Os delegados regionais de Polícia Civil foram apanhados de surpresa com a notícia desta quinta-feira, 7, de que o governador Carlos Moisés está criando delegacias e coordenadorias regionais especializadas em combate à corrupção. Naturalmente que a ideia é boa, porém os moldes postos preocupam autoridades Santa Catarina afora.
Ocorre que o governador anunciou que as novas estruturas não criarão despesas, as unidades - cinco regionais - terão delegados de carreira como titulares, ou seja, os que já estão na ativa e ocupam outras delegacias acumularão esta nova também. Na sua justificativa, Carlos Moisés apelou à competência dos policiais e delegados. "O que o Governo está fazendo é dar as condições necessárias para que eles exerçam essa função", lascou o governador, no comunicado distribuído à imprensa nesta tarde.
Mas não é bem assim. Sobrecarregados, com poucos policiais e muito a investigar, os delegados terão trabalho a mais, e sem as condições materiais para isso. Na contramão do que disse o governador. A criação de tais delegacias segue uma normativa federal, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas ainda vem carregada de dúvidas, já que foi feita de cima para baixo, sem esse necessário diálogo com quem opera a Polícia Civil nas regiões que desconhece o projeto em detalhes.
Delegados garantem que sem contratações de agentes, sem ampliação de estrutura será impossível tocar as novas delegacias. E que a turma que a academia de Polícia Civil está formando nos próximos meses se destina a suprir as demandas represadas em todas as regiões.
E tem mais: esse projeto certamente atropela uma iniciativa que ao menos a Regional de Criciúma tinha, de criar outras especializadas, como a de crimes ambientais. Fica, certamente, impossível acenar para outras áreas que atenderiam demandas regionais.
E há mais um abacaxi a ser descascado nesse caminho. Serão cinco regionais. A do sul concentrará Criciúma, Araranguá, Tubarão e Laguna. Onde ela ficará? Até o momento, ninguém sabe.