” afirmou.
Gleisi disse que o PT não corre risco de ficar de fora da eleições 2018 e que o partido vai insistir na candidatura de Lula, mesmo com a situação jurídica frágil.
“Não está isolado que o PT tem apoio de 40% da população. Com todas as acusações levianas, com toda a perseguição que o Lula sofreu, chegando a matar a Marisa, perseguição de seus filhos, humilhação a população brasileira está do lado do Lula. Não posso considerar que um homem que tenha 40% da aprovação popular, depois de tudo isso, fique isolado”, esclareceu.
A presidente do PT, falou ainda que Lula ainda tem recursos e embargos para serem feitos no tribunal. “Acho que esse processo vai para o fim de setembro. Até lá Lula já está no processo. Chegamos num estágio do ponto de vista inclusivo que vai ser algo ruim para o Brasil tirar uma candidatura que está vencendo. As instituições do Brasil vão ter que refletir muito sobre ferir esse processo”, afirmou.