Em 1982, ano de eleição, mês de junho, praticamente véspera das convenções partidárias, o governo dos militares instituiu no país o “voto vinculado”. E já para fazer valer naquela eleição.
Naquele ano, se votava para todos os cargos. De vereador a senador (ainda não tinha eleição direta para presidente).
Com o “voto vinculado”, o eleitor era obrigado a votar em candidatos do mesmo partido. De cabo a rabo.
Em 2022, poderemos ter uma “eleição vinculada”. E não é pela lei.
A polarização entre Bolsonaro x Lula, dos números 22 x 13, aponta para isso.
Quem vota 22, é de cima até embaixo. Quem vota 13, também.
Aqueles que são Bolsonaro, querem ajudar a eleger candidatos do seu alinhamento.
A esperar o mesmo de quem vota Lula.
Pelo que está posto, os que são Bolsonaro, odeiam Lula, e os que são Lula, odeiam Bolsonaro. Isso em todos os municípios brasileiros.
Em 2018, muitos saíram de casa para votar “no Bolsonaro e seu time”.
Via de regra, nem queriam saber muito dos candidatos. Sendo do time do Bolsonaro, era o suficiente.
Na prática, funcionou o voto vinculado “de cabo a rabo”.
Neste ano, mesmo que não tenha aquela “onda" de 2018, quem votar Bolsonaro, não deverá escolher para outros cargos candidatos que sejam do time do Lula.
E quem votar Lula, não vai escolher candidatos bolsonaristas.
O 17 de ontem será o 22 de hoje.
O 13 de ontem será de novo o 13, com mais paixão.
Foi por apostar nisso que o presidente Bolsonaro “bancou" a candidatura de um desconhecido do grande público para senador pelo seu partido, o PL, no estado. Jorge Seif Junior.
É também por isso que Décio Lima, do PT, está batendo o pé e não admitindo abrir mão da sua candidatura a governador.
O que pode mudar um pouco disso é a operação que está em discussão no ambiente politico nacional.
Quatro partidos, de centro, estão tentando acertar os ponteiros para ter apenas um candidato, a ser definido por consenso. União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania.
Os dirigentes dos partidos, em projeções otimistas, até fixaram data para anunciar o candidato único. 18 de maio.
Não se trata de uma operação simples, mas se fechar, também vai “contaminar" os votos nos estados e para os demais cargos.
Se por cima tiver entendimento, nos estados os partidos terão que repetir a composição.
E dos acordos, devem sair candidatos unidos, também por consenso.
Por exemplo:
Saindo o acordo dos quatro partidos, o candidato a governador pode ser Gean Loureiro, do União Brasil, com o MDB indicando o vice (talvez Antídio Luneli, Carlos Chiodini ou Valdir Cobalchini).
PSDB indicaria o candidato ao Senado.
Isso se o acordo não acabar envolvendo outros partidos, que também estão ficando sem espaço diante da polarização Bolsonaro x Lula no cenário nacional, e sem nome forte para governador no estado.
Da mesma forma, o candidato pode ser Antidio, do MDB, com Gean de vice ou senador.
Um outro efeito possível é que o acordo dos quatro no ambiente nacional, que seria a concretização da tão falada terceira via, poderá isolar o governador Carlos Moisés ou levá-lo a se abraçar com Esperidião Amin e o PP.
Não esquecendo que o governador tem contado desde 2018 com o universo conspirando a seu favor.
Para muitos, isso é sorte. Para outros, é estar no lugar certo, na hora certa.
O que é fato é que Moisés fez a missão impossível de 2018 e, depois que assumiu, esteve em vias de ter mandato cassado duas vezes, mas deu a volta.
O rol de possibilidades consideradas acima, e mais outras tantas que nem foram citadas, mas que estão no debate político pré-eleitoral, anunciam que a eleição ainda está “aberta”.
Não dá para cravar favoritos.
De Décio Lima a Carlos Moisés, passando por Jorginho, Amin, Colombo, Antidio e Tramontin, todos estão no jogo. Qualquer um deles pode ser o governador a partir de janeiro.
Ainda mais depois que Moisés, desconhecido, foi o vice-campeão de votos no primeiro turno em 2018 e deu um banho no segundo.
Qual será a surpresa de 2022?