A torcida do Criciúma já fez protestos mais barulhentos em outros momentos de crise. "Estamos acuados. Qualquer coisa que a gente faça já vão nos punir", contou um integrante de uma das torcidas ao blog. A rigidez das regras impostas pela Polícia Militar vem inibindo protestos mais agudos, tanto que as faixas, usadas pela última vez naquele confronto com o Joinville no Catarinense, desapareceram. Logo, as manifestações ontem, durante e depois os 3 a 1 para o CSA, não passaram das vaias, das cobranças naturais de campo e da reunião de nem meia dúzia no pátio após a partida.
"O torcedor paga ingresso e tem direito", comentou o técnico Argel Fucks. "E tem razão em muita coisa que cobra". Ao fazer esse mea culpa e reconhecer que o time vem rendendo muito pouco - "foi a pior atuação nessa minha volta" -, o treinador busca não se distanciar da torcida, mesmo que assuma algumas fissuras internas no elenco. É o preço. Sobre as cobranças, pisou na bola Zé Carlos, que bateu boca e gesticulou com tricolores que se aglomeraram, uns 20, atrás do gol de Luiz e focaram no atacante que, logo após a expulsão aos 41 do segundo tempo, ficou um minuto ali pela escadaria de acesso ao vestiário.
O protesto mais marcante foi flagrado ao amanhecer do pós quarta derrota em quatro jogos na Série B. O muro do Heriberto Hülse está pichado na rua Treze de Maio, ao lado das grades frontais ao estádio. "Fora Dal Farra. Vaza FDP" são os dizeres nada amistosos e dirigidos ao presidente Jaime Dal Farra. É de se esperar que muito em breve uma tinta branca nova venha a cobrir a frase pintada por algum, ou alguns torcedores, na madrugada. Dal Farra está na dele. No último contato conosco, na sexta passada após a partida em Curitiba, estava visivelmente nervoso, tanto que chegou a responder uma pergunta nossa na Som Maior sobre contratações lascando um "eu já falei mais de dez vezes...".
Hoje, Dal Farra e seus diretores reúnem-se à tarde. Devem contar com Nei Pandolfo e Argel Fucks na cobrança. O recado será enviado aos jogadores. Com tudo do bom e do melhor na estrutura, com salários em dia e todas as obrigações cumpridas pelo clube, a expectativa é pela contrapartida dentro de campo. Será o teor da conversa do dia, enquanto os jogadores folgam. A reapresentação será amanhã.
Sobre o público... lembram que na semana passada tratamos aqui e em A Tribuna sobre "os 3 mil de sempre"? Pois é, foram 2,5 mil e mais um pouco ontem, conforme bem registrou a Amanda Farias no seu blog aqui no 4oito. A nada mole vida do Criciúma no Brasileiro só vai mudar com pontos e vitórias. Próximas terças serão decisivas, a que vem em Campinas diante do Guarani e a outra em casa, frente ao Juventude. É o prazo fatal para Argel dar jeito.