Era meio de tarde desta segunda-feira, 6. No clima da inauguração do Parque Centenário Altair Guidi, fomos até aquele prédio que já abrigou, por anos, o Ministério Público do Trabalho (MPT), para ver a quantas andava a estrutura que acolherá a Câmara de Vereadores. E foi um misto de decepção e entusiasmo. Decepção pelo estado de abandono em que encontrava-se esse patrimônio da União, que de sede de um braço do Judiciário tornou-se abrigo para moradores de rua e baderneiros. Mas entusiasmo pois está evidente que, pela estrutura arquitetônica, torna-se um lugar apropriado para bem receber o Legislativo criciumense.
Primeiro nos deparamos com o tapume que circunda todo o prédio, que dá suas costas para o Paço e tem a dianteira voltada para a Rua Palestina. Pela pequena abertura entre as tábuas, encontramos um pátio imundo. De garrafas plásticas a restos de comida, passando por lixo de toda a ordem até preservativos masculinos usados atirados no chão, a primeira impressão é das piores. Três pilares carcomidos dão a certeza de que o abandono mora ali.
Não há um vidro sequer no lugar. Nem portas. Muito menos tomadas ou fios. Toda a instalação elétrica foi arrancada, certamente porque no interior dos fios há o cobre que usuários utilizam para trocar por drogas. Há sinais evidentes, e muitos atuais, de que aquele andar térreo, com piso irregular, tábuas por toda a parte e uma espessa camada de poeira é utilizado como moradia.
As paredes estão pichadas. Muito pichadas. De frases vagas a pesados recados que podem ser associados a facções criminosas, passando por pensamentos e até um pouco de auto ajuda, encontra-se de tudo. Até um pouco de grafite há em algumas paredes, uma tentativa de arte em um espaço que impacta pelo estado atual.
No térreo há o visual de um hall, com portas pantográficas em dois pontos - uma voltada para o parque, outra para a Rua Palestina - e salas, várias salas. Dezenas delas. De menores a maiores, a carcaça de prédio que restou do abandono vende a certeza de que, feitos os investimentos necessários, o local ficará muito adequado à nova missão que cumprirá.
Por uma escadaria de três lances se alcança o andar superior, que começa com um largo salão cercado por algumas salas menores. Um observador menos atento ficaria crente de que tudo aquilo seria suficiente para abrigar a Câmara inteira, mas não será.
O setor administrativo ficará nesse prédio atual, a ser recuperado. Um anexo será construído, com três pavimentos, para abrigar plenário, plenarinho e os gabinetes dos 17 vereadores. E serão 17 mesmo, sem qualquer previsão de acréscimo futuro de número de cadeiras na Câmara.
Havia a intenção inicial de, no mesmo anexo, construir-se um estacionamento subterrâneo, já que defronte ao prédio há um pequeno local com vagas para carros. Mas garante o presidente Miri Dagostim (PP) - em seu último dia à frente da Câmara - que serão mais de 200 vagas disponíveis, levando em conta os espaços pertencentes ao Parque Centenário que estão próximos dali.
Em uma tentativa de acelerar a transferência da Câmara para 2020 ainda, é estudado o projeto de já abrigar os setores possíveis no prédio a ser reformado a partir de hoje - sim, a reforma começa nesta terça-feira, 7 - e alugar salas no Centro Executivo Forense, próximo dali, do outro lado da rua, para receber os gabinetes dos vereadores, desocupando assim as salas do Centro Profissional, no Centro, que serão utilizadas na transação para pagar a conta da construção da nova sede.