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Uma força-tarefa em nome da segurança

Na primeira edição, Toda Sexta publicou reportagem especial sobre as obras nas encostas da SC-390, na Serra do Rio do Rastro

Francine Ferreira / Toda Sexta Lauro Müller, SC, 02/10/2020 - 17:25 Atualizado em 02/10/2020 - 17:27
Fotos: Guilherme Hahn / Especial / Toda Sexta
Fotos: Guilherme Hahn / Especial / Toda Sexta

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A revista e jornal Toda Sexta estreou na última sexta-feira, 25, apresentando reportagem de capa sobre a Serra do Rio do Rastro. A reportagem visitou as obras nas encostas, que estão em andamento para conferir maior segurança a quem trafega pela SC-390. A reportagem é da jornalista Francine Ferreira com o repórter fotográfico Guilherme Hahn, conteúdo que o 4oito vai reproduzir. Confira:

A beleza exuberante da Mata Atlântica em um vale repleto de subidas íngremes e paredões. Um local mágico e com visual esplêndido, que nas últimas décadas tem cedido espaço – sem perder sua maestria – às curvas sinuosas de um caminho à evolução.

Em um ambiente onde natureza e sociedade tem caminhado sempre lado a lado, a trilha na mata, inicialmente aberta pelos tropeiros para transporte de mercadorias entre planalto e litoral, deu espaço à uma estrada de chão batido nos anos 1950, e tempos depois, na década de 1980, a uma pavimentação histórica para Santa Catarina, por ser a primeira do Estado onde utilizou-se concreto ao invés de asfalto.

De Lauro Müller a Bom Jardim da Serra, com seus 24 quilômetros retorcidos em 284 curvas – que conferem ao local um verdadeiro visual de cinema –, a Serra do Rio do Rastro é considerada por muitos, a mais bela das estradas de Santa Catarina. Um caminho, que no topo alcança uma altitude de 1.421 metros, que chegou a ser eleito o mais espetacular do mundo por uma revista espanhola.

Uma beleza natural que, ano após ano, leva cada vez mais de pessoas ao local. Um ponto turístico reconhecido, que proporciona desenvolvimento econômico, que, por sua vez, clama por mais segurança.

Uma necessidade que fez com que o poder público, em 2020, destinasse mais de R$ 19 milhões – em recursos provenientes do Ministério do Desenvolvimento Regional – em intervenções para evitar quedas de blocos e movimentação de massa em 25 pontos mais críticos dos paredões rochosos da SC-390, como é oficialmente denominada a famosa estrada da Serra do Rio do Rastro. 

Limpa, prepara e protege

Com o trânsito completamente bloqueado para tráfego na maioria do tempo, por conta da complexidade do projeto, os pontos críticos – definidos em um levantamento de riscos realizado pela Defesa Civil em 2018 – recebem diariamente inúmeras máquinas e dezenas de profissionais altamente capacitados, que precisaram até mesmo se tornar alpinistas para o desenvolvimento de suas respectivas funções nas alturas dos paredões da Serra.

Ao chegar mais perto dos pontos que já recebem as melhorias, o que se vê é uma atuação ritmada de 80 trabalhadores, que se complementa a cada fase da obra. 

O geólogo Jorge Dinis, que é o gestor do contrato da empresa Teixeira Duarte e, consequentemente, responsável geral pelos trabalhos de contenção que vêm sendo realizados na Serra do Rio do Rastro, explica que a primeira tarefa realizada é a limpeza do ponto crítico, onde futuramente serão fixadas as telas de contenção. 

Inicialmente, profissionais içados em cordas no topo do penhasco, retiram de todo o local a vegetação existente, além de terra e rochas que já estejam soltas. Em seguida, outra equipe faz a parte de perfuração e injeção de grampos para que, em uma terceira etapa, uma tela de alta resistência possa ser devidamente instalada. 

“É um trabalho bem complexo, feito em altura. Atuamos de ponto para ponto, ou seja, há uma equipe para limpar, depois entra o time de perfuração e, em seguida, os que irão colocar a tela. Assim vamos subindo a Serra, trabalhando de forma simultânea”, completa.

Intervenção no momento certo

Como toda obra, a intervenção na Serra do Rio do Rastro causa transtornos aos que vivem nos arredores ou àqueles que utilizam a SC-390 como rota para locomoção. No entanto, conforme Dinis, os trabalhos de contenção estão sendo realizados no momento certo. 

“Os taludes estão precários, em muito mal estado e, por isso, o risco de queda é elevado, o que requer uma avaliação diária de nossa equipe. Então podemos dizer que, sem dúvidas, essa obra vem no momento exato”, acrescenta o geólogo.

As telas de contenção que serão instaladas, são compostas por um aço especial de alta resistência, importado da Suíça, cujo metro quadrado pode aguentar um peso de até 15 toneladas, ou algo em torno de uma retroescavadeira caindo de um edifício de 30 metros. 

Um material que só precisará ser trocado caso haja algum incidente específico que venha a danificar a estrutura. “É claro que não serão eternas, mas estas telas tem uma proteção contra corrosão e um sistema bem forte, então acredito que já não estaremos aqui para ver quando elas necessitarem de substituição”, avalia o gestor do contrato.

Cuidado rotineiro

E o acompanhamento da situação nas encostas da Serra do Rio do Rastro não termina com o encerramento desta obra, previsto inicialmente para fim de maio ou início de junho de 2021. Segundo o coordenador Regional Sul de Infraestrutura, Gustavo Taufembach, existem mais pontos que também são considerados perigosos e que ainda não foram incluídos neste programa de contenção.

“Então não podemos achar que depois das obras não vai mais cair material na Serra. Os mais críticos, aqueles que tinham mais reincidência de quedas, que sempre estavam dando maiores transtornos, são os que estão sendo atacados agora. Depois, o trabalho rotineiro de avaliação dos riscos permanecerá sendo realizado constantemente”, argumenta.

Olhando a longo-prazo, menos transtornos na jornada

Trânsito bloqueado na maior parte do tempo, barulho de maquinário e profissionais na pista. Momentaneamente, o cenário é, sim, de muito transtorno. Mas a longo-prazo, o que se vê no fim da jornada, é uma garantia muito mais duradoura. 

“O benefício que tudo isso trará para a segurança dos que transitam pela Serra do Rio do Rastro é imensurável. O serviço que está sendo realizado é inovador, uma vez que nunca antes em Santa Catarina havia sido adotada essa tecnologia em infraestrutura. Tudo isso vai evitar que episódios constantes de queda de blocos, até mesmo em cima de alguns veículos, voltem a acontecer. No fim das obras teremos uma Serra muito mais segura para as pessoas, e isso atrairá turismo e, consequentemente, investimentos e uma série de oportunidades para o local”, reforça Taufembach.

Em 24 quilômetros, 284 curvas. Para quem sobe a Serra do Rio do Rastro pela SC-390, a visão da jornada é sim, um dos maiores presentes. A beleza do verde em um vale de mata fechada que contrasta com o azul do céu e com os raios de sol dourados que batem nos paredões de rocha. 

Um cenário que é início de uma viagem encantadora pela cada vez mais turística Serra catarinense. Um percurso que, no fim da subida – já em Bom Jardim da Serra –, recebe os visitantes em um mirante com vista espetacular e recepção amigável de dezenas de quatis que por ali vivem. 

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