O primeiro tempo foi apagado. No segundo, o Criciúma reagiu, teve chances, acertou o travessão e a trave com Marlon Freitas mas voltou derrotado de Pelotas. Após o 1 a 0 do Brasil sobre o Tigre - a sétima derrota tricolor em doze jogos na Série B -, o desabafo do técnico Mazola Júnior chamou a atenção no estádio Bento Freitas.
"A situação nossa é gravíssima, são doze rodadas e o Criciúma segue no G-4", lembrou. "Tem mais situações internas que precisam ser resolvidas. Lógico que não vou externar", disse. No todo das declarações, ficou a impressão de que a queixa do treinador é em relação à diretoria e a necessidade de reforços.
"Não podemos ficar achando que o problema era o treinador senão daqui a pouco o problema será o Mazola e a situação vai continuar como está", comentou, em um dos momentos agudos da entrevista coletiva. "Estou muito preocupado. Eu não quero ser demitido, não quero sair do Criciúma, quero fazer história e resgatar o Criciúma".
Mazola foi além, lembrando que a necessária reação não depende exclusivamente do seu trabalho, aí deixando a entender que os reforços não estão chegando na medida da necessidade. "Eu não vou aceitar passivamente essa situação. Algumas coisas não dependem só do meu trabalho", apontou. "Eu não quero ser mais um, estamos no quarto treinador, sem que essas situações sejam resolvidas".
"Temos que tomar atitudes drásticas para sair dessa situação", comentou o técnico. "Já detectei tudo o que precisa ser feito, é hora de fazer, não tem mais como protelar. Temos que tomar atitudes". Cabe lembrar que o Criciúma levou semanas para conseguir formalizar a contratação do lateral esquerdo Artur, e faz um bom tempo está nessa de contratar um lateral direito e um meia. E agora ainda quer um goleiro.
"Seria muito confortável para mim falar que em sete jogos eu perdi dois", disse. "Está mais do que ligado o sinal de alerta". Mazola chamou todos à responsabilidade no Criciúma. "Temos que levar todo mundo nesse raciocínio e não que melhorou, que estamos jogando bem", afirmou.
"Atitudes urgentes"
O técnico criticou, ainda, a postura do time no gol tomado. "Uma falta totalmente desnecessária, sabíamos que a bola parada seria o forte, no jogo jogado não seria". Mazola lembrou que "teve só a bola parada e um lance do meu zagueiro que complicou o goleiro", apontando para aquele recuo atrapalhado de Nino em que Luiz tapeou a bola pela linha de fundo. "Não podemos fazer uma falta daquelas, dar a única jogada que o Brasil queria. Fizeram o gol numa jogada que treinamos", insistiu. "Faltou um pouco mais de atitude e agressividade nessa bola parada".
Sobre as chances de gol perdidas, Mazola observou que "faltou capacidade e competência nossa para colocar a bola para dentro". "Assim como aconteceu em Barueri. Estamos fazendo só gol de bola parada", completou.
O treinador assegurou que não pede para sair. "Não, não. Sinceramente não espero que isso aconteça. Eu tenho certeza que isso não irá acontecer. Não tem prazo, não tem nada". E mais: "eu tenho um contrato com o Criciúma até o final do ano, da minha parte vou cumprir, não vou jogar a toalha". Ao voltar a insistir na tomada de atitudes, Mazola colocou que "temos que encarar a situação de uma maneira diferente. Não estou sendo pessimista, mas realista. A situação é muito grave".
Não são disciplinares os problemas no elenco do Criciúma. "Não. A situação que é grave. Temos todos nós no clube encarar e não achar que mereceu ganhar em Barueri e hoje". E ainda: "nesse sentido eu não posso falar um ai do grupo de jogadores do Criciúma". O técnico insistiu que é preciso mudar o foco das avaliações. "E nós falando que não estamos merecendo perder? É isso que precisa mudar".
Os gols sofridos em todo jogo seguem inquietando Mazola. "Estamos tomando gol todo jogo, é um sinal muito ruim". "As peças estão aí, estão treinadas. Se tem uma coisa boa no nosso trabalho é o trabalho", emendou. "Não tem mais desculpas. Temos que encontrar soluções".
Mazola descartou aumentar o período de concentrações dos jogadores. "Essa história de concentrar é até prejudicial. Esse tipo de problemas nós não temos". E emendou com um elogio aos atletas. "Os jogadores estão sendo fantásticos no trabalho de campo. Ninguém pode acusar nada". A reapresentação é hoje à tarde no CT Antenor Angeloni. No sábado da semana que vem, 30, o Tigre recebe o São Bento no Heriberto Hülse. Para este jogo, o treinador não terá o volante Jean Mangabeira e o meia Luiz Fernando, suspensos.