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Miguel Livramento diria: “esse Criciuma fax côsa!”

Por Adelor Lessa Edição 15/04/2022
Foto: Criciúma EC / Divulgação
Foto: Criciúma EC / Divulgação

Só o Criciúma para reunir aquela multidão no Nações Shopping, em plena segunda-feira, e naquele clima.
Era festa para comemoração de titulo.
As imagens que estão na página, fotos e vídeos, são de lá. Não são da comemoração de um titulo.
O Criciúma estava apenas apresentando as novas camisas e abrindo sua loja no shopping.

Futebol sempre mexeu comigo.
Desde garoto, gosto de ouvir e falar de futebol.

Meu primeiro trabalho no jornalismo foi setorista de futebol.
Minha primeira coluna em jornal foi sobre futebol.

Hoje, tenho mais de 60 anos de idade, 45 de profissão, e nunca vi nada parecido.

Lembro de quando o Flamengo chegou com o titulo mundial, e parou o Rio de Janeiro.
O Grêmio fechou Porto Alegre com a taça da Libertadores.
Mas, fazer aquilo que teve no Nações, numa segunda-feira, sem taça a levantar, e nada a comemorar, só o Criciúma.

Foi emocionante. De arrepiar e levar às lagrimas.

É preciso dizer, no entanto, que teve “culpados" por tudo aquilo.
Se não teve titulo, nem taça, teve craques envolvidos, responsáveis.
O primeiro deles, que liderou o processo, Anselmo Freitas.

Quando ele assumiu a presidência, o Criciúma tinha 900 sócios.
A torcida estava desanimada, distante, chateada, desligada. Basicamente porque não era ouvida.
Os jogos levavam públicos inexpressivos.
Havia se perdido pelo tempo aquela conexão time/torcida.

O clube havia se fechado entre poucos, o torcedor não se via representado, e não tinha canal de comunicação.
A gestão não passava confiança.

Foto: Enio Biz / 4oito

Para completar, logo que Anselmo assumiu, ainda tentando juntar os cacos, veio o rebaixamento no campeonato estadual. 
Era o fundo do poço.

Mas, ele foi lá e encontrou petróleo.

Fez uma reengenharia em todo o clube, passou a gerir tudo, ponta a ponta. Do futebol, ao financeiro, até a relação com os torcedores.
Com o seu celular, passou a responder em mensagens de texto ou áudio os torcedores que faziam reclamações.

Montou time novo, usou das suas relações para aumentar a arrecadação e atrair patrocinadores.
No fim do ano, o retorno, o resultado (ou, o petróleo). O acesso à serie B do Brasileiro.

E a partir dali, um novo momento se consolidou, Virou a chave.
A torcida estava mais próxima, a relação era outra. A festa no estádio pela conquista do acesso já foi uma loucura. Os bons tempos estavam voltando.

Depois, Anselmo montou uma nova diretoria, grupo comprometido, bem relacionado, respeitado pelo torcedor, competente, e que colocou a mão na massa.
A nova diretoria, com Anselmo à frente, manteve o motor ligado, e colocou pé no acelerador. Sempre em sintonia fina com a torcida.

Quando Vilmar Guedes anunciou a meta de 10 mil sócios, de louco foi chamado. Outros o taxaram de viajão, ou apenas um sonhador.    
Mas, ele tratou disso pessoalmente. Pegou como desafio. Bateu ponto no estádio. Começava o dia tratando disso, e só desligava na hora de dormir.

Um dia, me ligou ainda sentado na cama para trocar idéias de como fazer melhor a campanha.
Falava baixo, e justificou: “não posso falar alto que a esposa ainda está dormindo aqui ao lado”.

E os 10 mil foram atingidos.
E ontem, chegou a 11 mil.
E vai passar dos 12 mil.

Ganhando ou perdendo jogos, mas mantendo a relação com o seu grande “cliente”, e razão da existência do clube. O torcedor. 

Mas, não sai da minha cabeça aquilo tudo que aconteceu no Nações Shopping, na segunda-feira.
Que maravilha!

Foto: Enio Biz / 4oito

Eu não estava lá porque uma virose me jogou na cama. Na medida em que fui recebendo material, no entanto, a vontade era ir correndo, a pé, com virose e tudo, a meio mastro. Porque era demais. Inacreditável. Nem o mais otimista dos diretores esperava tudo aquilo.

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