Há um ano e meio a Via Rápida era entregue como o grande investimento em infraestrutura na região. Mais de R$ 100 milhões empregados, mais de 20 mil veículos transitando por ela diariamente, o principal acesso a Criciúma convive hoje com um problema aparentemente menor mas que, como pano de fundo, oferece mais um exemplo da lentidão do poder público.
Ocorre que a obra simplesmente não está concluída ainda. Falta uma alça de acesso, faltam outros pequenos detalhes e resta iluminar. Com isso, não se estadualiza. Sem estadualizar, não se monitora. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) não está nela. A Polícia Militar vai quebrando o galho.
E com o Estado sendo "menos responsável", não se limpa. E o mato cresce. E crescendo, encobre placas, acessos, margens e cria um ambiente constrangedor, para não dizer perigoso. "Pode sair um animal do meio desse matagal todo e a gente não ver, e atropelar, e causar um acidente", foi o relato acertado de um entre tantos ouvintes hoje pela manhã na Rádio Som Maior.
De fato. percorremos a Via Rápida na manhã da última quinta-feira e conferimos um cenário que ali persiste. O matagal começa, para quem sai de Criciúma, um pouco adiante do limite com Içara, já dentro do território do vizinho município. Acontece que, há algumas semanas, quando homens da prefeitura de Criciúma faziam o corte do mato, eles erraram o cálculo e ultrapassaram a linha que divide as cidades. Resultado, foram até um ponto entre os viadutos da Primeira e da Segunda Linha.
A partir dali, o canteiro central é encoberto por touceiras espessas, mato alto mesmo. Fica difícil, conforme o ponto, ver o outro lado. Piora nas cabeceiras, nas laterais, onde a visibilidade comprometida atesta até contra a segurança de quem por ali passa. Em um dos viadutos, o mato encobre uma das cabeceiras.
Fomos até a BR-101. Fizemos o retorno pela alça que leva ao Balneário Rincão, via Acesso Sul. Voltamos à Via Rápida. Ainda nas alças, outras duas imagens constrangedoras. Uma parada de ônibus tomada pelo mato - não tivemos como fotografar, não há como parar ali - e em seguida a placa de inauguração - aquela mesma descerrada com pompa e circunstância no dia 20 de dezembro de 2017 - quase engolida pelo mato.
O cenário continua Via Rápida adentro. Outra lástima que verificamos, o abandono de lixo nas margens. Sacos, sacolas, garrafas pet, toda sorte de imundície atirada.
O abuso é tão grande por parte dos imundos "usuários" que espalham lixo pela estrada que nem as redondezas da placa cravada pela prefeitura de Içara para advertir o risco de multa aos emporcalhadores escapa. Ali tem lixo também.
Um pouco em frente, na alça de acesso ao viaduto da Terceira Linha, o matagal cobre a entrada de tal forma que é até difícil vê-la. Tanto no trecho junto à rodovia principal, quanto na borda da alça. Por um ângulo, é difícil identificar a pista secundária durante o dia, imaginem à noite.
E para ajudar, em outro ponto da viagem de retorno, ainda do lado dos matos altos e na Via Rápida içarense, fui abordado por uma dupla de caminhoneiros. Eles vinham do sul e, com uma carga de tubos, tentavam chegar em Siderópolis. Tive alguma dificuldade para indicá-los o melhor caminho. A existência de placas em profusão, uma necessidade para o trecho, atenuaria o problema para os que de fora não se encontram ali.
A destacar a posição da prefeitura de Içara, que segue inflexível na decisão expressada pelo prefeito Murialdo Gastaldon de não limpar a rodovia enquanto o Estado não definir a real situação dela. Criciúma limpa por conta, por ordem do prefeito Clésio Salvaro, que já tomou uma chamada de atenção por isso. Lamentavelmente.
Que a rodovia é bonita, ampla e extremamente estratégica e importante, não há o que questionar. Mas que ela precisa ser melhor cuidada, com a devida prioridade, é fato. A informação mais recente, de hoje, está na coluna do Adelor Lessa assinada pela colega Francieli Oliveira no Tribuna de Notícias desta segunda-feira. Falamos disso hoje cedo na Som Maior.
O lançamento do edital para iluminar a Via Rápida deve ficar para junho, portanto. Um alento rumo à demorada e necessária estadualização.