Amanhã, por este horário, vai estar começando a sessão do Tribunal do Impeachment que deverá dar fim no primeiro processo e recolocando Carlos Moisés em seu caso. Um vexame para Santa Catarina.
O senhor Moisés foi afastado do seu cargo, isso ganhou dimensão nacional, sob a alegação, que já era bastante discutível, de uma incorreção ao reajustar salários de uma determinada categoria ligada ao Judiciário. Ok. Convenhamos que isso já era bastante discutível. Ele foi afastado por isso. Quer dizer que nesse mês as coisas foram resolvidas, as convicções mudaram, ele não cometeu mais crime de responsabilidade e agora volta.
Segundo consta, o Moacir Pereira disse na Som Maior que tem desembargador mudando voto.
O que aconteceu nesse mês? Se não houve uma audiência, ninguém foi lá dar depoimento e tem gente mudando voto. O que aconteceu nesse mês? Vocês já se perguntaram?
É que nesse mês o governador dialogou, articular.
Olha, articular. Eu tenho um medo desse verbo, eu tenho um medo dos efeitos desse verbo.
Nós vamos ficar muito atentos a esse novo governo de Carlos Moisés. Mas muito atentos para ver se ele vai voltar com aquele discurso de "cortei privilégios", "me tiraram porque cortei privilégios, porque cortei as vantagens de alguns, mexi em contratos que reviraram, que remexeram com interesses de gente que agora me tira do poder", o senhor falou isso, Moisés.
E agora? Esperamos que mantenha a coerência ou a conjugação do verbo articular vai mudar o seu procedimento na sua volta? Estou tremendamente curioso.
É um vexame com letras maiúsculas que Santa Catarina está proporcionando. Mais um.
A mídia nacional se voltou para Santa Catarina, há pouco mais de um mês, falando em impeachment do governador, o governador foi afastado, o governador está sendo investigado, e um mês depois ele volta.
O que aconteceu nesse mês? Nos expliquem o que foi esse articular. Com quem ele se comprometeu, com quem ele se comprometeu?
Passou em quase brancas nuvens o gesto da sua sucessora Daniela Reinehr, que se elegeu com ele e estava rezando com o mesmo joelho no mesmo milho há um mês para não cair do cavalo, e a oração dela foi mais forte, há poucos dias ela revogou o tal gesto que culminou nessa discussão toda, o tal reajuste equivocado. Ou seja, era uma medida protocolar, cartorária, que poderia ter sido resolvida a qualquer momento e se transformou nisso, num impeachment, para que? Para emparedar o governador? Para que na volta ele venha com o discurso mansinho do articular para conversar com as pessoas, e nessas conversas estabelecer sabe se lá o que?
Esse novo governo Moisés será digno de um pente fino, será nessa volta que saberemos o preço que ele está pagando para a volta. O clarear do verbo articular só pode ser esse. Não consigo entender como as convicções mudaram em um mês em que nada aconteceu. Ninguém ouvido, nenhum depoimento, não juntaram nem um guardanapo com anotação nos documentos da investigação. E o governador vai voltar. E pessoas estão mudando voto.
E isso fala alguém aqui, em sua inexpressiva opinião, quem sou eu na fila do pão, mas lá atrás dizíamos, esse impeachment não se explica. Outra coisa é a questão dos respiradores, daí ele terá que dar outra explicação. Mas com esse vexame de agora fica uma situação muito constrangedora, mas se avizinha que o impeachment dos respiradores não vai dar em nada. Ou seja, Santa Catarina terá perdido meses, no meio de uma pandemia, que isto sim é prioritária, captando a atenção contra um governador que não articulava.
O que é articular? O que? O tempo dirá. Estejam atentos, catarinenses. Vem chumbo grosso por aí.
Este e outros comentários vão ao ar diariamente, às 9h, na abertura do programa Agora na Rádio Som Maior. Ouça na íntegra no podcast: