Conhecido pelas suas passagens em grandes clubes do futebol brasileiro e pelo espírito de liderança dentro de campo, quase sempre estampado na braçadeira de capitão, o ex-jogador William Machado exerce hoje uma função um tanto quanto diferente - mas ainda sim com êxito. O Capita, como ficou conhecido no Grêmio e Corinthians, trabalha atualmente como assessor de investimentos do mercado financeiro, e contou algumas de suas experiências no programa 60 minutos desta quarta-feira, 3.
Desde pequeno William sempre contou com muita cobrança dos pais em relação aos estudos. Aos 13 anos, quando assinou o contrato com o América de Minas Gerais, a cobrança foi redobrada. Já aos 18 e 19 anos, conciliava a carreira de jogador com a de estudante de Ciências Contábeis.
“As matérias do curso me despertou o interesse, tomei gosto e fui comprando livros para estudar o tema. Quando não conseguia conciliar a faculdade e não dava para transferir, mergulhava nos livros atrás de informações. Foi quando comecei a ganhar mais dinheiro que vi a necessidade de saber investir melhor”, destacou.
O papel de capitão e o desempenho de líder dentro e fora do campo fez com que William se tornasse, muitas vezes, o jogador de confiança da comissão técnica - o que lhe fez o jogador de não confiança dentro do vestiário. Demorou um tempo para que no Corinthians ele fosse ganhando a confiança dos jogadores e então começou a falar mais sobre si e dar, sem pretensão, as dicas de investimento que estudava.
“A partir de 2009 comecei a compartilhar mais coisas com os atletas, orientando os mais jovens a tomarem cuidado com algumas propostas que chegavam, com volumes para aportar em produtos bancários. Próximo de 2010, para minha surpresa, alguns se aproximaram de mim para perguntar quando recebiam alguma proposta de investimento, e eu achei aquilo fantástico de poder ajudar”, ressaltou o jogador, que percebeu o gosto pela assessoria de investimento e já caminhava para os seus últimos anos no futebol.
Após ter se aposentado, William praticamente parou um ano, foi viajar para fora do país, estudar inglês e atuar auxiliando atletas a escolherem uma gestora de investimentos. Começou por definitivo, então, sua carreira no mercado financeiro. “Entrei para a Messem Investimentos, que hoje é o maior escritório de investimentos do Brasil vinculado a XP. Fiz uma prova, como se fosse a OAB mas para o ramo, e comecei a entender a atuação do agente autônomo”, pontuou.
Hoje em dia, o assessor de investimentos trabalha com uma gama de clientes em que cerca de 35% são atletas. Já o restante, a maioria, conheceram-o através de indicações e muitas vezes nem sabiam de sua carreira como jogador.
O erro dos jogadores que não sabem administrar o dinheiro
Capita ressalta que a carreira como atleta é, na verdade, uma armadilha que tem que ser descoberta o quanto antes pelo jogador. Isso porque quando muito jovem, aos 16 anos, muitas vezes o jogador já possui um contrato de mais e R$ 8 mil e acaba ganhando mais do que a própria família somada. “O sonho de todo adolescente na minha época era tirar a carteira e poder dirigir o carro do pai. Um menino de 17 que ganha R$ 30 mil consegue comprar um carro, ele com 18 faz o que todos gostariam de fazer, inclusive os adultos. A armadilha é: ele exponencializa todos os desejos mundanos”, disse.
Está aí a importância dos jogadores que possuem contratos milionários saberem não somente o que ganham, mas principalmente o que gastam, para saberem lidar com as próprias rendas e não quebrarem após a aposentadoria - algo muito comum no esporte. “Preste atenção em sua despesa, a despesa, no final das contas, é o que te mata”, declarou.