Quando veio a pandemia de Covid-19 com maior vigor, em março, foram inúmeros os serviços suspensos. Serviços públicos, então, incontáveis. Adotaram esquemas remotos e fecharam as portas. E o cidadão, que precisou tocar a vida normalmente, ficou a ver navios.
A mais constrangedora situação, embora existem vários outros exemplos, é a do INSS. São cinco meses de agências fechadas, fazendo com que trabalhadores não consigam encaminhar benefícios, que aposentadorias estejam penduradas na burocracia estatal que, em nível presencial já é lerda, pensem no meio remoto, envolvendo recursos que muitos dos beneficiários não dominam.
Já houve a previsão de algumas datas para reabertura das agências. No começo de julho, a definição era por retorno no começo de agosto, o que não aconteceu. No fim de julho, o Diário Oficial da União publicou portaria informando que as agências continuariam fechadas até 21 de agosto, com previsão de retorno no dia 24. Ou seja, se essa portaria for respeitada, na próxima segunda-feira o INSS volta ao trabalho presencial.
Porém, vem novidade e não muito boa por aí. Em uma live na última segunda-feira, 17, o presidente do INSS, Leandro Rolim, disse a representantes da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, Fenasps) que a reabertura seria novamente prorrogada, ou para 31 de agosto ou para 8 de setembro. "O presidente do INSS anunciou que iria adiar novamente a reabertura das agências, mas que ainda não tinha data definida", disse Cristiano Machado, diretor da Fenasps, ao Agora São Paulo. O INSS confirmou a reunião mas negou o adiamento. Porém, no encontro virtual, o presidente disse ainda que uma nova portaria seria lançada nos próximos dias.
O tamanho do problema
O INSS ofereceu serviços virtuais para o cidadão, pela internet e pelo telefone. Mas funcionam muito pouco. São lentos. Burocráticos. Atende devagar para questões que, via de regra, exigem urgência. Tratam da sobrevivência das pessoas. E gente pobre, humilde, que precisa de uma aposentadoria, de uma pensão, que têm direito a isso.
Segurados que precisam renovar benefícios, gente que precisa de perícia.
Ficaram atirados à própria sorte, por conta de serviços virtuais de pouca resolutividade, pois os servidores públicos precisam ficar em casa. Mas oras, tantos serviços já sendo retomados, tantos trabalhadores nas ruas, qual a dificuldade de os servidores do INSS voltarem ao trabalho?
Esse excesso de zelo com servidores públicos os coloca em uma classe à parte de boa parte da grande massa. E isso prejudica o atendimento ao cidadão, que é o grande objetivo do serviço público.
Mas, em síntese, o erro não é do servidor. Ele segue ordens. O erro é de quem dá as ordens. Qual a razão de servidor público ficar mais recolhido na pandemia que o trabalhador privado? Ele é de grupo de risco que não conhecemos? É de vidro? De cristal? De papel?
Não há explicação coerente para isso.
E por conta desse esquema equivocado, o retorno será um caos, com filas quilométricas e atendimento muito ruim. Fora que tem muito trabalhador, beneficiado do INSS, passando necessidades sérias e agravando riscos à saúde por conta dessa operação tartaruga de cinco meses por causa da pandemia.
Erro em cima de erro.
E outros segmentos do serviço público, com maior ou menor gravidade, cometeram o mesmo equívoco.
Repito: o erro não é, em última análise, do servidor. Ele segue ordens. O erro é do ordenador, do chefe, do comandante, que não soube gerir a crise. Falei disso hoje em meu comentário no Agora, na Som Maior. Confira: