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Cinco meses, quatro técnicos, uma crise

Por Denis Luciano 14/05/2018 - 00:30 Atualizado em 14/05/2018 - 00:48

Até hoje, são 134 dias em 2018. E o Criciúma está no seu quarto treinador. Ou seja, em média cada técnico teve 33,5 dias para trabalhar. Um mês e um bocadinho. E nesses 134 dias já foram 25 jogos. Ou seja, uma partida a cada cinco dias. Como fazer um time dar certo assim? O Criciúma escreve um forte currículo de drama e com cheiro de rebaixamento no ar. Fez um sofrível Catarinense, do qual só escapou de um trágico rebaixamento graças ao sprint final, desempenhou uma péssima Copa do Brasil, sendo eliminado em casa perante ao Cianorte, time da quarta divisão nacional, e o Brasileiro é abaixo da crítica, o pior da história tricolor.

No ano passado, o Criciúma chegava à sexta rodada com um empate e quatro derrotas, tinha apenas um ponto e já havia trocado de técnico depois da terceira: Deivid por Luiz Carlos Winck. E foi com Winck que, no sexto jogo, o Criciúma ganhou o primeiro, sobre o CRB em casa. Um magro e salvador 1 a 0 depois das derrotas para Santa Cruz, Oeste, América (MG) e Juventude e do empate com o Luverdense. Esse ano já é pior, com os revezes diante de Atlético (GO), Ponte Preta, Coritiba, CSA e Guarani.

Lisca chegou em dezembro / Foto: Decio Batista / Arquivo / 4oito

Se trocar de técnico resolve, não é o que vem acontecendo, ao menos por enquanto, neste Criciúma tão instável. Contratado no dia 11 de dezembro do ano passado como a convicção do Tigre para um bom início de ano, Lisca teve autonomia, indicou jogadores - a vinda de Siloé, por exemplo, foi obra dele... - e foi para o Estadual. Durou quatro jogos. "Nunca vi técnico abandonar o time na reza", chegou a queixar-se tempos depois o presidente Jaime Dal Farra. Perdeu para o Figueirense, ganhou do Concórdia, empatou com a Chapecoense mas os 3 a 0 para o Tubarão e um banho de bola fora de casa derrubaram o treinador. Lisca saiu com quatro jogos, 33% de aproveitamento e apenas 49 dias de trabalho, 29 em 2018.

Em 30 de janeiro, no dia seguinte à queda de Lisca, assumiu Grizzo. O interino foi ficando até 22 de fevereiro. Teve tempo de comandar o time por sete jogos. Ganhou apenas um, num sufoco contra o Joinville em casa. Empatou quatro, contra São Caetano, Inter de Lages, Hercílio Luz e na queda na Copa do Brasil frente ao Cianorte, sua última partida. E perdeu duas, para Brusque e Avaí. Terminou a interinidade com 33% de aproveitamento, o mesmo de Lisca. Durou 24 dias no comando técnico.

Grizzo, o auxiliar do clube e interino / Foto: Fernando Ribeiro / Arquivo / Criciúma EC

Veio Argel, anunciado em 22 de fevereiro. Estreou perdendo para o Figueirense, no primeiro dos seus 14 jogos. Ganhou do Concórdia, perdeu para a Chapecoense, ganhou Zé Carlos de reforço, empatou com Brusque e Tubarão e continuou deixando a torcida preocupada. Afinal, já corria o segundo turno e o Criciúma só havia vencido o Concórdia, duas vezes, e o JEC, uma. Mais nada. O risco de cair no Estadual era iminente. E mesmo já com Sueliton e Marlon nas laterais a essa altura, Argel continuava pedindo reforços. 

Chegou Fábio Ferreira, e com ele o Criciúma ganhou as quatro últimas, livrou-se do descenso e deixou no ar uma leve impressão de que tudo seria melhor no Brasileiro. O Tigre terminou o Catarinense ganhando de Avaí fora, Inter de Lages em casa, Joinville fora e Hercílio Luz em casa. Mais um pouco e teria até alcançado a decisão. Não merecia, claro, tanto que fechou em quarto, mas cheirou a rebaixamento quase que no campeonato todo.

Argel, o terceiro do ano até agora / Foto: Denis Luciano / Arquivo / 4oito

No Brasileiro, ganhou mais dois reforços, Liel e Nicolas. Veio Leandro Melo ainda, do Hercílio Luz. Os outros dois do Tubarão e Caxias. Era o Criciúma modesto. E as cinco derrotas seguidas confirmaram essa modéstia. Houve as falhas de Andrew e Luiz na derrota em Goiânia (Atlético 3 a 2), os erros de rebote, de marcadores e de Luiz em Curitiba (Coritiba 2 a 1), e a tragédia diante do CSA, com gol contra de Nino (CSA 3 a 1), culminando com derrota em Campinas (Guarani 1 a 0) na qual Argel, já dando sinais de desgaste absoluto com o elenco, admitia a limitação e dizia que "o esquema não tinha culpa por a bola passar debaixo do pé e bater na canela".

Não tinha mais clima, e o retorno de Campinas na quarta, com ele descendo primeiro do avião e desgarrado de todos os demais, mostrava que o isolamento terminaria em saída. Foi questão de poucas horas para o martelo ser batido e Argel encerrar com 40,4% o seu aproveitamento no Criciúma. De 23 de fevereiro a 9 de maio, Argel foi técnico do Criciúma por exatos 76 dias.

Agora é com Mazola / Foto: Fernando Ribeiro / Criciúma EC

Dos 25 jogos que o Criciúma fez até aqui em 2018, ganhou apenas 7, 5 com Argel, 1 com Grizzo e 1 com Lisca. Agora é tudo com Mazola Júnior, que vai estrear no Criciúma em seu quarto dia de trabalho no clube. Fazer o que em tão pouco tempo? Saberemos amanhã, 21h30min. Ah, fui desafiado a calcular o aproveitamento do Tigre com o presidente Jaime Dal Farra. Isso é assunto para breve. Enquanto isso, abaixo um resumo disso tudo com os técnicos e seus tempos de trabalho e números de 2018 no tricolor.

 

Técnico Jogos Vitórias Empates Derrotas Aproveitamento Dias
Lisca 4 1 1 2 33,3% 29
Grizzo 7 1 4 2 33,3% 24
Argel 14 5 2 7 40,4% 76

 

 

Montagem : Denis Luciano / 4oito

 

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