O Sul do estado terá uma forma paliativa de suprir a alta demanda de gás necessário para atender a indústria da região, já que o gasoduto existente precisa ser ampliado.
O presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc, Otmar Müller, explica que, pelos próximos três anos, será trazido gás liquefeito de São Francisco do Sul até Içara, onde uma usina de regaseificação será construída. “Hoje consumimos pouco mais de 1 milhão de metros cúbicos por dia, mas temos capacidade instalada em indústrias de 1,2 milhão de metros cúbicos por dia. Tem fábrica trabalhando abaixo da capacidade por falta do gasoduto. Existe um projeto de ampliação da capacidade do gasoduto, mas é complexo e deve demorar três anos”, explica.
Müller usa a expressão “nós não conseguimos viver sem gás”, para destacar a importância que ele tem para a economia local. “É a única alternativa de energia térmica que temos. A outra é o gás de cozinha, mas não tem logística para atender as empresas com botijão. Na região de Criciúma enfrentamos um problema em que o gasoduto já não atende mais a demanda, então será feita esta alternativa provisória”, diz.
Aumento do preço e liminar
Nesta quinta-feira, o juiz Rudson Marcos, do Plantão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, atendeu ao pedido feito pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE/SC) na Ação Civil Pública ajuizada nesta quarta-feira, 29, e determinou que o preço do gás natural comercializado no Estado permaneça inalterado até o mês de abril de 2022. O despacho foi publicado no final da manhã desta quinta-feira, 30.
Na decisão, o magistrado afirma que o impacto causado com eventual vigência dos novos preços estipulados pela Petrobras “é imensurável e irreversível, impactando negativamente no desenvolvimento econômico do Estado”. Ele destacou ainda que pedidos semelhantes foram deferidos pela Justiça de outros Estados. “Estamos empenhados neste assunto, trabalho este assunto há alguns anos, mas nesta ameaça recente, tivemos conversas com a União, Governo Estadual e órgãos. No âmbito federal, não obtivemos nenhuma resposta, enquanto no Estado, que na verdade tem pouca gestão sobre o assunto, assumiu o papel de defensor dos consumidores através da Procuradora Geral, entrou com esta liminar. É um fato importante para a indústria de Santa Catarina”, ressalta Müller.
O que a elevação do preço representa para as indústrias
Com a liminar concedida, as condições e o preço do gás natural industrial, comercial, residencial e veicular não poderão ser reajustados até o mês de abril de 2022, sob pena de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. “O aumento como estava anunciado significaria uma inflação de 13% a 15% nos custos. Prejudicaria a indústria do estado, pois somos exportadores para locais onde o valor do gás é menor, o que acabaria reduzindo a produção em Santa Catarina”, pontua.