Neste mês de setembro alusivo à conscientização, a Câmara de Vereadores de Criciúma tem cedido seu espaço para debater sobre o tema com os envolvidos nas ações em prol da vida. Após receber representantes da Casa Guido, que explanaram sobre o Setembro Dourado, que trata sobre a importância do diagnóstico precoce acerca do câncer infantojuvenil, a Casa Legislativa recebeu voluntários do Centro de Valorização da Vida, o CVV (188).
Estiveram presentes na Tribuna Livre os voluntários, Carlos Alberto Fernandes e Maria Aparecida Ferreira, a Cida, a convite do vereador Juarez de Jesus (PSD), que também é voluntário do CVV. Carlos Alberto e Cida detalharam os serviços ofertados e esclareceram as dúvidas dos vereadores. O CVV completou 60 anos de atuação no Brasil sendo conveniado ao Ministério da Saúde e declarado de utilidade pública. Há 18 anos possui seu posto de atendimento em Criciúma, na Rua Coronel Pedro Benedet, área central da cidade, no Edificio Martinho Acacio Gomes, salas 321 e 322. Pelo país, são 125 postos de atendimento presencial e mais de 4,5 mil voluntários.
Os voluntários ressaltaram que o serviço prestado é 100% voluntário. Quem tiver interesse em auxiliar nos atendimentos é necessário ter mais de 18 anos e se cadastrar no site oficial do CVV no programa de seleção de voluntários. A carga voluntária é de quatro horas por semana, sendo necessária a disponibilidade para capacitação - muitas delas realizadas de forma on-line -, pois exige conhecimento constante do voluntário, além da vontade de ajudar. "Por vezes as pessoas querem ajudar, mas acabam se intrometendo nas escolhas e o CVV ensina até onde podemos ir para que a outra possa trilhar o seu caminho", advertiu Carlos Alberto.
Em todo o país, são cerca de 12 mil ligações ao dia, nas 24 horas de atendimento, todos os dias. O número 188 é centralizado, ou seja, não necessariamente quem ligar da cidade será atendido por um voluntário local. O sigilo e o anonimato também são garantidos.
"Não perguntamos nem o nome, nem a cidade. As histórias também ficam em total sigilo. Em Criciúma contamos com 30 voluntários. Apesar de ter outros meios de atendimento, a maior demanda é via 188. O foco é o apoio emocional e de prevenção ao suicídio", esclareceu Carlos Alberto reforçando que, além do número 188 e do atendimento presencial, o CCV ainda tem outros canais disponíveis como o site, chat, e-mail e até carta.
Ajuda
O CVV é mantido pela Associação Mantenedora do Apoio à Vida (AMAVI), com aporte financeiro de voluntários que arcam com uma ajuda mensal para os custos (contas, realização de cursos), como ainda realizam ações para angariar recursos. Neste sábado (17), voluntários estarão promovendo o Pedágio Pela Vida nas ruas da área central e dos bairros, Próspera e Pinheirinho, das 8h às 12h, após dois anos sem atividades externas, por conta da pandemia, visando ajudar na manutenção.
"Nosso foco são os atendimentos. O CVV é uma via de mão dupla. O voluntário que vai ajudar é muito mais ajudado, capacitado, acaba recebendo a sua contribuição para a evolução espiritual. O CVV é acolhimento. Quanto mais eu me conheço, mais eu me gosto, mais eu posso entregar ao outro. Somos, no fim, ajudados", colocou Cida, informando ainda que há voluntários desde o início do CVV em Criciúma ainda atuantes. A coordenadora, por exemplo, tem 80 anos, e faz questão de seguir ajudando. "A gente passa a olhar a vida de uma forma totalmente diferente", complementou Carlos Alberto.
Atento aos sinais
Carlos Alberto alertou que alguns mitos precisam ser quebrados, como o de quem avisa que irá atentar contra a própria vida acaba não o fazendo. "Fique atento se a pessoa era muito extrovertida e fica introvertida, se gostava de sair e não mais, se era vaidosa e agora não se arruma", enumera. "Existe sim a recorrência. Pessoas que ligam para o CVV há 20 anos. Que dizem que somos a família dela. Que ligam no Natal, na virada de ano, para conversar e dizer que ´hoje estou aqui por causa de vocês e não posso deixar passar essa data´", emendou.
Segundo ele, a maior incidência atual de suicídio ocorre entre jovens de 14 a 29 anos, sendo a faixa etária mais suscetível. Ainda não há uma estatística oficial, mas a pandemia também demonstrou certo agravamento. "As dores, os anseios, as seguranças, são muito semelhantes. Ultimamente estamos envolvidos o tempo todo, com trabalho, com as redes sociais. As pessoas estão perdendo o real contato, o cara a cara, o carinho, o abraço, o aconchego, o acolhimento. Isso tudo é necessidade do ser humano. Precisamos disso e esse contato faz falta", salientou o voluntário.