Uma cidade ao nível do mar e com quadra de saibro. Essas eram as principais exigências de Jaime Oncins, capitão do time brasileiro na Copa do Davis. Condições atendidas e, de brinde, Jaime ganhou um clube estruturado e uma torcida vibrante. Essa é a tônica da Copa Davis, competição mais próxima ao formato de seleções no tênis, esporte tradicional pela individualidade.
Na Copa Davis o jogo é individual, mas o sentimento é coletivo. O time do Brasil se cobra, mas também se apoia. E a torcida vai no embalo. Na sexta-feira, 13, o Mampituba esteve praticamente lotado. Os jogadores elogiaram a presença da torcida, que incentivou ao longo das mais de quatro horas do primeiro dia de jogos na Copa Davis.
Jaime: "A torcida compareceu, torceu, eu peço para que neste sábado venham em peso, participem com o jogador, torçam e gritem. O jogador precisa disso dentro de quadra, essa energia que a torcida traz é muito importante. É uma das coisas boas de se jogar a Copa Davis em casa", pontuou Jaime Oncins.
Essa energia positiva do torcedor também foi apontada por Thiago Monteiro, que venceu seu primeiro confronto na Copa Davis nesta sexta. "A gente foi muito bem acolhido, desde o primeiro dia. A torcida fez um bom papel nesta sexta, mesmo em dia de semana, o pessoal compareceu, apoiou bastante e trouxe bastante energia. Jogar em casa é diferente, é meu segundo confronto de Copa Davis em casa e sem dúvidas dá uma motivação extra".
Hora certa para apoiar
A torcida no jogo de tênis tem um comportamento diferente do futebol, esporte de maior paixão nacional. É proibido qualquer manifestação enquanto os pontos são jogados, pois podem desconcentrar os jogadores e o tênis exige concentração máxima. Por isso, o apoio vem no intervalo dos pontos e no intervalo dos games.
Se no futebol os cânticos são tradicionais, no tênis as tradições são diferentes. É muito comum a ola, por exemplo, assim como os aplausos em progressão antes dos pontos decisivos. O que se viu no Mampituba nessa Copa Davis foi um misto entre a torcida do futebol e a do tênis.
Uma charanga esteve presente, contratada para apoiar os jogadores. Algumas vaias foram direcionadas aos jogadores de Barbados quando houve reclamações contra a arbitragem, por exemplo. Mas a tônica foi mesmo a festa e o apoio - sempre entre os pontos, nunca durante eles.
Adversários carimbam elogios
Haydn Lewis, tenista de Barbados, aparece até o momento como a figura da competição. Sem competir na ATP desde 2013, desde o começo ele deixou claro que jogar contra os atletas brasileiros seria uma honra. Ele optou por aproveitar cada momento em Criciúma.
Mesmo com a derrota iminente contra Thiago Monteiro, Lewis levou a torcida ao delírio. No penúltimo ponto do jogo, quando perdia por 40 - 0 o game final, conseguiu um lindo winner e recebeu a recompensa. Foi aplaudido pela torcida, entrou na onda e aproveitou para fazer uma dancinha no meio da quadra, arrancando ainda mais palmas. Um show à parte.
"Eu voltei a jogar profissional há apenas um ano. Eu estou feliz de ter essa oportunidade. Para mim, na minha vida, o mais importante é me divertir. Antes eu sempre pensava tenho que ganhar e isso não era divertido. O quer que eu esteja fazendo, procuro sempre ver o lado positivo", celebrou Lewis.
O capitão de Barbados, Damien Applewhaite, cumprimentou o povo criciumense pela atmosfera na quadra. "Eu acho amável. A torcida é muito amigável, torce para o Brasil mas não é hostil conosco, tanto que aplaudiu o Lewis. Gostei muito, especialmente o cara do trombone (membro da charanga)", divertiu-se Applewhaite. "Eu só dancei para ver se conquistava alguns fãs", completou Lewis.