Nesta quinta-feira (24) foi ao ar, no Programa Adelor Lessa, a quinta entrevista da Série Presidenciáveis. Dessa vez o entrevistado foi Ciro Gomes (PDT-CE), que falou com o repórter Décio Batista sobre sua carreira, possível candidatura, planos para o Brasil e sobre os demais presidenciáveis.
“Posso dizer que tenho 40 anos de vida pública nunca respondi a um inquérito, nem pra ser absolvido, que nada mais é que minha obrigação” disse Gomes.
Segundo Gomes, ele foi chamado pelo PDT para ajudar a formular uma estratégia que compreenda o Brasil e como o país chegou a essa situação tão grave. O objetivo do presidenciável é construir saídas e alternativas para que o país "celebre um novo plano nacional de desenvolvimento".
"Nesse sentido eu sou o mais treinado dos possíveis candidatos que se conhece nesse momento", afirmou.
Sobre os outros possíveis candidatos Jair Bolsonaro (PEN), Geraldo Alckmin (PSDB) e João Dória (PSDB), Ciro declarou: "Desculpa. Eu não consigo visualizar esses senhores como adversários".
O presidenciável revelou que cogitou abandonar a carreira política por entender que que já cumpriu suas obrigações com o Ceará, mas abandonou a ideia e tem se dedicado a estudar e compreender o Brasil e ideias para tirar o país da situação na qual se encontra.
“Me comove lembrar que o Brasil tem 14 milhões de desempregados, 10 milhões de brasileiros empurrados para a informalidade. Sem falar que a violência está matando os jovens pobres, ante uma impotência e uma degradação do estado brasileiro”, declarou.
Sou aquele que melhor pode dizer a população que é descente, sou talvez o único político com essa linha de comportamento que nunca aceitou receber as três pensões imorais que a lei me dava direito de receber, estou contando isso agora para discutir o que o pais está vivendo
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Economia
Para Ciro Gomes, o recesso econômico pelo qual o Brasil está passando acontece por duas razões. “O governo inexplicavelmente patrocina a maior taxa de juros do mundo. No momento que se tem deflação nos preços e taxa de juros internacionais, temos mais despesas com juros e menos receitas. Isso causa o maior rombo em contas públicas da história do Brasil” explicou.
Privatização da Petrobras e Eletrobrás
O presidenciável se declarou “radicalmente contra” a privatização da Petrobras e da Eletrobrás. Segundo ele, nenhum país do mundo deve entregar suas funções regulatórias para multinacionais.
“É muito sofisticadamente delicada a gestão dessas empresas. Por que entregar isso a multinacionais, criando um passivo externo líquido e obrigando o Brasil a pagar preços internacionais pelo petróleo?”, questionou Gomes.
Reforma da previdência
Ciro Gomes se disse a favor da Reforma da Previdência, mas não da forma que está sendo tratada, tirando dos mais humildes e mantendo confortos de outros. "É uma selvageria, que deixa os procuradores, juizes, magistrados e políticos com seus privilégios enquanto quer colocar a mulher brasileira, que já tem dupla jornada, com idade igual de homem".
Fundão
Sobre o fundo de R$ 3,6 bilhões vindos do dinheiro público para financiar campanhas políticas, que está previsto na PEC da Reforma Política, Gomes se declarou contrário e disse ser um “bofete na cara do povo”.
“Falta dinheiro para tudo e agora você vai transformar campanhas mais caras com o único objetivo de proteger esses canalhas que tomaram a maioria do Congresso. Esse sistema é pra preservar [cargos políticos], pois acaba com os votos indentitários dos movimentos feministas LGBTs, ecológicos e entre outros”, contou.
Lula
Ciro Gomes declarou que não vai apoiar Lula caso se candidate e apontou o ex-presidente será seu adversários nas Eleições 2018, caso o PDT decida por sua candidatura.
“Já ajudei o Lula muitas vezes, mas estou cansado de explicar as contradições do Lula e do PT. É impossível que alguém considere que o Lula é o único capaz de fazer algo bom pelo Brasil”, afirmou.
Temer
O presidenciável classificou o Governo Michel Temer como "um desastre". “Tudo de ruim que nós podíamos ter, estamos tendo”, declarou. Gomes disse ainda que Temer só permanece no cargo de presidente porque comprou as pessoas. “Ele paga para os deputados para deixar ele lá. Esse é o fundo do poço que nós chegamos no Brasil”, explicou.
Como acabar com a corrupção no setor público?
“Pelo exemplo e pela inovação institucional. Se o de cima rouba, todo mundo rouba. Se o de cima não rouba ele tem autoridade para punir os que roubam. A impunidade tem sido a regra”, declarou.
Lava Jato
Quando questionado sobre a ser a favor ou não da operação Lava Jato, Gomes foi direto: “Claro! Quem não seria sendo sério?!”.
Mas disse que há ‘muito exibicionismo’ que tirou o equilibro dos Órgão do Ministério Público. “Não deveriam estar se exibindo dessa forma, porque o que é bom para o país não é uma justiça que se exiba”, disse.
Para o Brasil
Para Gomes, o Brasil precisa ter um projeto de desenvolvimento para voltar a crescer. “O Brasil precisa celebrar algumas agendas do século 19, uma delas é fundar uma burocracia pela meritocracia. Precisa também de uma agenda do século 21, para criarmos um ambiente onde a inovação tecnológica possa vir se servir de empreendimento aos jovens capitalizados do país”, finalizou.