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Segue o embate entre patrões e trabalhadores da cerâmica

Sindicato patrona emitiu nota sobre o assunto enquanto trabalhadores fazem mobilização nas empresas

Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 16/02/2021 - 16:59
Fotos: Divulgação
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Ainda sem um acordo sobre o reajuste salarial, trabalhadores e patrões do setor cerâmico seguem um embate. O sindicato laboral organizou uma mobilização e está indo às empresas falar com os ceramistas. Enquanto isso, o Sindiceram emitiu nota sobre o assunto na tarde desta terça-feira, 16. 

O texto do sindicato patronal fala que as negociações iniciaram em dezembro 2020 com continuidade em janeiro e fevereiro. “Chegamos a momento de impasse, sem avanços, mesmo tendo o sindicato empresarial apresentado nova proposta mais aderente à convenção coletiva anterior, não ocorrendo a contrapartida no mesmo rumo pelo lado laboral. Em face do ambiente conturbado que se estabeleceu, para evitar prejuízos desnecessários às nossas relações e para não prejudicar os trabalhadores pela postergação indefinida da negociação, decidiu o Sindiceram buscar a interveniência da autoridade judiciária através do instrumento da mediação pré-processual do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT/SC) a acontecer nos próximos dias”, firma a nota do sindicato.

O Sindiceram propõem que as empresas reajustem 5,45% dos salários de até R$ 3,7 mil. E reajuste escalonado decrescente em que um salário de R$ 5,7 mil terá reajuste mínimo de 5,06%. Já os salários acima de R$ 5,7 mil serão tratados em livre negociação, empresa e trabalhador e reajustes retroativos a 1º de janeiro 2021. “Preocupadas com o bem-estar de seus trabalhadores decidiram as empresas já aplicar na folha de pagamentos a ser recebida dia 5 de março os reajustes acima citados, incluindo os valores retroativo ao mês de janeiro. Estamos propondo manter inalterado o piso da categoria, principalmente para proteger a competitividade das empresas menores em que o trabalho manual é mais intensivo. Porém é importante ressaltar que aqueles que hoje ganham o piso de R$ 1.817,00 também terão o reajuste de 5,45%. O piso salarial dos ceramistas é o mais alto de todas as convenções coletivas de Santa Catarina. O Abono de Férias é o principal entrave nas negociações, pelo fato de ser discriminatório ao ser pago pelas empresas apenas aos empregados filiados ao sindicato laboral. As empresas se propõem a manter este abono repartindo o valor que hoje gastam nesta conta entre todos os seus empregados. Hoje as principais companhias da região, que abrangem mais de 75% dos empregados da categoria, adotam práticas de gestão corporativa com preceitos de conformidade legal e ética exigidos pelos seus investidores. Práticas do passado em que donos de empresas assumiam para si determinados riscos não são mais admitidos ou autorizados aos gestores profissionais. A participação de uma autoridade judiciária e legitima nesta decisão trará segurança a todos, às empresas e ao sindicato laboral. Propomos manter o pagamento dos adicionais de Horas Extras e de Horas Noturnas da mesma forma como é feito atualmente, sem prejuízo a ninguém. Apenas propomos que para os novos contratados sejam adotados os percentuais previstos na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. E ninguém será despedido por causa disto. Em primeiro lugar porque as empresas não querem perder seus empregados experientes e treinados”, diz outro trecho da nota. 

Jornada de trabalho

O texto divulgado pela entidade ainda segue tratando da jornada de trabalho e trata do que chama de “informações que estão sendo distorcidas”. “Além das modalidades de turnos já consagradas na região, pretende-se obter a autorização, para as empresas que o quiserem, para uma jornada especial de 12 por 36. Esta jornada vem sendo amplamente adotada em muitos estabelecimentos industriais no Brasil e no mundo. Um de seus atrativos é permitir que o trabalhador tenha folga em final de semana completo a cada quinze dias. Permitir esta jornada significa favorecer o contato dos nossos empregados com seus familiares. Ganho Real: as negociações no Brasil hoje não têm contemplado ganho real. No nosso caso, mais que 70% dos empregados das cerâmicas já participam de programas de participação em resultados das empresas, além de serem contemplados com a existência de benefícios diversos praticados a critério de cada uma das empresas: planos de saúde e odontológico, vales-alimentação, etc. É lamentável que muitas destas informações venham sendo distorcidas, acrescentadas de inverdades, através de panfletos, vídeos e áudios em aplicativos de mensagens eletrônicas e em reuniões informais em portas de fábricas. Reiteramos que vivemos em ambiente de grande incerteza e instabilidade. Temos esperança no sucesso das vacinações que se iniciam. Mas tememos a continuidade do elevado número de contaminados e de óbitos, sobrepondo-se ao já elevado índice nacional de desemprego, grande deficit público, desvalorização do Real. Também acentua este ambiente incerto a demora e a falta de rumos claros das tão esperadas reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa. Por isso temos avançado com cautela e moderação na negociação da Convenção Coletiva do Trabalho de 2021, e pedimos o mesmo comportamento a todos envolvidos neste processo”, completa a nota.

O querem os trabalhadores

Os trabalhadores pedem a renovação da atual convenção coletiva com aumento real de 3% e alegam que os patrões querem congelar o piso salarial em R$ 1,8 mil, estabelecer para novos contratados que não sejam da linha de produção mínimo estadual como piso de R$ 1,4 mil, reduzir o adicional noturno de 30% para 20%, as horas extras dos feriados e domingos de 100% para 50% e o abono de férias dos sócios em R$ 1,2 mil estender para todos os trabalhadores, mas com valor de R$ 600. “O trabalhador está consciente, o acesso à internet é uma ferramenta poderosa, todos sabem pesquisar, fazer contas e, principalmente, constatar que nunca os patrões foram tão injustos com seus empregados; no mesmo momento em que a produção e as vendas estão em 100%, o sindicato patronal, motivado pela Duratex, quer promover a maior e mais injusta retirada de direitos dos ceramistas de Criciúma e região”, comenta o presidente do Sindicato, Itaci de Sá.

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