Fiquei preocupado, e registrei isso no Futebol Som Maior com o Timaço antes do jogo do Criciúma em Erechim, com a entrevista do técnico Roberto Cavalo. A que antecedeu a partida diante do Ypiranga. Me preocupou a irritação do treinador com três perguntas endereçadas a ele.
Uma delas, sobre o entra e sai do Criciúma no G-4 da Série C. Outra, com resultados que podem eventualmente - e acabou acontecendo - complicar a situação do Tigre. E uma terceira a respeito da programação do Criciúma para jogar em Erechim.
Ok, é discutível o tal entra e sai. Ou melhor, era discutível, afinal agora o Criciúma está a dois pontos do primeiro time do G-4 e tem o mesmo número de jogos que Brusque e Londrina, e um a menos que Ypiranga e Volta Redonda. Logo, já deixou de ser confortável a situação, na medida em que o jogo fora é contra o Tombense, e o Tigre segue horrível longe de casa. Fato que todos concordam, ou deveriam concordar.
O resultado deste domingo complicou a situação do Criciúma. Ou não passava na cabeça do Cavalo o risco de perder para o bem arrumado time do Ypiranga? Claro que ninguém espera derrota, mas quem vive do futebol é realista o suficiente para, no seu íntimo, saber onde esta pisando. E o Cavalo sabe. Muito bem. É vivido o suficiente.
E a programação, bem, de fato pode parecer uma pegação de pé um tanto sem relevância agora - se é que alguém pegou no pé do Criciúma por viajar sexta para Erechim, penso que não - mas a reunião desses fatores pré-jogo, somados às suas respostas lacônicas e irritadas, e potencializando com o que aconteceu em Erechim e os argumentos pós-partida no Colosso da Lagoa me deixam a certeza que o técnico tricolor está pressionado. E não é pouco.
O que, de certa forma, me estranha, já que ele é praticamente "incaível" nas mãos de Jaime Dal Farra (usei aspas pelo pouco comum do emprego dessa expressão, embora ela exista na Língua Portuguesa). Basta ver que ele comandou um rebaixamento e seguiu no cargo. E caiu de quatro na Copa do Brasil, e continuou. E fez um Catarinense insosso (chego na semifinal, mas convenhamos...), e ficou. Cavalo é o técnico do Criciúma até o fim desta Série C, só uma hecatombe completa não permitirá que isso ocorra, e o que salva o Criciúma dessa tal hecatombe é a presença de Boa Esporte e São Bento na chave, garantias bem encaminhadas de que outro degrau não poderá ser descido tão cedo (batam na madeira!).
Mas os nervos que o Cavalo expôs antes do jogo, dizendo não ter entendido as perguntas, em gesto de desrespeito aos colegas que não estão podendo fazer entrevistas presenciais, mostram um destempero que não é típico do Cavalo, um cara cortês, gentil, bacana, boa praça mesmo. Pode estar atrapalhado no Criciúma, e está, mas é preciso concordar que, mais uma vez, lhe deram um elenco carente para tirar leite de pedra, e nem sempre se tira água, leite ou seja lá o que for de pedra. Nada que defenda ele, que segue sem dizer a que veio nesse retorno para o Criciúma ainda no ano passado.
Só um fator explica isso tudo, e deveria servir de consolo para o Cavalo: ele é "incaível" com Dal Farra. Mesmo depois de dizer que o gramado prejudicou o Criciúma em Erechim. É melhor reconhecer a superioridade do adversário e a sua má fase do que achar uma explicação dessa. Prova que, com as palavras, Cavalo já viveu melhores momentos.
Que ele drible essa má fase, ganhe do Sâo José e faça a sua obrigação: classificar o Criciúma nesse grupo fraco da Série C. Depois, seja o que Deus quiser.