O vereador Obadias Benones é pré-candidato do Avante a deputado estadual. Benones reuniu lideranças do seu partido na noite desta terça-feira (8) para tratar de estratégias para a campanha, buscando uma cadeira na Alesc.
É preciso analisar a situação do Avante. Naturalmente, por ser pequeno, o partido terá imensas dificuldades de fazer alguma cadeira na eleição de outubro em faixa própria. Mas é bem provável que a sigla vá compor alguma federação, dependendo das articulações nacionais com outros partidos.
E há um outro aspecto que pode mudar radicalmente a vida do minúsculo Avante que, em Santa Catarina, elegeu Obadias Benones e mais quatro vereadores na última eleição: o possível ingresso do governador Carlos Moisés, que já esteve mais próximo, mas ainda não é carta fora do baralho. Moisés pode tanto arriscar buscar a reeleição com o número 70, tanto ir para um MDB ou outro partido maior e abrigar os seus aliados no Avante para concorrer a estadual e federal.
Em nível nacional, o Avante trata de uma possível federação com outros dois pequenos, o PSC e o Patriota. Já houve sondagem de uma federação também em outro campo, com o PDT. Os dois estiveram juntos na eleição presidencial de 2018, quando o Avante apoiou a candidatura de Ciro Gomes à presidência. Desta vez, ao menos por enquanto, o Avante tem candidato próprio: o deputado federal André Janones, de Minas Gerais, foi lançado recentemente. Ele, que é uma figura bastante conhecida nas redes sociais, surpreendeu em pesquisas, antes mesmo de ser lançado, aparecendo com 2% de intenções de voto.
Por aqui, o Avante, que é o antigo PTdoB, elegeu Obadias Benones vereador por diversos fatores. O partido abrigou evangélicos ligados ao projeto de reeleição do prefeito Clésio Salvaro (PSDB). O vereador é bastante ligado à deputada federal Geovania de Sá (PSDB). Os dois congregam na mesma igreja, a Assembleia de Deus, na qual Benones é pastor. Ele é formado em Jornalismo e elegeu-se vereador em 2020 com 999 votos. Seu primeiro suplente é Neri Xavier, que fez 9 votos a menos: 990.
Benones fez campanha fortemente embasada em sua igreja, no trabalho pastoral e com a juventude. Tem, na Câmara, exercido um mandato bastante focado nas questões de comportamento. Posicionou-se com vigor contra a ideologia de gênero e esteve ao lado do prefeito Salvaro na recente (e polêmica) decisão de afastar um professor da rede municipal de ensino por veicular, em sala de aula, conteúdo considerado inapropriado por setores conservadores. Em seu primeiro ano de mandato, em 2021, compôs a mesa diretora da Câmara, como primeiro-secretário.
Não é o único vereador candidato
Há mais um vereador evangélico que concorrerá a deputado em outubro. Em segundo mandato, o Pastor Jair Alexandre, que elegeu-se em 2016 pelo PSC e garantiu reeleição pelo PL em 2020 encaminhou espaço na nominata. Pretende ser candidato a deputado federal e deixa claro que representará a igreja na qual ministra, a do Evangelho Quadrangular, que serviu de importante apoio para suas duas campanhas vitoriosas à Câmara, a última com 1.481 votos.
Tanto a candidatura do Pastor Jair representa um nicho que o fato dele estar na nominata do PL não mexe com a advogada e jornalista Júlia Zanatta, há muito pré-candidata pelo PL à Câmara Federal. Júlia tem, sim, estado às turras (e manifestou isso nas redes sociais) com a possível filiação do deputado Daniel Freitas, com a intenção de buscar reeleição pelo partido. Mas é possível, hoje, um cenário com três candidatos do PL de Criciúma a deputado federal.
