A possível transferência das eleições municipais de outubro para novembro ou dezembro - o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já admitiu essa hipótese - ajuda a animar um pouco mais o MDB em Criciúma. O partido que passou de protagonista a coadjuvante nas disputas mais recentes em Criciúma "está apostando na renovação". A garantia é do ex-vice-prefeito e ex-secretário municipal de Saúde, Gelson Fernandes, um dos coordenadores da campanha ao Paço.
O MDB já deliberou e avalizou a candidatura do médico Aníbal Dário à prefeitura. Será a estreia dele nas urnas. Clínico geral e professor universitário, Aníbal tem raízes nos colonizadores de Criciúma. Seu bisavô esteve entre os fundadores da cidade, lembrou em recente crônica na Rádio Som Maior o articulista Archimedes Naspolini Filho.
Aníbal, fato novo
"O Aníbal será o grande fato novo da eleição. Um homem novo na política, com um discurso novo, uma prática diferente. Um candidato leve", defendeu Gelson, que já teve experiência no Paço. Foi com ele como vice que o MDB, então PMDB, venceu uma eleição pela última vez em Criciúma. Um "venceu" questionável por muitos, já que foi na disputa de 2004, vencida no voto por Décio Góes (PT) que acabou cassado, o que fez da chapa Anderlei Antonelli e Gelson Fernandes, a segunda colocada, a vitoriosa no fim das contas. A dupla fez, na ocasião, 30.364 votos, o equivalente a 45,8% excluindo os sufrágios em Décio.
Mas a construção da candidatura de Aníbal Dário é um desafio para o MDB. "É, a gente precisa de um pouco mais de tempo para apresenta-lo, mas ele é bastante conhecido nos bairros, pelo trabalho como médico, falta agora que as pessoas conheçam o Aníbal na política", apontou Gelson. Com todos os impedimentos da pandemia de Covid-19, o MDB conta que o tempo a mais que haverá com a transferência do pleito permitirá ao partido aprofundar o processo de conhecimento de Aníbal Dário no processo. "Estamos trabalhando em reuniões por grupos, com pequenos grupos de pré-candidatos a vereador e lideranças. E o Aníbal vai se desincompatibilizar das suas atividades médicas para dar atenção total à campanha", reforçou o ex-vice-prefeito, que demonstra otimismo.
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Otimismo do MDB embora o reconhecido poderio de votos de Clésio Salvaro (PSDB), do qual os emedebistas já foram concorrentes desde 2004. A última vitória do MDB, antes do episódio com Antonelli e o petista Décio em 2004, se deu em 1996, com o ex-secretário Paulo Meller coligado a Maria Dal Farra Naspolini (PSDB) ganhando a disputa com 47,2% dos votos contra Altair Guidi (PPB), Décio Góes (PT), Moacir Fernandes (PFL) e Robak Barros (PCdoB).
O cenário atual, ainda um pouco congestionado, aponta, por enquanto, para o MDB com chapa pura. "Sim, temos alguns nomes que despontam para uma chapa pura", reconheceu Gelson. Uma dessas alternativas é a ex-vereadora Tati Teixeira, que já tentou concorrer a vice na disputa passada, em 2016, naufragando na chapa desistente na ocasião liderada pelo ex-deputado estadual Cleiton Salvaro (PSB). Tati estava no PSD na época.
Nos bastidores, comenta-se sobre outras duas possibilidades de composição de chapa: possível aproximação com o PDT ou então com o PSL. Os pedetistas estão mantendo o deputado estadual Rodrigo Minotto como pré-candidato a prefeito, e o partido do governador Carlos Moisés faz o mesmo com o vereador Júlio Kaminski. Mas há quem aposte que os três partidos poderão figurar no mesmo palanque. A conferir.
E lembrar que despontam, ainda, as pré-candidaturas de Júlia Zanatta (PL), Francisco Balthazar (PT), Ederson da Silva (PSTU), Douglas Mattos (PCdoB) e André Cardoso (PRTB), além do prefeito Salvaro em busca da reeleição.
A história
Abaixo, um histórico do MDB em eleições para prefeito em Criciúma:
O MDB em Criciúma
2016 - Acélio Casagrande (PMDB) foi vice de Márcio Búrigo (PP). Perderam para Clésio Salvaro (PSDB) e terminaram em segundo lugar com 13.018 votos, 11,91%.
2013 - Em eleição suplementar, Ronaldo Benedet (PMDB) concorreu a prefeito, com Douglas Mattos (PCdoB) de vice. Segundo lugar com 12.629 votos, 11,89%. Perderam para Márcio Búrigo (PP).
2012 - Romanna Remor (PMDB) com José Paulo Serafim (PT) de vice somou 21.415 votos. Clésio Salvaro somou mais, mas foi cassado e uma nova eleição precisou ser realizada.
2008 - Acélio Casagrande (PMDB) com Celso Menezes (PFL) de vice, terceiro lugar com 22.528 votos, 20,5%, atrás de Clésio Salvaro (PSDB) e Décio Góes (PT).
2004 - Anderlei Antonelli (PMDB) e Gelson Fernandes (PMDB) terminaram em segundo lugar com 30.364 votos, mas com a cassação de Décio Góes (PT), conseguiram vencer.
2000 - Eduardo Moreira (PMDB) e Maria Dal Farra Naspolini (PMDB) fizeram 38.465 votos, 40,39%, e terminaram em segundo lugar, atrás de Décio Góes (PT).
1996 - Paulo Meller (PMDB) venceu a eleição, com Maria Dal Farra Naspolini (PSDB) de vice. Somaram 40.604 votos, 47,2%, e superaram Altair Guidi (PPB), Décio Góes (PT), Moacir Fernandes (PFL) e Robak Barros (PCdoB).
1992 - Eduardo Moreira (PMDB) ganhou, com Anderlei Antonelli (PSDB) de vice. Somaram 32.721 votos, 42%, e superaram Moacir Fernandes (PFL), Milton Mendes (PT), Ênio Coan (PL) e Vilmar Bonetti (PDT).
1988 - O PMDB com Eduardo Moreira prefeito e Ronaldo Benedet vice perdeu para Altair Guidi (PDS). O PMDB fez 26.362 votos, 33,9%.
1982 - José Augusto Hülse (PMDB) venceu, com 18.533 votos, 32,4%. Roseval Alves (PMDB) era o vice. Foi a eleição das sublegendas. Hülse era PMDB 2. PMDB 1 era Lírio Rosso, e o PDS perdeu com os candidatos Nereu Guidi e Algemiro Manique Barreto.