A ideia de convergência midiática surge de uma tendência que os meios de comunicação utilizam para adaptar à internet. É nela que o jornalismo convencional faz uso de novas tecnologias para se aprimorar e se tornar mais eficiente na transmissão de informações para o público. Os jornais buscam se encaixar nas dinâmicas das páginas da web, as rádios tentam entender os formatos das web rádios e dos podcasts e tudo isso faz parte desse mundo comunicacional convergente.
É nesse contexto jornalístico de convergência midiática, em que quanto mais maneiras de mostrar determinado conteúdo, mais atrativo ele se torna, o Toda Sexta migra, a partir desta sexta-feira, 17, para o mundo totalmente digital. O caderno se desprende da limitação imposta por texto foto e passa a poder contar com mais recursos para relatar histórias e divulgar pontos de vista semanalmente. Porém, a história deste impresso não começa hoje. Já há um longo caminho percorrido até chegar nesta nova etapa.
Segundo o diretor-geral do Grupo, Adelor Lessa, a ideia de criar o Toda Sexta foi da colunista social Zuleide Herrmann e de João Pedro Herrmann. Ela desejava criar um caderno de variedades, com temas amplos, como o Donna, da Zero Hora. É nessa conjuntura que ele surge ainda no Jornal da Manhã, sendo distribuído semanalmente às sextas-feiras.
“Quando nós fomos discutir o nosso impresso, algumas alternativas de nomes surgiram e eu resgatei o Toda Sexta. Fui conversar com ela [Zuleide Herrmann] para pedir autorização para usar o nome e ela ficou envaidecida. Agradeci publicamente. A nossa ideia de dar o nome de Toda Sexta ao nosso impresso foi também para homenagear a iniciativa da Zuleide e do João Pedro”, contou Adelor.
A versão do impresso teve início em setembro de 2020, sendo um caderno totalmente diferente daquele criado por Herrmann. “Ele foi aperfeiçoando, foi arredondando. Hoje, ele está um jornal que não é factual, é extemporâneo. São matérias especiais, mais detalhadas e mais explicativas, fugindo daquela loucura do dia, prazo e hora”, lembrou o diretor-geral da empresa.
A reformulação no modo de distribuição do produto não foi uma ideia repentina. A migração completa para a plataforma digital já existente e o encerramento da impressão foram os objetivos de longas conversas, que duraram meses. “Essa decisão foi baseada no foco digital do 4oito. O conteúdo é o mesmo, mas a entrega é diferente. O processo vai mudar todo. A gente vai conseguir fazer mais coisas, a gente tem mais possibilidade. No impresso, só podemos usar foto e texto. No digital, vamos poder usar áudio, vídeo, podendo abrir o leque, além de torná-lo mais acessível”, argumentou o diretor-geral do Toda Sexta, Arthur Lessa.
Em relação à acessibilidade, o caderno jamais foi vendido. Ele sempre foi entregue em pontos de distribuição gratuitamente. Segundo Arthur Lessa, essa foi a ideia desde o princípio: não o comercializar, nem o disponibilizar por assinatura. As edições eram dispostas em diferentes lugares de Criciúma, onde as pessoas poderiam passar e simplesmente levá-las para casa.
Para Arthur Lessa, a nova fórmula de acesso do Toda Sexta é o que o torna especial. “O nosso negócio é o conteúdo, tanto que a gente não vendia o impresso. Então, para a gente conseguir focar mais no digital, depois de estudar os possíveis resultados, a gente resolveu pegar o mesmo conteúdo com a mesma qualidade e fazer uma entrega diferente. Por isso que eu digo que o diferencial do Toda Sexta é a entrega”, afirmou ele.
Além do modo de distribuição sendo o grande ponto positivo da nova mudança, outra vantagem apreciada é a quantidade de pessoas em que o conteúdo pode chegar. Nessa versão, não há limites de alcance, o que era imposto pelo impresso. A demanda de imprimir, receber da gráfica e distribuir todo o material por Criciúma não permitia, mesmo já contando com uma edição online, que mais leitores pudessem ter acesso às matérias.
“Um dos objetivos é entregar para muito mais gente do que a gente conseguia entregar, porque o impresso eu tenho de entregar e a gente sempre ficava limitado a Criciúma. Era físico, precisava de transporte. O on-line, não. A gente atende a população de Criciúma, a gente vai atender a Amrec [Associação dos Municípios da Região Carbonífera], a Amesc [Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense], a Amurel [Associação dos Municípios da Região de Laguna], o pessoal que mora em Florianópolis, de Boston (Massachussets, Estados Unidos), da Itália, da Alemanha, de Portugal. São só alguns exemplos de pessoas que não têm acesso aqui”, disse Arthur.
Ainda de acordo com o diretor-geral, não haverá mais empecilhos na hora de disponibilizar o Toda Sexta. “A gente vai conseguir entregar para todo mundo. Não tem tempo, não tem chuva, não tem distância, não tem engarrafamento na BR para chegar em outra cidade. A gente vai ter o mesmo cuidado, mais possibilidade de entrega de conteúdo”, garantiu ele.
A sexta-feira de estreia do novo formato será uma “passagem de bastão”, pois o impresso e o digital estarão disponíveis. A intenção é fazer com que o público que consome a versão física migre para o on-line. Por isso, será possível ter acesso às duas: uma vai levar a outra. Conforme Arthur, essa transição foi muito bem pensada para ser executada.
Então, o Toda Sexta vai continuar com seus conteúdos exclusivos. O que vai mudar é a forma de entrega, para deixar claro. Arthur até mesmo comparou essa alteração com o que uma gigante do entretenimento mundial adotou na sua forma de negócio. A plataforma de streaming Netflix nem sempre utilizou o esquema de visualização on demand digital como é conhecido hoje.
“A Netflix era um serviço que se alugava o filme pelo site para receber o DVD em casa. Aí era necessário colocar o DVD no aparelho para assisti-lo. Assim que fosse assistido, era preciso mandar de volta à empresa pelo sistema de entrega de correspondência responsável. As coisas evoluem. É muito parecido com o que a gente está fazendo com o Toda Sexta. Era uma entrega física que dá trabalho, leva tempo e o conteúdo é o mesmo. A gente está mudando o negócio”, afirmou ele.
O diretor ainda ressaltou que essa mudança promete uma evolução constante. A edição 65 do caderno será a primeira 100% digital, mas não será a melhor já feita. “É outro modelo. Cada uma vai ser melhor que a outra, porque isso é o natural do digital e é isso o que a gente quer aproveitar também, o quão mutável é”.
Novas etapas sempre geram sentimentos diferentes nas pessoas e com alguém que esteve à frente no processo de reformulação não seria distinto. Nesse momento, vem à mente todo o trabalho realizado nos últimos meses para a construção de uma nova fase, trazendo consigo ansiedade pela estreia, pelo modo como vai ficar e pelos resultados.
“Então, eu estou com uma expectativa muito grande. É um negócio que a gente discutiu há muito tempo e a gente dava prazo, que nunca chegava. Eu tenho uma pequena insegurança, uma pequena dúvida do que as pessoas vão dizer. Eu quero ver tudo o que vai rolar. Quero ver se tudo o que a gente planejou vai ser recebido no mercado como a gente imaginou”, revelou Arthur Lessa.