A prefeitura de Forquilhinha estava precisando criar vagas de eletricista, analista de recursos humanos, técnico em contabilidade e técnico em informática. Tentou uma vez, não conseguiu. Tentou a segunda, também não. Ontem à noite, na terceira, deu certo. Por cinco votos a quatro, os vereadores aprovaram.
É uma vaga para cada cargo. Quatro novos funcionários efetivos nos quadros do município. "Não são novos cargos", tratou de reforçar o vereador Célio Elias (PT), um dos cinco votos favoráveis junto com os colegas Adenor Polla (PP), Juarez de Oliveira (PP), Leandro Felisberto (PP) e Maciel da Soler (PMDB), que como presidente desempatou o placar.
Mas há um detalhe importante levantado pelos quatro que votaram contra. Há sinalização de um possível direcionamento, já que os beneficiados na lista de concursados para suprir as vagas exercem atualmente as mesmas funções na condição de comissionados, casos do técnico em contabilidade e do analista de RH. Os votos contrários foram de Érico D´Amorim (PSD), Leandro Loch (PSDB), Vanderlei Serafim (PRB) e Robertino de Souza (PDT).
O vereador Célio, na entrevista ao Jornal das Nove, ponderou que um ganha R$ 5 mil comissionado e, aceitando a nomeação, baixará seu vencimento para R$ 2,6 mil como efetivo. Retrucamos, afinal é óbvio e incomparável o benefício do efetivo perante ao comissionado.
Outro possível beneficiado com a mudança de status é, por coincidência, secretário de Administração e Finanças do município. "Ele é o segundo na lista dos concursados. Caso aceitar, ele abre mão do salário de R$ 7,6 mil como secretário para receber R$ 2,6 mil como efetivo. Mas já anunciou que não aceitará", informou o vereador Célio. Os favoráveis lembraram, ainda, que a criação das vagas diminui a terceirização no serviço público. No podcast abaixo, a entrevista que fizemos hoje na Som Maior com Célio Elias.
Vamos às considerações. Trata-se de mais um episódio do corriqueiro cenário da gestão pública brasileira. As formas, caminhos e jeitinhos para efetivar quem ainda não é efetivo. Assim, prefeituras tornaram-se as maiores empregadoras em grande parte dos municípios brasileiros, o que é um peso cada dia mais insuportável para o cidadão, que vive de pagar impostos principalmente para suportar o peso dessas máquinas. E em tempos de redução, de enxugamento, o serviço público é absolutamente incapaz de dar o exemplo do corte na carne. Será preciso ter tanto funcionário público no Brasil? A não ser que seja para atender interesses políticos menores, não.
Por essas e outras, como seria bom se a gestão pública fosse menos pública e mais privada. E que o dinheiro público fosse empregado com mais seriedade técnica e menos politicagem. Comentamos a respeito no Jornal das Nove de hoje.
O tema é detalhado hoje na página 5 do jornal A Tribuna, em matéria da colega Francieli Oliveira. Vale e muito conferir. E pensar no assunto.