Pouco mais de um mês depois da sua eleição, o advogado Alexandre Farias renunciou ao cargo de vice-presidente de Administração do Criciúma. "Confirmo, sim. Hoje falei com o presidente Jaime, falei que estaria renunciado, protocolei o pedido por volta das 17h", informou Farias, em entrevista ao programa Ponto Final, na Rádio Som Maior.
"Eu vinha muito pressionado, o pessoal queria fazer eleições. Falaram na reunião do Conselho que eu tinha que renunciar também, eu fui eleito para assumir no lugar do presidente Jaime quando ele renunciasse, e eu não tive tranquilidade para trabalhar como vice administrativo. Estava muito pressionado e eu tive que tomar uma decisão, conversei com algumas pessoas, alguns empresários me ligaram pedindo para relevar, não bater de frente", alegou.
Caminho aberto
Farias contou que, com sua renúncia, o caminho está aberto para uma eleição presidencial, já que muito em breve o presidente Jaime Dal Farra e os demais membros da atual diretoria também deverão confirmar suas renúncias. "Tive algumas situações desconfortáveis hoje pela manhã, e tomei essa decisão afim de que o Conselho possa fazer essas eleições já em dezembro. Tomei essa posição de eu renunciar primeiro para não atrapalhar o processo sucessório do Criciúma. Tomei essa decisão, não me arrependo, cabe ao Conselho convocar", afirmou.
Em um primeiro momento, Farias tangenciou sobre suas expectativas com o futuro. "Pode ser um até breve ou pode ser definitivo, isso eu vou avaliar. Estava sendo muito difícil para mim suportar essas pressões", respondeu. Ele destacou que mantinha boa relação com o presidente Jaime Dal Farra, que não tem relação direta com a sua renúncia. "Eu sempre fui muito bem tratado pelo presidente Jaime, nós conversávamos toda semana, acompanhamos o treino juntos agora, no fim do dia, por volta de 17h, 17h30min, até esperava que fôssemos conversar amanhã sobre essa transição", ponderou. "Pensei muito e a decisão está tomada", emendou.
Dal Farra não interferiu
O ex-vice garantiu que o presidente nao colocou a sua renúncia como condição para seguir o mesmo caminho. "Nunca condicionou. Seria uma injustiça culpar o presidente", respondeu. Na sequência. ele confirmou que partia do Conselho Deliberativo a pressão que levou à sua saída do clube. "Eram pressões externas que eu estava recebendo no dia a dia, comentários. A mesa diretora do Conselho não queria que eu assumisse no lugar do Jaime. Eu recebi 59 votos no Conselho para ser vice do Jaime, isso me machucou", apontou, lembrando sua eleição e posse para o cargo no dia 29 de setembro. "Estava sendo difícil suportar essa rejeição, por mais que eles digam que não, eles não me queriam lá", detalhou.
Para Farias, caberia ao Conselho, agora, convocar novas eleições gerais, inclusive para renovação do próprio Conselho. "Esse Conselho poderia ter uma atitude nobre e chamar novas eleições, seria uma atitude nobre. Eles vão dizer que não pressionaram. Eles estavam tendo reuniões com investidores em vários lugares", comentou. Para ele, os conselheiros que estão articulando com possíveis investidores deverão em breve apresentar novas candidaturas à presidência. "Ah, com certeza deve aparecer candidato. Eu não quero atrapalhar o Criciúma", disse.
O que vai acontecer
E o futuro do Criciúma agora, como fica? "Eu tinha as melhores intenções para com o Criciúma. Infelizmente eu me senti rejeitado e resolvi tomar essa decisão para não prejudicar. Eu sempre defendi uma unidade, eu penso que deveríamos abraçar esse clube, o Conselho deveria abraçar, a torcida, a imprensa, os empresários, mas Criciúma tem algumas peculiaridades que não permitem que isso ocorra", considerou Farias. "Fico triste, saio chateado, vida que segue, vamos torcer para que alguém pegue", finalizou.
Além da crise política, o time vai mal dentro de campo. O Criciúma está em sétimo lugar no Grupo B da Série C, a apenas três pontos da zona de rebaixamento à Série D. O Criciúma volta a campo quinta-feira, 19, em casa, contra o Ypiranga.