Na mesma terça-feira em que dezenas e dezenas encararam filas lentas na agência da Celesc em Criciúma, veio de cima a má notícia: a conta de energia vai ficar mais cara em Santa Catarina. O reajuste, na verdade, é nacional, em tem estados em que a coisa vai ser pior ainda. No Amazonas, o salto será de 47%. Em Santa Catarina, pouco mais de 8% para os consumidores.
Mas vamos começar pela fila. Recebi ontem, no fim da tarde, o relato de uma consumidora que foi até o escritório da Celesc em Criciúma às 11h30min. Saiu de lá às 13h20min. Estamos falando de 1h50min para receber um atendimento simples. A fila demorada é piorada por conta de haver apenas dois atendentes ao dispor, "mas a maioria do tempo é uma pessoa só que atende", reclamou a cidadã, que ficou esse tempo todo lá anotando as impressões. Ou seja, é um depoimento fidedigno. Durante a maior parte do tempo em que ela esteve lá, havia de 15 a 20 pessoas na fila, na rua, alguns até sentando na calçada, na Avenida Centenário, fruto da demora.
"Daí eles recomendam o atendimento online, mas esse é mais demorado ainda. É muito ruim", relatou ela.
É essa Celesc, que não consegue dar conta de um atendimento ágil à população, que está, seguindo as regras federais, ditando um acréscimo nas contas de energia dos catarinenses. Presente de péssimo gosto para os brasileiros a partir do próximo sábado. Não é momento de subir conta alguma. Ainda mais de estatais cujos funcionários estão, boa parte, em casa, já que para eles (diga-se o caso constrangedor do INSS, por exemplo) valem as regras rigorosas do isolamento, como que fossem uma classe especial da sociedade, acima das demais.
Todos voltamos ao trabalho - ou muitos de nós nem paramos - com a devida proteção, mas tem servidores de estatais, de agências públicas, que vivem nesse mundo paralelo e surreal. O INSS é um exemplo constrangedor e que beira o ridículo, mas Celesc, CASAN e outras também foram nesse embalo, e estão voltando a passos de tartaruga para atender o povão.
Retornemos à conta. Ao justificar o aumento, a Agência Nacional de Energia Elétrica apontou que “ao calcular o reajuste, conforme estabelecido no contrato de concessão, a Aneel considera a variação de custos associados à prestação do serviço, e leva em conta a aquisição e a transmissão de energia elétrica, bem como os encargos setoriais". Ou seja, a população que empobrece na pandemia precisa pagar mais caro pela energia elétrica. Absurdo.
Mas era para ser pior. O reajuste em Santa Catarina ficaria em 15,52%, mas foi enxugado com o empréstimo da Conta-Covid, que permitiu amortizar esse peso.
Para os consumidores residenciais, residenciais baixa renda, rurais, iluminação pública e comércio, atendidos em baixa tensão (Grupo B), que representam 79% do mercado consumidor na área de concessão da Empresa, o efeito médio será de 8,42%. Há outro grupo de consumidores enquadrados nos 8,14%. Para indústrias e unidades comerciais de grande porte (como shopping centers), atendidos em alta tensão (Grupo A), o efeito médio será de 7,67%.
Aumento descabido e fora de hora. Fato.