Outro vereador que também será candidato em outubro é Júlio Kaminski. Advogado, em segundo mandato, é presidente do PSL, pelo qual reelegeu-se em outubro de 2020 com 1.041 votos, 40 à frente do advogado Jefferson Monteiro, primeiro suplente do partido, desafeto público de Kaminski e pré-candidato a deputado federal. Sobre Kaminski, ele demonstra entrosamento com o prefeito Gean Loureiro, que será ao lado do deputado federal Fábio Schiochet o principal líder do novíssimo União Brasil em Santa Catarina. O registro do União foi aprovado nesta terça-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mas há um possível congestionamento de cenário à vista para Kaminski: com o deputado Jessé Lopes, eleito pelo PSL, migrando para o PL (como está encaminhado), é possível que o ex-prefeito Márcio Búrigo aceite o convite para deixar o PL rumo ao União Brasil. Kaminski continuaria candidato com Márcio no partido? Ou aceitaria o convite para tomar o rumo do PP e ter, no ex-partido de Márcio, legenda para buscar cadeira na Alesc? A aguardar.
O PP, com poucas alternativas, já lembrou no vereador Miri Dagostim, hoje licenciado e ocupando a Secretaria de Educação, como um possível candidato a deputado estadual. Mas o nome dele está em stand by.
A vereadora Giovana Mondardo, do PCdoB, segunda mais votada em Criciúma em 2020 com 2.430 votos, era pré-candidata a estadual. Vai para deputada federal. Confia em boas chances em um cenário de possível federação com PT e quem sabe o PSB. Vem trabalhando com força um campo que domina bem, as redes sociais, e vem sendo projetada em nível estadual por seu partido. Se não for o único nome dos comunistas catarinenses à Câmara, haverá poucos além do dela.
Nenhum dos seis vereadores da maior bancada da Câmara de Criciúma, o PSDB, concorrerá a deputado. Ficarão todos no Legislativo mesmo. Arleu da Silveira até foi cogitado, mas retirou seu nome ao perceber que o espaço está ocupado. Restam nas cotações tucanas o secretário Acélio Casagrande, o ex-deputado Dóia Guglielmi e o vereador Aroldo Frigo Júnior, de Nova Veneza, para a Alesc. Para a Câmara, obviamente, Geovania de Sá.
O MDB só tem um vereador, Paulo Ferrarezi, e ele ficará onde está, na Câmara. Aníbal Dário, que foi o candidato a prefeito em 2020, quer concorrer a deputado estadual. Há o nome posto de Eduardo Moreira, e uma citação feita há algum tempo do nome da ex-vereadora e atual suplente de deputada Tati Teixeira. Os hoje estaduais Luiz Fernando Vampiro e Ada de Luca seguem reforçando que disputarão cadeira em Brasília.
Outro com uma cadeira só na Câmara, o DEM até tentou encorajar o vereador Manoel Rozeng, que não quer. A fusão com o PSL formando o União Brasil salvou o parlamentar dessa pressão. O PDT tem o vereador Zairo Casagrande plenamente engajado na campanha de reeleição do deputado Rodrigo Minotto, que tem base na região e primará pelo espaço. Para federal, os pedetistas da Amrec têm o nome de Karoline Calegari, que já dirigiu o Procon em Içara.
O PSD tem dois vereadores, Salésio Lima e Juarez de Jesus, mas os candidatos a deputado estadual não estão aí. O vice-prefeito Ricardo Fabris está se movimentando, e há o nome natural, também com forte base na região, do ex-presidente da Alesc, deputado Júlio Garcia. Para federal, é tudo com Ricardo Guidi.
Outros nomes
A conferir, ainda, o que apresentarão outros partidos para deputados estaduais e federais. O Republicanos poderá colocar o ex-vereador Aldinei Potelecki em sua nominata. O PT tem os nomes de Júlio Bittencourt e Chico Balthazar, que formaram a chapa petista à prefeitura em 2020. O PTB vinha sendo reestruturado pelo deputado Kennedy Nunes, que tem contatos fortes na região, mas perdeu fôlego.
O coronel Manique Barreto, que concorreu a prefeito em 2020, poderá figurar em candidatura a estadual pelo Podemos. A ex-vereadora Camila Nascimento também está no Podemos, e quer buscar cadeira na Alesc. O PSB tem os nomes de Fábio Brezola (que já concorreu a prefeito e vice por PT e PDT) para estadual (ele foi candidato a federal em 2018, já pelo PSB) e Beatriz Vargas (foi candidata a vice-prefeita de Içara em 2020, pretende concorrer a deputada federal).