O clima esquentou nesta terça-feira, 15, no plenário da Câmara. Fora dos microfones, mas com tons suficientes para compreender que Arleu da Silveira (PSDB) e Pastor Jair Alexandre (PL) definitivamente estão em campos opostos na pauta da hora do Legislativo criciumense: a construção de uma nova sede.
É fato que a vereadora Roseli de Lucca Pizzolo (PSDB), sucessora de Arleu na presidência, quer fazer a nova sede. Ela já falou publicamente. Antecipou outro dia no Conexão Sul na Som Maior, inclusive, o local: no terreno da antiga pista de skate, no Parque Centenário, ao lado do Ginásio Municipal Valmir Orsi. Roseli está fazendo cálculos, encomendou projeto à Secretaria de Infraestrutura do Município e nesta terça visitou a Câmara de Araranguá. Foi em busca de modelo e informações para o seu objetivo, iniciar a obra ainda neste ano.
Começou na segunda-feira: Arleu
Arleu é contra. "Não, não é que eu sou contra. Eu penso que não é o momento para se investir de R$ 8 a R$ 10 milhões em uma sede nova", argumentou, ainda na sessão desta segunda (14), quando o embate com o Pastor Jair dava os primeiros sinais. "Nós aqui temos gabinetes com estrutura suficiente. O meu gabinete é muito bom. Todas as reformas solicitadas foram feitas", comentou, com a autoridade de quem presidiu a Câmara em 2020.
O tucano chegou a rememorar 1999, quando estava se encaminhando um projeto de construção de uma sede que "não saiu por questão política". "Na época eu era a favor, não estávamos no enrosco que estamos hoje", justificou, sublinhando a pandemia e outras prioridades. Daí, lançou uma provocação a seus colegas, referindo nominalmente alguns inclusive.
"E aí, vereador Paulo (Ferrarezi), esses R$ 10 milhões (...), aquele discurso da senhorinha cadeirante que precisa de um exame. Vereador Miguel (Pierini), aquela parte do Hospital Santo Agostinho (...). O CEI da Afasc inaugurado na Mina do Mato quinta-feira, quantas novas creches poderiam ser feitas (...)", destacou. E mais adiante citou o Pastor Jair ao mencionar uma audiência pública que ele coordenou em 2021 no Salão Ouro Negro, na prefeitura, que Arleu elencou como um dos vários espaços que a Câmara pode usufruir em caso de necessidade. "O único bairro, Márcio (Darós) é o seu e o da Geovana Zanette onde tudo está 100%, os demais bairros estão precisando de algo", ironizou. "Daqui para a frente, vou me silenciar", afirmou.
Continuou na segunda: Pastor Jair
Minutos depois, o vereador Jair foi à tribuna e fez sua defesa da nova sede. "Em 2017 o Salvaro assumiu sem casa e a primeira preocupação dele foi justamente restaurar o prédio atual", apontou.
Jair mencionou "a dificuldade que temos com estacionamento, conforme você chega aqui não tem nem lugar para estacionar o seu carro". E citou as limitações de espaço na sede atual. "Hoje a galeria cabe 30 pessoas, como que a gente vai chamar a comunidade aqui", indagou.
A essa altura, o vereador Arleu pediu um aparte, que não foi concedido. "Querido, eu só tenho 35 segundos, eu tenho que concluir", respondeu Jair, dando já um sinal de desconforto. Daí o vereador do PL arrematou mencionando os valores consumidos com aluguéis de salas que "se fosse colocar o dinheiro gasto já teria construído umas dez casas (sedes para a Câmara)".
No fim da fala de Jair na sessão de segunda-feira, nota-se pela imagem da TV Câmara que o vereador pastor é questionado fora do microfone por Arleu, por não ter concedido o aparte. Mas ficou nisso.
O clima esquentou na terça: Arleu
Na sessão desta terça, Arleu não demorou a subir à tribuna. E já soltou um petardo contra Jair. "Já que o senhor não me deu 10 segundos ontem, agora vai me ouvir por 2 minutos". E ouviu. Arleu disse que ouvindo Jair na véspera "ficou mais convicto ainda que não deve sair a nova sede".
"Ele falou do estacionamento, que aqui é complicado. A não ser que seja diferente dos outros, pastor, faça como eu faço, deixa no rotativo, como todo cidadão faz. Nós estamos a 15 minutos do Terminal, para quem quer vir na Cãmara. Falou do plenário, só tem gente aqui quando tem sessão polêmica, senão vem 5 ou 6 fãs aqui nos escutar", afirmou Arleu.
Daí veio a conclusão do vereador do PSDB. Ele não apenas sugeriu, mas deixou clara a sua interpretação, de que Pastor Jair quer inaugurar a nova Câmara em 2024 quando será o presidente por acordo já estabelecido. "Mas eu entendo perfeitamente a sua sede de ter uma nova sede. É que você fez um cálculo, inteligente, 2024 tem o compromisso para o senhor ser o presidente. Conheço a esperteza. Toda a burocracia, licitação, audiência, pública, vossa excelência vai inaugurar a sede", afirmou.
E filosofou: "mas a vaidade do homem excede a altitude do arco-íris". E arrematou com uma saudação característica do próprio Pastor Jair: "shalom".
A réplica do Pastor Jair
Na réplica desta terça, Pastor Jair fez uma fala sobre outros temas e, nos segundos finais, sacou os versículos 1 e 2 de Eclesiastes, capítulo 1, para dar o seu recado a Arleu da Silveira:
Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém. Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
"Só respondendo o vereador anterior", completou.
A tréplica de Arleu, fora do microfone
Nos segundos posteriores, a sessão continuou. O vice-presidente da Casa, vereador Júlio Kaminski (PSL) cedeu a palavra à presidente Roseli e, nesse meio tempo, Pastor Jair desceu da tribuna e, quando acomodou-se, Arleu levantou a voz:
"Seja homem, fala direto no plenário, fica fazendo joguinho por trás", disparou.
"Eu sou homem", respondeu Jair.
"Não parece", rebateu Arleu.
E Arleu falou algo mais enquanto a vereadora Roseli já fazia uso da palavra, algo mais que só os vereadores e servidores que estavam pelo plenário ouviram.
No podcast, as falas de Arleu e Jair e o entrevero fora dos microfones desta terça-feira:
Se ficou por aí? É certo que não. A aguardar os próximos capítulos.